Os dados finais do Censo 2018 da Educação Básica, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), constataram uma realidade cada vez mais presente no Rio Grande do Sul: a diminuição de alunos na rede estadual. De acordo com o órgão federal, o estado tinha, no fim de 2018, 845.732 alunos. São 40.281 estudantes a menos (4,5%) em relação a 2017, ano em que o número registrado foi de 886.013.
Em Venâncio Aires, ao se comparar o número total de alunos em 21 escolas estaduais ativas – aqui não contabilizada a Santa Isabel, que já está em processo de municipalização -, eram 5.348 em 2017 contra 5.350 em 2018. Um saldo minimamente positivo de dois estudantes.
Por outro lado, se a matemática considerar isoladamente cada instituição, a conta é outra e aí vai ao encontro dos números gerais do estado. Nesse caso, 15 escolas mais perderam alunos do que ganharam (veja box). Proporcionalmente, a que mais perdeu foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental Miguel Macedo de Campos. Dos 42 matriculados em 2017, caiu para 33 em 2018 – 21% a menos. Localizada no interior do município, a escola de Linha Herval tem a mesma realidade de outras oito da área rural. Em Vila Deodoro, a Sebastião Jubal Junqueira, por exemplo, também registrou uma queda significativa de um ano para outro. De 239 estudantes em 2017, baixou para 210 em 2018.
O QUE DIZ A 6ª CREOs números foram fornecidos pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). O órgão, que é responsável por 100 escolas em 18 municípios da região, apontava 32.837 alunos em 2017, contra 31.730 em 2018 – 1.107 a menos.
Segundo a assistente administrativa da CRE, Lucijane Ferreira, a diminuição de alunos tem sido algo corriqueiro em toda região. “A média tem sido de mil a menos por ano. O que vem contribuindo para isso é que há poucos alunos nas séries iniciais, já que a educação infantil passou a ser do Município, e a formação das próprias famílias, que têm menos filhos.”
De encontro a isso, está a realidade de Santa Cruz do Sul, o maior município da região em número de alunos, já que de escolas é Venâncio Aires. Conforme Lucijane, eram 9.217 alunos em 2018. “A rede estadual em Santa Cruz aumenta a cada ano. O município tem recebido muitas pessoas de fora, atrás de emprego e que decidem voltar para a escola. Curiosamente não é só pelo EJA, tem muita gente buscando no fundamental também”, aponta.
Evasão escolar ajuda a explicar diminuição no CAJ
Em números totais de alunos, a escola que registrou a maior queda – de 1.046 para 1.010 – foi a Cônego Albino Juchem (CAJ), que já foi a maior de Venâncio Aires. Segundo a diretora do CAJ, Marisa Schwingel Hansel, o que ajuda a explicar esses 36 alunos a menos é a evasão escolar. “Muitos alunos com mais de 18 anos e que não têm mais obrigação de frequentar a sala de aula, simplesmente desistem. E confirmada a desistência, essas matrículas são retiradas do sistema”, esclarece.
Além disso, desde 2017 o Cônego Albino não tem a pré-escola, já que a educação infantil passou a ser responsabilidade do Município. “Praticamente 40 alunos a menos”, pondera Marisa. Por outro lado, a diretora revela que, para 2019, a escola tende a receber mais alunos. Até esta sexta-feira, 25, eram 196 matrículas novas confirmadas só para o 1º ano do ensino médio. Esse número deve aumentar, já que o prazo para matrículas segue até o dia 8 de fevereiro. “Em cima disso ainda somamos cerca de 50 alunos nossos que vêm do ensino fundamental.”
SAIBA MAIS
A Escola Cônego Albino Juchem já foi a maior do município em número de alunos. O posto foi perdido recentemente para o Monte das Tabocas, outra escola do centro, com ensino médio e EJA. Atualmente, é o CAJ e a escola Crescer, do bairro Coronel Brito, que dispõem de ensino médio regular noturno.
O CAJ, durante muitos anos, foi a única escola com ensino médio de Venâncio Aires, fator que já fez com que cerca de 1.700 alunos frequentassem o educandário ainda nos anos 1990. Até hoje, a procura pelo educandário é grande e, conforme a diretora Marisa Schwingel Hansel, alunos de cerca de 20 escolas do município ‘desembocam’ no CAJ, seja no ensino médio ou fundamental.
Atualmente, a escola conta com 70 profissionais, entre funcionários e professores. E é aos educadores que a diretora Marisa credita a queda nos índices de reprovação. “Tínhamos 20% de reprovação em 2017 e baixamos para 10% no ano passado. Isso é trabalho dos professores.”
Monte das Tabocas é o oposto da balança
Enquanto tantas escolas diminuíram o número de estudantes – inclusive a Cônego Albino Juchem -, há um educandário em especial que vai contra a queda. Trata-se do Monte das Tabocas, cujo número de alunos pesou positivamente na balança – aumento 175 entre 2017 e 2018.
Segundo informações da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), nessa quantidade são consideradas as matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Só em 2018 o Monte tinha 421 alunos frequentando o ensino médio do EJA. É o dobro dos matriculados no médio regular, que tinha 215”, explica a assistente administrativa da 6ª CRE, Lucijane Ferreira.
De acordo com os números informados pela Coordenadoria de Educação, a escola passou de 849 alunos em 2017 para 1.024 em 2018. Hoje, é a maior do município.