“Sabe-se que as consequência virão, para o comércio, para a indústria, depois para arrecadação de impostos.” O depoimento do prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus, resume o que o município – maior produtor de tabaco em folha do país – deve enfrentar nos próximos meses depois de quase 40% das lavouras de tabaco foram destruídas com o temporal de granizo.

Foram 8,7 mil hectares atingidos, o que representa um prejuízo financeiro superior a R$ 31 milhões, segundo laudo técnico apresentado pela Emater. Para Artus, a hora é de mobilização com as indústrias e os governos estadual e federal para que se solidarizem e flexibilizem prazos e recursos. “Se nada for feito, no mínimo, R$ 30 milhões oriundos do tabaco deixarão de circular no comércio”

Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateComércio está entre os setores mais afetados
Comércio está entre os setores mais afetados

Segundo Artus, as renegociações são fundamentais para que os agricultores terminem o ano com dinheiro no bolso e essas consequências possam ser minimizadas e se tenha recursos para a economia girar.”

Para a secretária da Fazenda Fabiana Keller, como os prejuízos nas lavouras não afetam, somente, o comércio; mas, sim, os demais setores, a tendência é a comunidade suprir as necessidades primárias, como alimentação, por exemplo, e deixar o pagamento de impostos para o segundo plano. “Vamos sentir a mudança por parte do contribuinte que irá deixar de quitar impostos por necessidade.” Em relação ao valor que irá deixar de girar, principalmente, no comércio ela ressalta que esse fator negativo poderá permanecer até o próximo ano. “As perdas na lavoura foram muito significativas. Isso nos deixa preocupados com a economia local.”

SINDITABACOEm relação aos prejuízos para as indústrias do tabaco em função da queda de granizo nas lavouras, o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, observa que ainda não é o momento para fazer uma avaliação. “Ainda é cedo para fazer uma estimativa, porque precisamos que a safra se desenvolva mais. O granizo atingiu mais áreas e não, somente, a região do Vale do Rio Pardo.”

Segundo Schünke, é preciso ainda aguardar o desenvolvimento do tabaco também de regiões como Santa Catarina e Paraná. Outro fator que ele cita para que contribua para a não avaliação é o tempo. “Também não sabemos como o tempo vai se comportar daqui para a frente. Esperamos que não ocorram outras intempéries.”

 

Câmara Setorial vai encaminhar pedidos de renegociação aos bancos

 

Na terça-feira, o prefeito Airton Artus coordenou a reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, da qual é presidente, na sede da Federação de Agricultura e Pecuária do Paraná (FAEP), ocorrida em Curitiba, PR. Os eventos climáticos entraram na pauta dos representantes do setor.

O presidente da Afubra, Benício Werner participou da reunião e relatou a situação da fumicultura na região Sul do país, castigada com os temporais de granizo das últimas semanas.

Conforme Artus, a Câmara Setorial fará um posicionamento oficial para os órgãos financiadores, solicitando apoio na renegociação das dívidas. Artus está com expectativas positivas com relação aos retornos das demandas. “Alguma coisa vai acontecer. Os Municípios e produtores terão uma atenção, só que a gente esperava que seja em uma escala economicamente importante.”