A família da pequena Giovana Peiter, dois anos e meio, precisa buscar alternativas para que ela não fique sozinha durante o mês de janeiro em casa. A mesma situação se aplica para centenas de crianças de Venâncio Aires que não podem utilizar o serviço oferecido pelas 12 escolas de educação infantil públicas em virtude do recesso escolar, que ocorre desde o final de dezembro, e se estende por todo o mês de janeiro.

Foto: Cássia Colla / Folha do Mate Carmem antecipou as férias para ficar com filha durante o recesso
Carmem antecipou as férias para ficar com filha durante o recesso

O município não possui previsão de mudança dessa realidade. Diante disso, as famílias precisam buscar caminhos para atender os pequenos. Alguns buscam alternativas paliativas com familiares, acionando, principalmente, os avós. Outros buscam auxílio das creches particulares, medida que pesa e impacta no orçamento familiar. Mas muitas famílias se desdobram para conciliar e antecipar as férias e sanar a lacuna deixada pelo recesso escolar.Giovana estuda na Escola de Educação Infantil Arco Iris, no Bairro Aviação, onde as aulas iniciam apenas dia quatro de fevereiro e, enquanto isso, Carmem Gartner e Charles Peiter, os pais da menina, buscam alternativas para que a filha não fique desassistida neste período. Carmem conta que no período posterior ao Natal até o Ano Novo foi necessário acionar a avó para cuidar da pequena, já que ela e seu esposo trabalharam durante o período. Desde o dia quatro até 25 de janeiro, ela está em casa e cuida da filha. Ela conta que ainda não poderia ter direito a férias no seu trabalho, mas conseguiu antecipar alguns dias, até que Charles – seu esposo, possa ter férias e ficar com a filha na última semana de janeiro. Nos primeiros dias de fevereiro, antes das aulas serem retomadas, Giovana, novamente, ficará sob os cuidados da avó. “São quase 40 dias de férias, é muito tempo. Acredito que o funcionamento das creches [escolas de educação infantil] deveriam ser nos mesmos moldes das empresas que nunca param e os funcionários alternam suas férias”, afirma.

“Não tenho queixa das escolas de educação infantil do município, fora esse recesso. Isso quebra a gente.”Carmem GartnerMãe de Giovana

Carmem chegou a fazer um orçamento com uma escola particular para deixar a filha até o final do mês, mas seria preciso desembolsar, pelo menos, R$ 450, para deixar Giovana por, pelo menos, 20 dias. Porém, não foi o valor que fez Carmem não optar por esta medida. A demora de adaptação que a filha enfrentaria foi um dos principais aspectos observados e que realmente pesou na decisão. “Ela iria estar em um ambiente diferente daquele que ela está acostumada, com professoras desconhecidas, então achei mais fácil negociar na empresa para antecipar minhas férias”, explica. Mas a creche particular ainda é uma solução encontrada por diversos pais que não possuem outro modo de resolver a situação.

 

RECESSOO secretário de educação, émerson Elói Henrique afirma que recesso escolar é ‘importante e necessário’ para as escolas. O período é definido através do Calendário Escolar, pelo Conselho Municipal de Educação, publicado na forma de decreto e funciona na mesma modalidade das escolas de ensino fundamental do município. “O professor precisa de férias, a escola precisa parar para alguma manutenção e entendemos também que é responsabilidade, também, da família de ficar com a criança pelo menos um mês, durante dos 12 meses do ano”.

 

 

Demanda mudou realidade de Lajeado

Em Lajeado, o recesso escolar foi uma demanda pautada principalmente pelas mães trabalhadoras do município que não tinham condições de antecipar férias no período. Para sanar essa lacuna na vida dos famílias que precisam trabalhar neste período, a Administração do município criou o Programa de Férias – uma ação de governo que desenvolve um trabalho conjunto entre secretarias para garantir o atendimento das crianças que precisam do serviço durante os 12 meses do ano. O programa ocorre desde 2014 em quatro escolas e atende, neste ano, cerca de 230 crianças, mas foram mais de 514 inscritas.Ao longo do ano, os pais que necessitam do serviço fazem a inscrição. No momento que a família entra em férias do trabalho, ao longo do ano, a criança não frequenta a escola e passa o período junto com os pais. A medida é um mecanismo de garantir a convivência da criança com a família conforme está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. A secretaria de Educação dividiu o município em quatro regiões, em cada núcleo, uma escola recebe as crianças das proximidades entre as 6h30min até as 18h30min. Segundo a secretária de Educação da prefeitura de Lajeado, Eloede Conzatti, o trabalho desenvolvido é voltado para atividades lúdicas, recreativas através de oficinas com o auxílio de equipes das secretárias de educação, saúde, assistência social, habitação, turismo, entre outras.