Na bagagem, expectativas e a busca por novas tecnologias para aplicar nas pequenas propriedades rurais do Vale do Rio Pardo. Israel é o destino de 22 representes da região para a primeira missão econômica do tipo realizada pelo Conselho Regional de Desenvolvimento VRP (Corede). Alternativas para as lavouras de tabaco é um dos objetivos da viagem.
O país do Oriente Médio tem se destacado pela aplicação de tecnologias próprias para aumentar a produtividade de suas propriedades rurais. O maior desafio, já vencido, foi de produzir em um solo pobre de nutrientes, em pleno deserto. Com técnicas especiais e capacidade de geração de renda o governo de Israel financia estudos e tecnologias para garantir produtividade no campo.
Organizada pelo Corede Vale do Rio Pardo, em parceira com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e Cooperativa Sicredi, a comitiva embarca hoje para o Oriente Médio e permanece no país até o dia 3 de maio. Além de conhecer fazendas produtivas e empresas que desenvolvem tecnologias para o setor agrícola, o grupo visita a 19ª Conferência e Exposição Internacional de Agricultura, a Agritech.
Venâncio Aires tem mantido políticas públicas para fomentar a diversificação das pequenas propriedades. Atualmente é um dos municípios da América Latina que mais possuem propriedades rurais, são em torno de 6 mil. Desta forma, a responsabilidade do poder público é de fomentar propostas que objetivam diminuir a dependência das famílias com as lavouras de tabaco e estimular outras culturas agrícolas. “Conhecer as iniciativas adotadas em Israel para garantir produtividade e autossuficiência em alimentos é o principal objetivo. é fundamental esta troca de experiências e a busca por inovações para aplicar aqui em Venâncio,” destaca o prefeito Airton Artus, que integra o grupo.
O Rio Grande do Sul tem mantido viagens a Israel, ao longo dos últimos oito anos, pelos menos cinco missões empresarias e governamentais já ocorreram. Três delas lideradas por sindicatos rurais e entidades ligadas ao setor produtivo de Caxias do Sul. A exemplo da serra, o grupo do Vale do Rio Pardo estará acompanhado por representantes da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs) e da Missão Econômica de Israel no Brasil.
Em Venâncio, diversificação sai do papel
Diversificação Rural vem ganhando força no interior de Venâncio Aires. Enquanto algumas famílias aderem totalmente a produção de hortifrutigranjeiros, outras veem na diversificação uma fonte extra. Muitos ainda acreditam que só o tabaco e o milho podem gerar lucro para uma produção. Contudo, a teoria está sendo desmistificada ao longo dos últimos anos.
Wilson Renato Kaufmann, 56, mora há 50 anos em Rincão de Souza, interior do município. Sua principal renda é a plantação de tabaco. Devido a desvalorização do preço pago pelo fumo, ele reduziu sua produção. “De 75 mil pés por safra, hoje estou plantando apenas 35 mil pés”, destaca. A situação fez com que Kaufmann começasse a investir em outras rendas, como a plantação de milho e hortaliças.
Renda única
Filho de fumicultor, Edemir Freda, 40, não seguiu os passos do pai. Morador de Vila Palanque, localidade conhecida pelo barro vermelho, cultiva hortaliças e não tabaco. Na metade da década de 90, quando ainda plantava fumo, resolveu apostar na diversificação e investiu na produção de hortifrutigranjeiros.
Repolho, abobrinha, tomate, berinjela e cebola, são as hortaliças cultivadas na propriedade de aproximadamente 3,5 ha. Esses produtos, há 18 anos são comercializados pela Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa-RS). Três vezes por semana, é necessário ir para Porto Alegre, na sede do Ceasa, vender os produtos.