Foto: Hannah Mckay/EPA / Agência LusaReino Unido é o primeiro país a deixar a União Europeia desde a sua criação
Reino Unido é o primeiro país a deixar a União Europeia desde a sua criação

Com 52% dos votos a favor, o Reino Unido decide deixar a União Europeia (UE) após 43 anos de participação. O resultado do referendo realizado ontem, 23, foi divulgado nas primeiras horas da manhã de hoje, 24.

A decisão fez com que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciasse a sua demissão. Ele sempre se posicionou favoravelmente à permanência do Reino Unido na UE e, durante os meses que antecederam o referendo, afirmou que a desvinculação poderia trazer graves consequências econômicas para o país.

A saída também desagradou mercados financeiros e trouxe incertezas sobre o impacto que a decisão deve causar aos outros países pelo mundo. Um dos argumentos dos britânicos para a desvinculação do bloco é de que o Reino Unido mais contribui com a UE do que recebe recursos, que são destinados a financiar programas e projetos em todos os países do bloco.

No Brasil, o presidente interino Michel Temer disse que o plebiscito feito no Reino Unido é um assunto interno e que, portanto, não cabe ao governo brasileiro opinar sobre o assunto. Para avaliar os efeitos da desvinculação, Temer escalou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem encontro marcado para o fim da tarde de hoje com o embaixador britânico no Brasil, Alexander Ellis.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, comentou, hoje, que a saída do Reino Unido da UE agrega incertezas no curto prazo ao mercado brasileiro, mas o BC está preparado para essa situação. “é possível que a gente observe oscilações nos preços de ativos, como, de fato, já tem observado nos mercados. Cabe reiterar que o Banco Central está preparado para situações dessa natureza”, disse. Em nota, o Ministério da Fazenda seguiu o mesmo tom e informou que o Brasil tem fundamentos econômicos sólidos e dispõe de instrumentos para lidar com turbulências na economia internacional.

Apesar das incertezas no curto prazo, alguns analistas afirmam que o Brasil pode se beneficiar com a mudança no longo prazo, pois a saída do Reino Unido da UE aponta para um cenário de antiglobalização mundial, de mercados mais fechados e de desaceleração do crescimento mundial. Com isso, os investidores podem migrar do risco da Europa para mercados emergentes como o Brasil, que precisaria seguir uma trajetória de reformas e demonstrar uma maior abertura para se tornar mais atrativo.

ALTA PARTICIPAçãO

A taxa de participação no referendo foi de 71,8%, a maior em votações no Reino Unido desde 1992.

A Inglaterra e País de Gales votaram fortemente a favor da saída, enquanto cidadãos da Escócia e da Irlanda do Norte optaram pela permanência no bloco. Em Londres, 60% dos votos foram pela permanência na UE. No entanto, em todas as outras regiões da Inglaterra, a maioria votou pela saída.

O Reino Unido é o primeiro país a sair da União Europeia desde a sua criação, mas a decisão não significa que ele deixará imediatamente de ser membro da UE. Esse processo pode demorar dois anos, de acordo com o Tratado de Lisboa.

“Os tratados deixam de ser aplicáveis ao Estado em causa a partir da data de entrada em vigor do acordo de saída ou, na falta deste, dois anos após a notificação, a menos que o Conselho Europeu, com o acordo do Estado-Membro em causa, decida, por unanimidade, prorrogar esse prazo”, diz o Artigo 50 do Tratado de Lisboa.

* Com informações da Agência Brasil

SAIBA MAIS:

BREXIT

O referendo de saída do Reino Unido da União Europeia tem sido chamada de Brexit. O termo é a união das palavras Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída, em inglês).