São nos traços roxos e em tons de lilás dispostos nas unhas, nos brincos, na blusa, no anel e no lenço que Rosalia Garcia Costa, 54 anos, demonstra tamanho ‘do apreço’ que sente

Foto: Ana Carolina Becker / Folha do Mate A autora Rosaria com a obra
A autora Rosaria com a obra ‘O Sumiço da Boneca da Princesa’

pela tonalidade, que agora, após o lançamento do livro ‘O Sumiço da Boneca da Princesa’ também está presente nos traços da obra.

O primeiro livro da bibliotecária da Biblioteca Pública Municipal Caá Yari narra uma história que estava guardada há mais de 20 anos na memória de Rosaria. Feliz com a conquista, ela, que também é contadora de histórias, teve a honra de lançar a obra infantil na Escola Estadual Adelaide Alvim, onde foi alfabetizada, em Rio Grande, sua cidade natal, no dia 11 de agosto para alunos do 1º e 2º ano, turmas que estavam sendo alfabetizadas, assim como ela, quando estudou no educandário, na época.

Ela conta que sempre quis escrever um livro, “mas nunca me via sentando e escrevendo uma história para ser um livro”, diz. Das muitas histórias que criou para contar em diversos momentos, inclusive para os filhos, foi da que criou para o aniversário de sete anos da sobrinha que nasceu a primeira obra. “Desde o primeiro aninho dela, sempre criei histórias relacionadas aos temas do aniversário. Mas naquele de sete anos, ela pediu uma história que tivesse rei, rainha, princesa, sapo, boneca e ‘luvem’ (nuvem). Não achei isso em livro nenhum, então, criei a história ‘O Sumiço da Boneca da Princesa’”, recorda.

ROSARITAQuem conta a história na obra, é a boneca Rosarita, que tem traços semelhantes ao de Rosaria. A autora destaca que a boneca, utilizada na contação foi criada pela artesã venâncio-airense Maria da Graça Scheeren.

A decisão de que Rosarita seria personagem do livro contando a história do sumiço da boneca foi um ‘plim’, após ver o quanto a boneca tinha ficado semelhante nas características. A partir disso, uma parceria com Sérgio da Rosa, criador do personagem Papelito, e o desenhista Cassiano da Rosa começou a tornar esse livro possível.

Os desenhos, todos feitos e pintados à mão, foram apenas digitalizados para estampar a obra que foi possível a partir de uma editora de Porto Alegre. O Papelito é, também, personagem desta grande aventura, afinal, é ele quem escuta a história de Rosarita. “Queriam muito ser alfabetizada”Não sabe-se de onde veio, nem de onde surgiu todo o amor que sente pelos livros, mas quem despertou todo esse apreço foi o pai. “Eu sempre via ele lendo depois que chegava cansado do trabalho e pensava que aquilo era uma coisa muito boa”, recorda.

No período em que foi alfabetizada, segundo Rosaria, era necessário fazer uma prova de leitura para passar para o ano seguinte: “ Quando aprendi a ler,me deram a chave do mundo”.

Foto: Goreti Butierres / Divulgação Rosaria autografando a obra para Gabrielly Butierres a sobrinha que me pediu a história
Rosaria autografando a obra para Gabrielly Butierres a sobrinha que me pediu a história

Sobre o retorno a escola, Rosaria salienta que foi um sentimento importante. Agora, a autora quer encontrar em Porto Alegre a professora responsável pela sua alfabetização para entregar um exemplar da obra.