Venâncio Aires - A frustração com o clima, o preço pago ao produtor e o custo dos insumos estão entre as causas da provável diminuição no plantio de soja em Venâncio Aires. Segundo a Emater local, a projeção para a safra 2025/26 é de 6,5 mil hectares, 1,3 mil a menos que no ano passado, quando foram 7,8 mil hectares cultivados.
O movimento no município não acompanha a estimativa mais positiva para todo o Rio Grande do Sul, em que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta aumento de área plantada em 1%, chegando a 7,2 milhões de hectares. O percentual de crescimento pode ser considerado tímido no estado, mas, ainda assim, é um avanço, enquanto Venâncio deve recuar 16% a área. “Quando se fala de grãos, o problema de todos é preço achatado. No caso da soja, os preços internacionais estão abaixo do que houve nas safras anteriores e ainda tem o encarecimento dos insumos. Isso tencionou para que o produtor reduzisse a área”, comenta Vicente Fin, chefe do escritório local da Emater.
Desistência da soja, volta para o tabaco
Frustrado com o desempenho da safra passada, Marcelo Fagundes da Silva, 35 anos, morador de Linha Taquari Mirim, optou por não plantar soja em 2025. Ele começou a cultivar o grão em 2012 e chegou a plantar 100 hectares em 2021 e 2022. Também investiu em maquinário, com trator, plantadeira, pulverizador e colheitadeira. “Consegui vender o trator maior que tinha e a colheitadeira, mas ainda tenho coisas porque o pessoal está com medo de investir na soja”, avalia o agricultor.
Devido às safras prejudicadas com estiagens e pela enchente histórica, Silva decidiu diminuir a produção em 2024 e plantou 40 hectares, metade da média de 80 que fazia todos os anos. Além da diminuição no plantio, as perdas chegaram a 40% no ano passado. “Essa última safra foi a gota d’água, porque produziu pouco por causa do clima e o preço foi baixo. Então parei com a soja.”
Com isso, a família voltou para uma cultura que não cultivava há mais de 10 anos: o tabaco. Em 2025, foram plantados 88 mil pés e ainda instalaram uma estufa elétrica. “Das áreas onde tinha soja, parte eram arrendadas. Nas demais, plantei tabaco e temos gado de corte também”, explica Silva.
Produtividade maior na soja
Ainda que diminua a quantidade de soja plantada em Venâncio, existe expectativa positiva quanto à colheita, sempre contando com a colaboração do clima. Conforme Vicente Fin, chefe da Emater, a projeção, como todos os anos, é chegar a 60 sacas por hectare – totalizando 23,4 mil toneladas. Se isso se confirmar, a safra 2025/26 será superior ao do ano passado, quando a produção chegou a apenas 42,5 sacas por hectare, resultando em 19,8 mil toneladas. Ou seja, mesmo uma área menor pode render mais.
Outros grãos em Venâncio
- Além da soja, o trigo confirmou recuo de área em Venâncio, passando de 1.050 hectares em 2024 para 700 hectares em 2025. No ano passado, foram 2,1 mil quilos por hectare e agora 3,3 mil. No trigo, conforme a Emater, prejuízos com clima e preço estão entre os motivos da queda no plantio.
- A combinação do prato do brasileiro, o arroz e feijão, devem basicamente manter área e produção em 2025/26. O arroz com 1,5 mil hectares e 8,8 mil quilos por hectare e o feijão com 250 hectares e 2,2 mil quilos por hectare.
- Já o milho deve ter aumento de área, passando de 7,8 mil hectares para 10,5 mil hectares. A produtividade deve ser mantida, com 6,75 mil quilos por hectare.