Chuva de granizo tira esperança de uma boa safra para produtores de tabaco, em Venâncio

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Vários produtores de tabaco estavam no aguardo do retorno do sol para iniciar a colheita em Venâncio Aires. A expectativa era o tempo bom e realizar a colheita da primeira apanha, o baixeiro e realizar a desbrotação. Entretanto, na madrugada de domingo, 6, a aflição tomou conta. Isso porque uma chuva de granizo atingiu diversas regiões do município e causou estragos em diversas culturas como olerícolas, milho, mas principalmente no tabaco.

Há 36 anos morando em Venâncio Aires e plantando tabaco, o casal sinimbuense, Neusa e Ildo Carvalho teve em cinco minutos parte dos 30 mil pés de tabaco destruídos. “Era umas 3h da madrugada. Foi rápido, mas foi muita pedra. Nunca tivemos tanto prejuízo como nesse ano. Semana passada a gente abria a porta da casa e falava ‘nossa que fumo bonito’. Já plantamos antes para escapar da seca, pois no ano passado perdemos muito. Agora vem um granizo e acaba com uma safra boa que a gente teria”, lamenta a agricultora de 52 anos.

Em Linha Cerro dos Bois, Ildo Carvalho estava no aguardo do clima favorável para iniciar a colheita do baixeiro (Foto: Alvaro Pegoraro/ Folha do Mate)

O tabaco da família estava em vários estágios. Algumas lavouras foram plantadas mais cedo, esse tabaco estava pronto para ser colhido nesta semana. Em outras partes ele ainda estava se desenvolvendo, as mudas eram menores. “Um pouco ainda vai se recuperar. Ainda não tínhamos tirado a flor. Mas vamos ter que limpar, colocar adubo para que ele tenha força e se desenvolva mais um pouco”, comenta Neusa.

“A gente estava esperando para tirar a primeira apanha. Estávamos tão contentes, o tabaco era muito bonito. Agora veio o granizo e estragou um

monte.”

NEUSA CARVALHO – Fumicultora de Linha Cerro dos Bois

Moradores de Linha Cerro dos Bois, o casal e o filho mais novo, Jonathan Daniel, 25 anos, plantaram o tabaco mais cedo pois no ano passado tiveram prejuízos com a seca. Neusa conta que os vizinhos também foram bastante atingidos. “Infelizmente dependemos da natureza, mas é triste ver teu sustento assim, no chão.”, frisa a produtora que agora aguarda a visita dos técnicos da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) para avaliarem os estragos.

Cena apavorante

No sábado, 5, Andressa Daiana Closs Hendges, 24 anos e Rodrigo Jesus Hendges, 25 anos, percorrem as lavouras com 130 mil pés de tabaco e gravaram um vídeo para mostrar aos amigos e familiares o tabaco em pleno desenvolvimento e prestes a ser colhido. “Dava para passar uma régua de tão parelho que estava. Dava orgulho. Ia ser uma baita safra”, conta Hendges.

Já na madrugada de domingo, 6, Andressa acordou e ouviu a chuva de granizo. “Na quarta-feira, 2, já estávamos aflitos, mas não veio. Ninguém imaginava que de sábado para domingo viria uma chuva de granizo tão destruidora”, relata a produtora.

Grande parte do tabaco do jovem casal foi plantado em junho, para fugir da seca, pois na safra anterior os prejuízos foram grandes. Há seis anos eles estão juntos, cultivando o tabaco na propriedade em Vila Estância Nova, mas não recordam de perder o tabaco nesta época [início de setembro]. “O tabaco estava no ponto. Se o tempo tivesse ajudado a gente já tinha tirado a primeira apanha”, conta Hendges.

Ao visitar a lavoura com a reportagem na manhã de ontem, o casal contava os prejuízos. “O pé quebrou no meio, nunca vi um negócio desses. É um cenário devastador, uma cena apavorante”, lamenta o jovem que estipula um prejuízo em torno de 70% a 80%.

A expectativa do casal é que o seguro avalie bem os estragos causados pela chuva de granizo. “O seguro cobre algumas despesas, mas nem tudo. A gente investe no fumo, tinha caprichado com uma palhada boa e plantio direto. Era uma terra forte. A gente gosta da lavoura, gosta dessa vida que escolhemos, mas é triste quando vem um vendaval ou um granizo e detona tudo”, lamenta Hendges.

Produtores anteciparam o plantio do tabaco para escapar dos meses de calor e por isso, a planta já estava apta a ser colhida (Foto: Alvaro Pegoraro/ Folha do Mate)

“O tabaco estava muito bonito. Ele pegou três geadas fortes, mas estava forte, verde, se desenvolvendo bem. Pronto para ser colhido. Ia ser uma das nossas maiores colheitas. E agora, perdemos um monte, o pé quebrou no meio. Não tem o que fazer, esse não volta mais.”

RODRIGO HENDGES – Fumicultor de Vila Estância Nova

(Foto: Alvaro Pegoraro/ Folha do Mate)

Leia mais: Vídeo: chuva de granizo causa prejuízo em lavoura de tabaco, em Venâncio

Departamento Mutualista da Afubra vai à campo nesta semana para verificar as lavouras de tabaco

A reportagem entrou em contato com a Afubra para obter informações sobre as visitas nas propriedades para validarem o seguro do fumicultores. O Sistema Mútuo da Afubra cobre os prejuízos causados pelo granizo e granizo/tufão, de acordo com a modalidade que o associado optou no momento de inscrever suas lavouras e é a esperança dos agricultores para auxiliar nas despesas.

Conforme o coordenador do Departamento Mutualista da Afubra em Venâncio Aires, André Fagundes, a equipe ainda não foi à campo, devido a chuva de granizo ter ocorrido na madrugada de domingo e véspera de feriado. “Pretendemos hoje, na parte da tarde, perante as condições climáticas, ir a campo e começar os atendimentos. A gente já sabe que teve perdas pelas redes sociais. Mas assim que recebermos as solicitações e o tempo permitir vamos à campo.”

Outras culturas

A Emater/RS-Ascar também foi contatada, de acordo com o chefe do escritório local, Vicente Fin, ao longo da semana a equipe de técnicos visitará propriedades para fazer um levantamento nas culturas afetadas. “Além do tabaco o trigo foi atingido. O milho ainda se recupera. Mas as hortaliças e frutíferas com certeza também tiveram suas perdas.”

Na propriedade do casal Hendges o tabaco foi quebrado ao meio com a força das pedras de granizo. (Foto: Alvaro Pegoraro/ Folha do Mate)

Três casas atingidas

A chuva de granizo registrada na madrugada do domingo, 6, causou estragos em Venâncio Aires. Segundo informações do Corpo de Bombeiros do município, três residências foram atendidas com entrega de lonas por causa de destelhamentos. Duas delas localizadas em Linha Ponte Queimada, no interior da Capital do Chimarrão, e outra no bairro Gressler.

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