Uma das culturas que teve um aumento de área considerável, nesta safra, foi a do aipim. Em Venâncio Aires, o aumento de 100 hectares em comparação ao período passado, ocorre devido ao preço pago para o produtor e pelo menor custo de produção comparado com outros cultivos.
O aipim é uma das culturas que está presente em praticamente todas as propriedades rurais do município. São cerca de duas mil famílias envolvidas com a atividade, destas, 400 com cunho comercial.
O produtor e sócio-proprietário da agroindústria de aipim descascado Vó Maria, Marcelo Luis Hinterholz, 42 anos, comenta que agora a colheita está no pico. “Iniciamos arrancando alguns pés lá pelo dia 10 de fevereiro. Mas o pico é agora, dessa semana em diante”, destaca o ceaseiro.
A família Hinterholz, de Linha Travessa, cultiva 40 hectares de aipim, cerca de 350 mil pés. A expectativa é de colher 35 mil caixas. “Está sendo um ano bom para o aipim. O clima foi bom, e agora na venda o preço também está bom ainda.”
O ceaseiro comenta que no início da colheita a caixa de aproximadamente 23 quilos chegava a custar R$ 25. Agora, no pico da venda, a caixa está sendo comercializada na média de R$ 22.
LEIA MAIS: Aposta no aipim: um setor em ascensão
Trajetória
Aos 15 anos, Hinterholz já trabalhava com um vizinho que fazia a Ceasa. Hoje, ele tem o negócio próprio com a família há 21 anos. Além de vender o aipim que produzem, a família compra de agricultores de Venâncio Aires e Mato Leitão. No ano passado eles comercializaram 140 mil caixas de aipim. Além disso, em determinadas épocas eles compram milho verde para comercializar na Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa-RS).
Valorização do aipim
O preço do aipim é considerado bom e animador pelos produtores nos últimos anos. Hoje, Hinterholz comenta que se a terra contribuir, o agricultor consegue tirar cerca de 800 caixas por hectare. “Quando eu estava começando a trabalhar com o aipim, a gente pagava R$ 0,80 centavos pela caixa para o produtor. Pensa, quem ia continuar plantando por esse preço?”, analisa.
O aipim mais produzido em Venâncio Aires e o mais comercializado é o vassourinha. “Enquanto que tem esse a gente leva, pois a venda é mais fácil. Ele é de fácil cozimento. Rendimento bom e muito aproveitado”, salienta Hinterholz.
O agricultor comenta que a cultura é antiga. “A gente não vê agricultor novo começando na atividade. Temos aumento de área, mas é com aquelas famílias que já plantam. É um serviço muito manual, que os jovens não querem.”
O produtor acredita que por ser um trabalho muito manual e pela falta de máquinas para a atividade, muitas famílias acabam plantando outras culturas, como milho e soja. “Cada ano tem menos gente plantando. É uma coisa dos antigos”, reforça.
35% – é a quantidade da safra já colhida em Venâncio Aires.
Pandemia pode afetar as vendas na Ceasa
Para o ceaseiro Marcelo Luis Hinterholz, no ano passado a procura pelo aipim era muito grande. “Ano passado foi um ano muito bom. Nada chegava, era uma loucura as vendas. Esse ano a gente percebe um movimento mais tímido. Está diferente”, analisa o morador de Linha Travessa.
Como a família tem uma agroindústria, há três anos, parte do aipim produzido é descascado para a venda. Mas o pico da produção inicia em abril. A média de comercialização é de 150 toneladas de aipim descascado por safra. “A gente atende mercados de Venâncio e da região, além da grande Porto Alegre”, cita.
Porém, para a Ceasa, a família Hinterholz leva apenas o aipim com casca. “A gente percebe que quando começa a esfriar, o aipim vende bem, vende bem melhor do que agora. É uma comida de inverno”, destaca o produtor, que vai todos os dias para a Ceasa durante a safra de aipim, que se estende até meados de novembro.
O cultivo do aipim na família envolve, além de Marcelo, o pai Renato e o irmão Luis Carlos. Eles se dedicam à atividade como produtores, proprietários da agroindústria e ceaseiros.
35 mil caixas
é a expectativa da família Hinterholz com a venda dos 350 mil pés de aipim.
CURIOSIDADES SOBRE A PRODUÇÃO DE AIPIM
- Conforme o escritório da Emater-RS/Ascar, Venâncio Aires pode ser considerado um dos maiores produtores de aipim do estado. “Somos um dos maiores fornecedores de aipim para a Ceasa”, cita o chefe do escritório local, Vicente Fin.
- Conforme Fin, a produção de aipim neste ano sofreu com a pouca umidade na hora do plantio e por algumas pragas e doenças que atingiram plantações.
- Uma das dicas da Emater para conseguir controlar algumas pragas é a rotação de culturas. “Para combater a bacteriose, o produtor precisa eliminar os pés doentes e no ano seguinte fazer uma rotação de cultura.”
- Em Venâncio Aires são seis agroindústrias de aipim descascado.“Pensando na segurança e soberania alimentar, o aipim é um dos itens importantes para a agricultura familiar. O aipim é utilizado tanto para as famílias e para a alimentação dos animais.”
- Apesar da colheita estar no pico, Fin não recomenda esse período como ideal para a armazenagem de mudas para a próxima safra. “Como as folhas ainda estão muito verdes, agora seria uma período ideal para fazer uma silagem de alta qualidade. Assim teríamos o reaproveitamento integral do aipim.”
LEIA MAIS: Bolinho de aipim simples e delicioso