Um legume bastante utilizado em saladas, ou até mesmo na área da beleza, o pepino é uma hortaliça refrescante, ideal para consumo em dias quentes. Considerado um dos ‘queridinhos’ da estação, a cucurbitácea é também uma fonte de renda para produtores rurais de Venâncio Aires. Os agricultores e sócios Anderson Luís Posselt e Jair Antonio Graeff já iniciaram a colheita na primeira estufa. A segunda estrutura, na próxima semana, deve receber mais 2 mil pés.
Considerada a época ideal para o cultivo, Posselt e Graeff cultivam 4 mil pés de pepinos na safra, de setembro a fevereiro, e a mesma quantia na safrinha, de fevereiro até meados de julho. Com muita dedicação, envolvimento e trabalho, a média é de 2,5 quilos por pé durante o ciclo.
“A gente optou por plantar a primeira remessa mais tarde esse ano. Semeamos em outubro, pois o pepino não gosta de calor e umidade, e em setembro, geralmente, chove bastante”, explica Graeff. Apesar de terem semeado mais tarde, eles garantem que vale a pena. “A gente ganhou no mínimo meio quilo de produção por pé”, completa.
Cultivado em estufas, todo o pepino é produzido de forma suspensa, ou seja, é conduzido em fios de plástico, o que facilita o manejo e a colheita. A rotina dos produtores é de trabalho em diversos momentos do dia. Já são duas semanas que estão trabalhando com a colheita. “De manhã a gente colhe, faz os tratos culturais e trabalha na estufa. Se é muito quente de tarde, temos que colher de novo, sem contar que colocamos água mais vezes”, comenta Posselt, morador de Vila Teresinha.
Eles explicam que a quantidade de água varia conforme o clima. Quanto mais quente, mais gotejamento. “Mas é água no pé, não nas folhas”, pontua.
Já faz cinco anos que Posselt decidiu apostar no cultivo de pepino. Com a construção das estufas, toda a produção é comercializada para a Santa Conserva, de Mato Leitão. “No início foi difícil, tínhamos muitos problemas com doenças. Agora que fizemos uma parceria, o Jair tem contribuído com muita coisa técnica que está fazendo a diferença”, diz o agricultor.
Produção comercial
Conforme dados fornecidos pelo escritório municipal da Emater/RS-Ascar, a cultura é produzida em escala comercial por 30 agricultores de Venâncio Aires e ocupa a área de um hectare. Já a produtividade média é de 60 toneladas por ano e, deste total, quase tudo é comercializado para as agroindústrias de conservas locais, tanto de Venâncio Aires como da região: Mato Leitão e arredores.
Segundo a extensionista rural da Emater, Djeimi Janisch, um pequeno percentual é comercializado nas feiras e por produtores ambulantes. “A cultura tem um grande potencial, dado o mercado local existente, no caso das agroindústrias”, pontua. Há menos de 10 anos, Venâncio tinha mais que 50 produtores, que cultivavam pepinos com a finalidade comercial. “A cultura do pepino tem alguns gargalos. Um deles é o clima. Nossa primavera é muito úmida, o que favorece doenças foliares. Além disso, temos casos de problemas com o solo. É uma cultura altamente sensível a nematoides. Em virtude disso, reduziu significativamente o número de produtores nos últimos anos”, frisa a engenheira agrônoma.
Djeimi atenta que o cultivo em substrato não elimina totalmente o problema com nematoides. “Ele pode estar na água que irriga as plantas. Dessa forma, será introduzido no substrato pelo solo da estufa”.
As estufas de pepino de Posselt e Graeff recebem água por gotejamento. Em épocas de muito calor, são 15 mil litros por dia. “Tenho uma vertente forte na propriedade que mantém as estufas. Se faltar ainda tem um açude de reserva. Sem água nem adiantaria começar”, comenta Posselt.
Uso de estufa
• Grande parte dos produtores que cultiva o pepino com finalidade comercial planta o legume em estufas. Segundo Djeimi, a estufa, apesar de proteger da chuva – molhamento foliar direto – não é garantia de ambiente favorável para o pepino.
• “Em virtude da grande área foliar do pepineiro, alta densidade de plantas normalmente utilizada, com o intuito de otimizar o espaço, pode tornar-se ambiente favorável para o desenvolvimento de doenças foliares, sejam fúngicas ou bacterianas, além das pragas, como broca, tripes, ácaro e pulgão”, explica, visto que a estufa pode aumentar a umidade do ambiente.
“Na safra, parte do dia é dedicada para o trabalho na estufa. Demanda tempo e muita dedicação, o que resulta em uma boa produção.”
ANDERSON POSSELT – Produtor rural
7 a 9 centímetros
é o tamanho ideal do pepino colhido com a finalidade de conservas. Ele atinge cerca de 20 a 25 gramas nesse comprimento.