Nilo Parckert e o filho Volnei, que também é orientador agrícola (Foto: Gelson Pereira/CBT)
Nilo Parckert e o filho Volnei, que também é orientador agrícola (Foto: Gelson Pereira/CBT)

O programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) é desenvolvido a partir de uma parceria da Unisc com empresas e entidades.

O programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) já conta com 59 produtores rurais de Venâncio Aires interessados. O projeto é desenvolvido a partir de uma parceria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) com empresas e entidades, e visa recompensar agricultores que contribuem para a conservação e melhoria dos ecossistemas que geram benefícios para a sociedade, incluindo a regulação do clima, a proteção da biodiversidade, a purificação da água e prevenção da erosão. Na Capital do Chimarrão, o PSA engloba produtores que moram nos 3º, 4º e 5º distritos (veja abaixo).

Doutora em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto Pesquisas Hidráulicas da UFRGS e coordenadora do Centro Socioambiental da Unisc, Priscila Pacheco Mariani é a coordenadora do PSA. Segundo ela, ainda é possível se inscrever e produtores interessados podem entrar em contato diretamente com o Centro Socioambiental da Unisc, pelo telefone/Whats (51) 3717-7323 ou pelo e-mail [email protected]. “Desses 59 produtores interessados até o momento, 43 assinaram já os contratos e oficialmente aderiram ao projeto. Nós temos uma meta bastante audaciosa de, até o final do ano, fechar 70 produtores dentro da bacia do Arroio Castelhano, que vão receber esse incentivo e ser mais valorizados por esse benefício que trazem à comunidade local e também à bacia como um todo.”

O programa envolve, por exemplo, coleta de amostras de água e monitoramento das áreas protegidas (Foto: Divulgação/Unisc)

Ações

O programa envolve cercamento, coleta de amostras de água, ações de educação ambiental, visitas técnicas e monitoramento das áreas protegidas. “Esse ano está sendo feito o levantamento de quais as propriedades vão efetivamente precisar de cercamento e o quantitativo de materiais necessários, para que ano que vem, a Unisc faça a disponibilização e o trabalho nas propriedades.”

Os produtores englobados irão receber o primeiro pagamento do PSA no fim desse ano. Sobre os valores, o pagamento pode chegar a até R$ 325 anuais por hectare protegido. “O valor do PSA é calculado com base em indicadores da propriedade, como vegetação nativa, proteção de nascentes e boas práticas de manejo. E é iportante reforçar: a decisão é sempre do produtor. A área continua sendo dele e, caso queira, pode reduzir ou ampliar a área protegida, ou até mesmo deixar o programa a qualquer momento”, destaca Priscila.

Localidades previstas para atuação em Venâncio

Linha Arroio Grande, Linha Brasil, Linha Marechal Floriano, Vila Deodoro, Linha Maria Madalena, Linha Isabel, Linha Cipó, Linha Lucena, Linha Cecília e Linha Harmonia da Costa.

Valorização do produtor rural

A Unisc conta com diversas parcerias para executar os projetos de PSA que conduz nas diferentes bacias hidrográficas. Entre eles a Afubra, a Agência Nacional de Águas, Emater e prefeituras.

No caso da bacia do Arroio Castelhano, foco do projeto em Venâncio, um dos parceiros é a China Brasil Tabacos (CBT). “Contamos com importantes parceiros e financiadores que fazem com que o projeto consiga ser viabilizado e que os produtores rurais sejam realmente valorizados pela prestação de serviços que hoje já fazem ou que estão dispostos a iniciar um processo novo de proteção de áreas próximas a recursos hídricos”, ressalta Priscila Mariani.

Dos quase 60 produtores interessados no PSA, 20 são integrados à China Brasil Tabacos, empresa apoiadora do projeto desenvolvido pela Unisc. Segundo Taiguara Gabriel Mota Guedes, analista administrativo da CBT, trata-se de um projeto que representa um passo estratégico no fortalecimento do compromisso com a responsabilidade socioambiental e com o futuro. “Ao incentivar a preservação dos recursos hídricos nas propriedades integradas com nascentes e cursos d’água, valorizamos o papel essencial do produtor rural integrado na conservação ambiental e reconhecemos seu protagonismo na proteção de um bem vital para a vida e para a produção.

Mais do que uma ação de sustentabilidade, o PSA é também uma política de valorização das famílias produtoras, que passam a ser reconhecidas como guardiãs da água.”
Ainda conforme Guedes, a iniciativa reforça o propósito da China Brasil Tabacos de alinhar suas práticas aos princípios de governança sustentável e conservação dos recursos naturais, contribuindo para uma agricultura mais resiliente e conectada com os desafios do nosso tempo.

Benefícios para a natureza

Entre os produtores da CBT e que participam do projeto, está Nilo Parckert, 72 anos, morador de Linha Cachoeira, no interior de Venâncio Aires. Na propriedade, a principal atividade agrícola é o tabaco e também moram lá a esposa Neri, a filha Carla, o genro Carlos, o neto Eduardo e a esposa dele, Daiane, e a neta Bianca.

Segundo Nilo Parckert, ele foi convidado pela empresa para participar e entendeu que o projeto teria benefícios para a natureza. “Pela preservação da água e das nossas nascentes. Acho que isso pode contribuir para o futuro, já que nesses últimos anos estamos tendo fortes estiagens nas regiões”, comentou o agricultor.