A colheita de tabaco da safra 2023/24 entra na reta final em Venâncio Aires. Como muitos agricultores têm plantado já nos meses de maio e junho, é comum encontrar ‘fornadas’ terminando ainda em dezembro. Segundo a Emater, a colheita já se aproxima de 70% no município. No caso dos Gaertner, de Linha Antão, o trabalho termina na primeira semana de janeiro. A família plantou 83 mil pés de tabaco nesta safra, mesma quantidade do ano passado. No entanto, para o atual período, a expectativa é atingir apenas 700 arrobas. “No ano passado fizemos 1.250 arrobas e neste ano a chuva estragou demais. Eu trabalho no tabaco desde guri e nunca vi um fumo tão leve. Espero que se tenha uma valorização, porque é um dinheiro que deixa de entrar e a despesa é a mesma”, destacou Darci Gaertner, 57 anos, fazendo referência à quebra na produtividade.
A expectativa do agricultor é a mesma de muitos produtores, que entendem que, com a baixa oferta, a procura será maior, o que pode valorizar o tabaco na hora da venda. O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcílio Drescher, também tem esse entendimento. Segundo ele, uma oferta menor do produto pode proporcionar uma ‘corrida’ atrás do tabaco. “Isso já aconteceu na safra retrasada, de procura maior que a oferta, e isso proporcionou um valor maior ao produtor. Mas neste ano tem um quesito preocupante: a questão da qualidade. Não é um tabaco normal e por isso a valorização pode estar prejudicada.”
Conforme Drescher, é a qualidade do tabaco que faz com que haja uma boa remuneração. “Nós, que dependemos da exportação, temos que prezar pela qualidade em primeiro lugar, e isso está dificultado pelas circunstâncias que se ofereceram pelo clima neste ano.”
No caso da Tabacos Marasca, que iniciou a compra em 20 de novembro e encerrou nesta sexta, 15, a média paga na arroba do BO1 foi a mesma da safra passada: R$ 295,75. A informação é do gerente de Produção Agrícola da Marasca, Roberto Machado. “Quando a nova tabela for definida no início de 2024, o reajuste será repassado aos produtores”, disse Machado.
*Com informações AI Afubra.
Negociações
Apesar de, normalmente, ocorrer uma rodada de negociação em dezembro, para esta safra as entidades representativas definiram que só iriam receber empresas que, efetivamente, já têm uma proposta de reajuste. Na quarta, 13, as entidades receberam, na sede da Afubra, em Santa Cruz do Sul, representantes da JTI. A variação do custo de produção da empresa para a safra 2023/24 apontou para 5,06% na variedade Virgínia e – 1,77% no Burley.
A proposta apresentada pela JTI foi de levar à tabela do Virgínia o percentual do custo de produção e, no Burley, manter o percentual de 5,06%. Pela parte das entidades, a contraproposta, pela busca de uma tabela com rentabilidade, é de, no Virgínia, o reajuste ser a variação do custo de produção (5,06%) mais cinco pontos percentuais. A JTI ainda refez sua proposta, oferecendo, no Virgínia, a variação do custo de produção de 5,06% mais 1,5% pela sustentabilidade. Esse mesmo percentual será repassado no Burley, o que representa 8,33% acima do custo de produção.
Marcilio Drescher não apontou um valor ideal a ser tabelado, mas diz que as entidades representativas esperam índices maiores. “A reunião foi positiva, mas não encerramos as negociações. Voltaremos a nos reunir com a JTI e temos certeza que iremos evoluir. Em janeiro, esperamos que as demais empresas também venham com propostas sólidas que visam a manutenção da cadeia produtiva”, destacou o presidente da Afubra.
Na safra anterior, a JTI foi a única que assinou protocolo com a Afubra, estabelecendo o preço do BO1, a classe mais valiosa de tabaco, em R$ 312 a arroba (15 quilos). As demais empresas não assinaram protocolo e, por uma tabela da Afubra, tinham como preço mínimo valor na casa dos R$ 294 por arroba de BO1.
Data de início da compra nas empresas associadas ao SindiTabaco:
• Tabacos Marasca – 20 de novembro
• Alliance One – 8 de janeiro
• China Brasil Tabacos – 9 de janeiro
• Brasfumo – 30 de outubro
• Philip Morris Brasil – 9 de janeiro
• JTI – 11 a 20 de dezembro; retorna dia 10 janeiro
• UTC – mês de janeiro
• Universal Leaf – sem definição
• BAT Brasil – sem definição
• CTA – sem definição