Realizado nesta terça-feira, 26, o início da colheita gaúcha do Programa Milho e Feijão teve a divulgação dos números da safrinha de grãos cultivados após a
colheita do tabaco. O evento ocorreu em Venâncio, na propriedade de Claudiomar Gregori, em Linha Tangerinas, na presença de convidados, representantes da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR); da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), da presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), prefeitos, imprensa e produtores rurais.
Ao apresentar os dados levantados, o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, disse que, no Rio Grande do Sul foram cultivados 80 mil hectares, com rendimento estimado de R$ 320 milhões. Ele também lembrou que, nos três estados do Sul do Brasil, foram 152 mil hectares, e o rendimento para os produtores deve chegar a R$ 650 milhões. “O setor do tabaco sempre teve a visão voltada à diversificação. Em 1978 começamos com reflorestamento de eucaliptos nas propriedades, em um trabalho das empresas, juntamente com a Afubra, os sindicatos e as federações de agricultores”, contou.
Ao ressaltar que a diversificação tem que estar voltada à geração de renda, Schünke disse que a partir da safra atual, os organizadores passaram a fazer levantamentos, chegando aos números de plantio com projeção da renda aos produtores. “Também percebemos que há plantio de soja e pastagens nas áreas onde foi colhido o tabaco”, comentou.
“Queremos a sustentabilidade das propriedades”
Iro Schünke
Presidente do SindiTabaco
O diretor secretário da Afubra e consultor da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider, disse que a imagem dos produtores que é mostrada pelos antitabagistas não condiz com a realidade. “Se tem que procurar muito para encontrar um monocultor de tabaco”, enfatizou. Ele também comentou que os outros cultivos da propriedade se beneficiam dos conhecimentos técnicos da cultura do tabaco, por causa da assistência dada por meio do Sistema Integrado de Produção. “Vamos continuar estimulando a diversificação, mas ela inclui o tabaco. Ela não o exclui como muitos gostariam de dizer”, finalizou.
O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco e prefeito de Venâncio, Airton Artus, lembrou o trabalho pela defesa da cadeia produtiva do tabaco. “Outros segmentos não precisariam desse esforço, mas o tabaco precisa, pois é um setor que foi escolhido para ser eliminado”, comentou. “De todos os segmentos, o único que nunca falta recursos é aquele escolhido para combater o tabaco. Falta recursos para vacinas, hospitais, mas não falta para a Conicq”, criticou Artus, referindo-se à Comissão Nacional de Implementação da Convenção-Quadro. “é um ranço contra a indústria, que atinge os produtores, as famílias, os municípios, seu orçamento, sua estrutura e sua economia”, afirmou o prefeito.
EXEMPLO
O produtor anfitrião do evento, Claudiomar Gregori, cultivou 12 hectares de milho plantados na área onde havia sido colhido 115 mil pés de tabaco. A projeção feita é de colheita de 4,5 mil quilos por hectare, totalizando 54 toneladas de grãos. Se ele fosse vender seu produto, receberia R$ 36 mil, com rendimento médio de R$ 3 mil por hectare. Ele também cultivou feijão para consumo próprio.
DADOS DO PROGRAMAA partir de 2016, os responsáveis pelo Programa Milho e Feijão após a colheita do tabaco passaram a contabilizar os números da produção de grãos nas áreas produtoras de tabaco e as estimativas de renda para os produtores. Segundo a pesquisa, a safrinha gaúcha teve o plantio de 73 mil hectares de milho e 7 mil hectares de feijão. No Rio Grande do Sul, com uma produtividade média do milho estimada em seis toneladas por hectare, o volume chegará a 424 mil toneladas. Considerando o preço médio de R$ 665 por tonelada, o rendimento por hectare é estimado em R$ 3.990, e o total da safrinha gaúcha de milho pode chegar a R$ 282 milhões. Em relação ao feijão, a produtividade é estimada em 2,2 toneladas por hectare, com safra de 15 mil toneladas. Ao preço médio de R$ 2.510 por tonelada, o rendimento médio esperado é de R$ 5.515 por hectare e o total da safra de feijão poderá chegar a aproximadamente R$ 38 milhões.
Considerando as regiões produtoras de tabaco no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foram cultivados 127 mil hectares de milho e 25 mil hectares de feijão, com expectativa de rendimento de R$ 520 milhões para o milho e R$ 130 milhões para o feijão. Após a colheita, o produtor de tabaco cultiva também outros grãos, com destaque para a soja e há, ainda, o cultivo significativo de pastagens para alimentação dos animais. O levantamento apontou que no Rio Grande do Sul, 41 mil hectares são utilizados para pastagens e, nos três estados sul-brasileiros, a soma alcança 68 mil hectares.
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