O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) encaminhou, ao Governo do Estado, o projeto para implantação de 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica. A expectativa é de que, nos próximos dias, o governador Eduardo Leite (PSDB) se manifeste sobre a proposta elaborada pela instituição de Venâncio Aires. Com a autorização do Estado, serão direcionados recursos para implementação do novo serviço, que atende crianças a partir de 29 dias.
De acordo com o administrador do hospital, Luís Fernando Siqueira, a principal preocupação é garantir que a UTI seja sustentável. Para isso, a proposta parte do princípio de pagamento por capacidade instalada. A ideia é que o repasse mensal para manter a UTI não dependa do número de pacientes internados, como hoje funciona na UTI Adulto.
“Não podemos abrir mão de que o recurso seja por capacidade instalada. Precisamos receber o valor para conseguir manter a equipe, que é a mesma se tiver um ou dez pacientes. Se tiver só cinco leitos ocupados – 50% de ocupação – receberemos 50% do valor, mas, como pagar apenas metade dos salários?”, observa.
O prefeito Jarbas da Rosa reforça a preocupação com a questão. “Há interesse do Estado de que Venâncio ofereça esse serviço, então é importante essa garantia, para o hospital não amargar prejuízos. O apoio dos demais municípios também é muito importante”, comentou.
O projeto encaminhado também prevê o investimento de cerca de R$ 3,5 milhões para finalização do prédio e aquisição de mobiliário e equipamentos – valor que também seria repassado pelo Estado. A coordenadora regional de Saúde, Mariluci Reis, ressalta a expectativa positiva pela aprovação do projeto. O hospital de Venâncio é visto como alternativa para implantação da UTI Pediátrica macrorregional, por conta do fechamento das UTIs em Lajeado – que ocorreu no fim de junho – e em Santa Cruz do Sul – ainda sem data. “Acredito que já na próxima semana se tenha um retorno. O projeto já está na mesa do governador”, afirma Mariluci.
Para o diretor técnico do HSSM, Guilherme Fürst Neto, o hospital nunca esteve tão perto de viabilizar um serviço de alta complexidade – o que é pleiteado há bastante tempo como uma forma de oferecer mais serviços e incrementar recursos. “Sabemos que a demanda por UTI Neonatal é maior do que a de Pediátrica, mas há uma realidade na qual duas UTIs Pediátricas vão deixar de existir na região e há um mercado que se abre. É um momento propício para instalar um serviço de alta complexidade”, considera.
Entenda
• A possibilidade do Hospital São Sebastião Mártir contar com uma UTI Pediátrica passou a ser tratada no mês passado, a partir da necessidade de reorganização dos atendimentos de saúde na macrorregião.
• Os hospitais Bruno Born, de Lajeado, e Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul, contavam com UTI Neonatal e a Pediátrica no mesmo espaço, mas seguirão apenas com a voltada a bebês de até 28 dias. O ambiente compartilhado é proibido por uma resolução federal desde 2010 e o Ministério Público Federal (MPF) tem cobrado o cumprimento da medida.
• O Hospital Bruno Born encerrou as atividades da UTI Pediátrica no dia 30 de junho. Já o Hospital Santa Cruz, que tem dois leitos pediátricos de UTI, deve fechá-los assim que a situação regional for resolvida. Por isso, Venâncio surgiu com alternativa para oferecer a UTI, que terá regulação estadual.
Campanha Envolva-se deve apoiar a UTI Pediátrica
No fim da tarde de quinta-feira, 8, integrantes da Comissão Pró-UTI Neonatal se reuniram com representantes do hospital, da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS) e o prefeito Jarbas da Rosa, na sala de reuniões do HSSM. O encontro também contou com a presença do ex-prefeito e secretário-adjunto de Obras do Rio Grande do Sul, Giovane Wickert (PSB), além de outras lideranças do partido. A reunião teve o objetivo de explanar sobre o assunto com o grupo que está à frente da campanha Envolva-se – lançada no fim de 2018 para buscar recursos para a implantação de uma UTI Neonatal em Venâncio.
De acordo com a presidente da comissão, Cristiane Wickert, apesar do foco da campanha ter sido a UTI Neonatal, com a possibilidade iminente da UTI Pediátrica, por vontade do Estado e do Município, é importante apoiar a causa neste momento. “É por um bem comum e uma oportunidade que não pode ser perdida. Depois da oficialização do governador, se for confirmada a UTI, a comissão poderá auxiliar”, afirma. Ela lembra que isso não impede que, em um segundo momento, a campanha da Neonatal seja retomada, já que o HSSM tem espaço físico para isso.
Para o presidente do HSSM, Luciano Spies, que também integra a comissão, a campanha teve papel fundamental para mostrar o interesse e os potenciais do hospital, fazendo com que ele fosse identificado como alternativa. “A ideia já estava madura, só vai mudar o foco da UTI.” Há a intenção, também, de adaptar o projeto arquitetônico feito para a UTI Neonatal – pago com recursos da campanha – para o da UTI Pediátrica, o que pode agilizar o processo para início do serviço.