HSSM deve fechar estruturas Covid até o fim de setembro

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Há meio ano, quando Venâncio Aires viveu o pior momento da pandemia, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) chegou a ter 65 pacientes internados com Covid para uma estrutura que oferecia 40 leitos exclusivos para a doença. Aquele mês de março marcou pelo recorde de casos, de internações diárias e de mortes pela doença.

Seis meses depois, o cenário é o oposto. Baixa de novos casos, dias sem nenhuma internação e um mês sem óbitos, completado ontem. O reflexo disso está em quartos vazios, camas com lençóis esticados e uma grande expectativa: os setores Covid do HSSM devem fechar nos próximos dias.

Mas o encerramento dos atuais oito leitos clínicos e dos cinco leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não significa paralisação no atendimento. “Tanto de UTI como de clínico precisamos manter leitos de isolamento. Então a proposta é ter uma estrutura mínima. Isso não entraria na regulação do Estado, ficaria disponível para o venâncio-airense”, explica o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira.

Na prática, o hospital manteria um leito de UTI e um clínico, ambos para isolamento, em caso de internações por Covid. Segundo Siqueira, se não houver alteração na tendência, de um ou dois casos por dia como acontece nas últimas semanas, não justifica ter recurso público parado. Ontem, os leitos clínicos estavam vazios e na UTI havia um paciente de Covid internado. “Esses leitos podem ser usados para outros serviços. E tem demanda, como para a retomada das cirurgias eletivas e uma ideia de reorganizar o setor da saúde mental.”

Tendência

Embora a proposta do hospital ainda não tenha sido formalizada à Prefeitura de Venâncio Aires, o prefeito Jarbas da Rosa já sinaliza o mesmo caminho. Segundo ele, a tendência é de manutenção nos números e essa baixa demanda seria absorvida dentro do HSSM. “A Covid será uma doença contínua, mas que com o tempo será atendida normalmente como qualquer outra que requer isolamento, como a tuberculose, por exemplo. Isso o hospital dá conta. E com toda experiência que adquirimos, monitorando todo dia, se precisarmos nos reestruturar, isso será feito.”

Jarbas também destaca a importância de utilizar os leitos para outros serviços. “Precisamos ampliar as eletivas e tem uma demanda reprimida de cirurgias ambulatoriais, que o paciente fica internado poucas horas. Esses leitos com certeza são importantes para retomar outros serviços.”

Custos

Por dia, um leito UTI Covid custa cerca de R$ 2,1 mil e um clínico R$ 800. Isso, quando ocupados. Quando não tem paciente, o valor diminui um pouco, como na medicação, por exemplo.

Mas, independente de ser apenas um paciente, o custo com enfermeiros e médicos é o mesmo, por isso se fala em ‘recurso parado’ com camas vazias.

Conforme o administrador do HSSM, com a expectativa de fechar os setores Covid, já não há escalas, para outubro, de médicos e demais profissionais específicos para o atendimento à doença.

Melhorias

• Segundo Luís Fernando Siqueira, quando a UTI Covid for encerrada, o objetivo é trocar o piso do Pronto Atendimento (PA), onde está a atual estrutura. “Vamos aproveitar períodos de transições para essas melhorias que são necessárias.”

• O bloco cirúrgico, por exemplo, é um dos setores em obras. Nele, é necessário readequar a climatização e os acessos de entrada e saída dos pacientes. As melhorias, de aproximadamente R$ 60 mil, contam com recursos do próprio hospital e da doação de empresários e ex-funcionários.

Ontem, 22, Venâncio Aires completou um mês sem mortes por Covid. O último óbito aconteceu em 22 de agosto, quando o município chegou a 133 vidas perdidas.

Pronto Atendimento SUS pode ter triagem a partir de outubro

Quando o Pronto Atendimento (PA) virou uma extensão da UTI, ainda em fevereiro, o tradicional ‘plantão’ passou a atender apenas casos de urgência e emergência. Desde então, o que é considerado passível de espera, é atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

O fluxo de atendimento nesse formato deve se manter, mas, a partir de outubro, o PA SUS pode fazer uma especie de triagem. Segundo o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira, a ideia é de que um profissional faça uma avaliação prévia do paciente para determinar se o caso é urgente (portanto segue no hospital) ou se deve ser atendido na UPA.

A questão do PA gerou reclamações da comunidade nos últimos meses, que via a porta do lado SUS ‘fechada’. No entanto, o serviço não parou. “Tivemos 1,2 mil atendimentos no último mês. Nunca esteve fechado, mas está aberto apenas para casos de urgência. Isso precisa ser levado em conta. Aqui temos um médico para os urgentes, como politraumatismo, intubação ou reverter um AVC, por exemplo. Na UPA são três médicos com perfil diferente”, destacou Luís Fernando Siqueira.

O administrador exemplifica com uma situação ocorrida em agosto, quando no mesmo dia houve dois casos de AVC e um infarto. “Nas três situações conseguimos reverter, porque tínhamos uma equipe voltada para isso, sem ter outras demandas não urgentes para dar conta. Isso que deve ser contabilizado. Quando a comunidade precisar do atendimento imediato, ela vai ter.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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