Depois de 67 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Sebastião Mártir, o morador de Mato Leitão, Daniel Fagundes da Silva, 34 anos, foi transferido para um quarto no setor de isolamento da Covid-19, onde terminará o tratamento. A alta da UTI aconteceu na manhã desta segunda-feira, 13.
Daniel foi o primeiro morador da Cidade das Orquídeas a ser diagnosticado com o novo coronavírus. Ele estava internado na casa de saúde de Venâncio Aires desde o início de maio. Conforme informações divulgadas pela Prefeitura de Mato Leitão, depois de se recuperar da Covid-19, o jovem teve outras complicações de saúde, que atrasaram a sua recuperação.
Em entrevista à Folha do Mate, a mãe dele, Leni Frohbose Tonezer, 62 anos, comemora esse momento. “Não sei nem dizer o que estou sentindo. É muita felicidade. Agora é só esperar ele chegar em casa, para que eu possa abraçá-lo”, destaca, ao lembrar que tudo que o filho queria era receber alta da UTI. O irmão, Adriano Fagundes da Silva, 36 anos, também comemora o momento que é definido por ele como “um grande passo e uma grande vitória.”
Adriano relembra o início do tratamento, quando Daniel recebeu o diagnóstico positivo para a Covid-19, e ressalta que foi uma caminhada muito difícil, em especial porque o jovem já havia enfrentado outros problemas de saúde e passado, há cerca de cinco anos, por um transplante de rim após anos fazendo hemodiálise três vezes por semana. “Os primeiros dias só eu ia no hospital, pois não queria que minha mãe e meus outros irmãos o vissem na situação que eu o vi: por cerca de 20 dias entubado, em coma, sem reação e ouvindo o diagnóstico dos médicos de que o caso dele era grave, pois apresentava uma forte pneumonia causada pelo vírus”, recorda.
Segundo Adriano, durante o tempo em que esteve internado, Daniel também contraiu uma bactéria hospitalar que lhe causou pneumonia e agravou o quadro clínico. Foi neste momento, que Adriano contou para dois irmãos sobre a real situação e um amigo da família pediu, por meio do Facebook, para que fosse feita uma corrente de oração.
“Nessa hora vimos a quantidade de amigos que ele e nós temos. A corrente foi muito forte, muitas pessoas chamando nas redes sociais, perguntando e orando por ele. Os dias passaram e recebi a notícia de que começariam a diminuir a sedação dele lentamente para ele ir acordando”, conta. Porém, poucos dias depois, Daniel contraiu um fungo, que o fez voltar a ser sedado e, novamente, agravou a situação dele.
Esperança
Adriano ressalta a força de vontade da equipe da UTI, que não perdia a esperança e o tratava como um filho. “Todos os médicos e enfermeiras faziam tudo por ele, até que ele conseguiu reagir ao fungo voltaram a diminuir a sedação, até ele voltar a acordar completamente. Esse momento foi nossa maior felicidade, pois a minha mãe e meus irmão já estavam indo vê-lo e ele estava se recuperando muito bem.”
Contudo, quando a família achou que ele receberia alta da UTI, Adriano foi informado de que o irmão precisaria passar por uma cirurgia para retirar a vesícula, que estaca muito inflamada. “Assinei os papéis com muito medo, pois apesar de estar debilitado teria que fazer uma cirurgia. Mas nossas orações continuavam”, salienta. Após o procedimento, Daniel foi sedado novamente, mas a partir desse momento não teve mais complicações e a recuperação evoluiu, até que nesta segunda-feira ele foi transferido da Unidade de Terapia Intensiva para um quarto no setor de isolamento da Covid-19, na casa de saúde.
“Agradeço imensamente a toda a equipe médica da UTI do Hospital São Sebastião Mártir por todo esforço que fizeram pelo meu irmão e por cada um que já passou por lá. A gente vê na emoção da equipe a vontade que eles têm de curar cada um que entra lá”, diz. Adriano também agradece a todos os amigos que os apoiaram durante a longa caminhada para a recuperação do Daniel e salienta que o irmão sempre lutou com muita garra pela vida. “Faço das palavras da doutora Jacque [Jacqueline Froemming] as minhas: é proibido desistir”, complementa. De acordo com Adriano, Daniel ainda está tratando um fungo. “Agora é só aguardar ele recuperar as forças e voltar a se alimentara sem sonda, e poderá ir para casa.”
*Texto atualizado às 19h16min, para atualização de informações.
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