Lá está ele, sentado em uma cadeira branca de madeira ao lado de um pinheiro com grandes enfeites natalinos. Parece de mentira, mas tudo no Papai Noel é de verdade – até a barba. A risada soa como uma canção afora das paredes da casinha montada na Praça Coronel Thomaz Pereira, de Venâncio Aires.

Por trás da roupa vermelha com detalhes em branco, costurada especialmente para os momentos vividos com o personagem, estão os sonhos de Claudiomiro Luís da Silva, de 49 anos. Enquanto recebe crianças e adultos em sua casinha e distribui pirulitos de morango e chocolate, ele afirma que o trabalho como Papai Noel mudou a sua vida.
Tudo começou ainda na adolescência, aos 17 anos, quando usou pela primeira vez, as vestimentas do Bom Velhinho. “Naquele momento já me senti um Papai Noel”, recorda. O saco de presentes, conforme Silva, foi feito de papelão onde colou alguns algodões. “Sempre via a emoção das crianças ao me ver e isso me deixava muito feliz”.
Mesmo que neste ano seja seu 14º Natal vestindo roupas vermelhas e garantindo uma ‘renda extra’, ele conta que a maior recompensa não está na quantia que recebe para entregar presentes, participar das programações natalinas ou campanhas publicitárias: “Meu maior ganho é ver o sorriso das crianças e o coraçãozinho delas palpitando quando chegam perto de mim.”
Ao chegar perto, as crianças não deixam de observar a barba grande e verdadeira, fato que encanta ainda mais. Ao questionar sobre a manutenção, explica que sempre tinha o hábito de tirar após as festividades natalinas, mas com o nascimento dos netos, há três anos, não tirou mais. “Eles me conhecem com barba, sabem que sou eu quando vou na escola deles, mas não dizem nada”, comenta, acompanhado de uma risada ‘gostosa’ de Papai Noel.
Que os pais não deixem de dar presentes aos filhos no Natal, mas não deem tanta prioridade a eles porque envelhecem. Deem amor e carinho, porque é o principal, sentimento que cresce e fortalece junto com a criança. Se o pai e mãe não fazem isso, ele está perdido
Mensagem do Papai Noel
SonhoAssim como os muitos pedidos já atendidos, o Papai Noel do Santo Antônio, localidade onde mora em Mato Leitão, também tem um sonho. De família humilde, com apenas a 4ª série concluída, ele perdeu o pai aos 13 anos, e a mãe aos 17. Sendo o filho mais novo, tomou conta das coisas da família e sem conter a emoção, recorda, a dificuldade que era em fazer todo o trabalho de plantação de forma manual. Hoje, segue trabalhando na lavoura como agricultor, onde planta milho e aipim – exceto no mês de dezembro.
Casado com Júlia, pai de Bianca e Ana Cláudia, de 24 e 27 anos, respectivamente, cultiva sonhos ao lado da família, ‘berço’ que para ele é o maior sinônimo de felicidade, assim como os momentos que vive ao ser Papai Noel. Quando vestiu a magia do Natal, Claudiomiro conta que alimentava o vício do jogo, álcool e cigarro. “Mas graças à boa energia das crianças, consegui superar isso e hoje vivo para a família e para o trabalho o ano todo”.
Enquanto responde atentamente as perguntas feitas pela reportagem, deixa escapar “eu tenho um grande sonho” acompanhado de um sorriso. Pela cor azul dos olhos, era visível que seria algo positivo para todos. “Quero poder escrever um livro e contar a minha história. Para que ele seja uma forma de apoio para quem não dá valor à vida. Eu achei que nunca ia me libertar e consegui”, comemora.
AgendaA agenda do Papai Noel fica intensa, principalmente, em dezembro. Claudiomiro Luís da Silva divide a sua rotina com atividades em Venâncio Aires e Mato Leitão. ‘Residente’ na casinha na Praça Coronel Thomaz Pereira, explica que no dia 24 precisa realizar a entrega de presentes nesses dois municípios e também em Passo do Sobrado.