O crescente número de automóveis em circulação e o custo mais baixo do transporte urbano, leva algumas pessoas a deixarem de utilizar os táxis como nos anos anteriores. Desde o início deste ano, por exemplo, a demanda desse meio de locomoção diminuiu 20% em Venâncio Aires. De acordo com os taxistas entrevistados, o problema está na crise financeira, a qual faz as pessoas reduzirem os gastos.
Segundo Delmar Ferreira, ex-presidente da Associação de Taxistas, e há 13 anos na profissão, Venâncio conta com 89 profissionais. Na zona urbana, há 66 deles. O valor da bandeira é definido da seguinte forma: a Associação sugere um valor, encaminha o pedido à prefeitura, onde o mesmo é analisado pela Prefeitura e integrantes do Departamento de Trânsito. Após isso, o valor é estabelecido. No momento, no perímetro urbano a ‘arrancada’ é R$ 4,60, e a cada 100 metros percorridos, aumenta cerca de R$ 0,20. Conforme ele, esse valor da bandeira é mudado a cada três anos. “Mas faz quatro anos que não o alteramos, porque sabemos que não está fácil para ninguém e se aumentarmos os preços, aí mesmo que não conseguiremos rodar muito”, comenta Delmar. Conforme ele, em média, 20 pessoas são atendidas por dia por cada taxista, e o público varia muito. Idosos solicitam táxis para se deslocarem ao banco, receber a aposentadoria, ir ao médico, enquanto que as demais pessoas apenas utilizam o serviço quando perdem o ônibus ou estão com pressa. “As pessoas hoje em dia estão sem dinheiro e em crise. A gente só escuta o comentário de que está difícil. Então elas começam a reduzir gastos, primeiro nos táxis, depois, na academia, e assim vai indo”, observa.
NA PONTA DO LáPIS
O taxista Tailor Barcelos Rosa, 67 anos, exerce há 30 anos a profissão. Ele comenta também que desde o início do ano percebeu a diminuição pela procura do serviço. “As pessoas hoje em dia estão com pouco dinheiro, pois tudo está muito caro, e acabam não andando mais de táxi com tanta frequência”, ressalta. Segundo ele, é um serviço de risco, inclusive para os taxistas que estão disponíveis 24 horas diárias, os quais correspondem cerca de 10% do total. Os demais, costumam trabalhar 12 horas por dia. Tailor costuma organizar em uma lista todas as corridas que faz durante o dia para manter o controle na ponta do lápis.
DEVERES
De acordo com o ex-presidente da Associação de Taxistas, Delmar Ferreira, um taxista precisa ter carteira da profissão, crachá, alvará em dia, licenciamento para rodagem e o carro não pode ter mais de 10 anos de uso. Além disso, os funcionários precisam bater o ponto.
SERVIçO RáPIDO
Elenor Bolico da Silva, aposentado, 71 anos, é um dos clientes fieis de um ponto de táxi de Venâncio. Sem veículo e com a carteira de habilitação vencida, teve que buscar outras alternativas para se deslocar de um local para outro. Por isso, desde que mora na cidade, há 35 anos, anda de ônibus e táxi, e até chegou a usar bicicleta. Andar de ônibus, para Elenor, não tem custo, porque possui vale transporte. Mas, em relação aos táxis, com os quais anda uma vez por dia, gasta, por mês, cerca de R$ 180.
Mesmo que não precise pagar o transporte urbano, prefere táxi. Ele explica: “Na verdade as pessoas da minha família têm carro, só que eu não quero incomodar e costumo andar mais de táxi, porque é mais rápido e quando tenho pressa, não me atraso.” Para o aposentado, o valor da bandeira não está caro: “Eu acho que o valor do táxi está justo, porque nós sabemos que os taxistas também têm gastos com manutenção, combustível e outras coisas, até porque para todo mundo a situação está difícil.”