
Por ano, cerca de 7,6 milhões de pessoas morrem com câncer no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. O Brasil, por exemplo, tem 11 mil novos casos de câncer infanto-juvenil a cada ano. Devido a este índice da doença, setembro é dedicado especialmente às crianças portadoras de câncer. Através de uma campanha nacional, conhecida como Setembro Dourado, é reforçada a conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce.
De acordo com a oncologista clínica Sheila Calleari Marquetto, o câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Não é comum em crianças, mas as faixas etárias pediátricas mais precoces, de até 4 anos, são as mais propensas ao desenvolvimento da doença.
é HEREDITáRIO?
A profissional destaca que, em geral, o câncer não é hereditário. A criança não herda ele, mas componentes genéticos a torna predisposta à doença. “São raros os casos em que é herdado como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que afeta crianças”, comenta.
Conforme ela, apenas 10% dos cânceres são hereditários. “Desta forma, não podemos dizer que as pessoas já nascem com células cancerígenas”, explica.
Nos adultos, em muitas situações, o surgimento do câncer está associado aos fatores ambientais como, por exemplo, fumo, álcool, alimentação, sedentarismo, agentes químicos e irradiação, o que já não ocorre com crianças.
Sheila ressalta que assim como em países desenvolvidos, o câncer no Brasil já representa a primeira causa de morte (7% do total), em crianças e adolescentes de até 19 anos.
A prevenção é um desafio para o futuro. A ênfase atual deve ser dada ao diagnóstico precoce
TEM CURA?Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi significativo, segundo a oncologista. Hoje, em torno de 70% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados de forma precoce e tratados em centros especializados. “A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado”, complementa.
O tratamento compreende três modalidades principais, que são a quimioterapia, cirurgia e radioterapia, aplicado de forma racional e individualizada para cada tumor específico e de acordo com a extensão da doença. Alguns pacientes necessitam também de transplante de medula óssea.
Além disso, conforme Sheila, é de fundamental importância que a criança seja tratada por uma equipe multidisciplinar.
LIGA DE COMBATE AO CâNCER
A Liga Feminina de Combate ao Câncer de Venâncio Aires existe desde 19 de março de 1997 e trabalha em prol de pessoas portadoras da doença.
Conforme a secretária da entidade, Marli Bussmann, são atendidas, por ano, cerca de duas crianças com média de 7 anos. No momento, a Liga atende uma jovem de 15 anos. “Graças a Deus atendemos poucas crianças com câncer”, comenta.
Marli conta que os tipos mais comuns de câncer já apresentados pelas crianças eram o sarcoma, (que se desenvolve a partir de certos tecidos, como osso ou músculo), leucemia, câncer no fígado e câncer de nasofaringe.
Ela, que trabalha há 11 anos na Liga, conta que, através da vivência com as crianças, aprendeu e enxergar a vida de uma forma diferente. Entre as lições que teve, destaca: “O importante é sempre ajudarmos as pessoas quando estamos bem, porque nunca sabemos quando vai ser a nossa vez. O mundo dá voltas e algum dia pode ser que a pessoa que ajudamos, nos ajude depois.”
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