
Auxiliar alguém com dificuldade para atravessar a rua. Carregar uma sacola pesada para uma pessoa com mais idade. Arrecadar roupas para pessoas carentes ou participar de campanhas para doação de alimentos não-perecíveis e de sangue. Além dessas, tantas outras ‘pequenas’ ações realizadas pelas pessoas podem gerar atos grandiosos de solidariedade.
Nem sempre é fácil explicar o que é solidariedade e quais são os sentimentos e ações que esse conceito engloba. No entanto, é importante saber que existe um ‘gatilho’ que aciona as ações solidárias. Segundo a psicóloga Aneline Schneider Decker, para ser solidária a pessoa precisa ter a capacidade de ser empática com a outra. Ou seja, não pensar apenas nas suas próprias necessidades e ambições, mas colocar-se no lugar do próximo e conseguir analisar e perceber a situação em que ele está, como se sente e quais são as vivências dele, sem julgar.
De acordo com a profissional, existem diversas maneiras de colocar a solidariedade. Ações solidárias podem ocorrer entre integrantes de uma mesma família, grupos de amigos, no ambiente de trabalho e, até mesmo, com desconhecidos. Aneline salienta que toda maneira de ser solidário é válida. Ela reforça que em todos os casos de solidariedade é preciso que a pessoa tenha consigo o sentimento de empatia e que, de alguma forma, fique sabendo das ações que estão sendo realizadas. “Se a pessoa é empática e quer ser solidária, independe se é um familiar ou não”, cita.
RECOMPENSA
A profissional destaca que o importante de ser solidário não é o que a pessoa que ajudou irá ganhar com isso, mas a sensação de saber que gerou algo de bom para outro. “Isso não envolve a nossa felicidade propriamente dita. Você está fazendo o bem para outra pessoa. A sensação boa que se tem é justamente a empatia, saber que se fez algo de bom para outra pessoa.” Aneline ainda comenta que, muitas vezes, “as pequenas ações de solidariedade, na verdade são pequenas apenas na visão de quem faz, porque para quem recebe, naquele momento, a necessidade era enorme”. Conforme ela, “se todos fizessem um pouco mais das ‘pequenas’ ações solidárias, o mundo seria muito mais harmonioso”.
PRESSA
Um marco da sociedade atual que foi apontado pela psicóloga Aneline Decker como dificultador da empatia e, consequentemente, das ações solidárias, é a pressa. A profissional explica que, mesmo a pessoa sendo empática, em alguns momentos ela se vê numa situação complicada para poder colocar a solidariedade em prática, devido à rotina em que vive. “A pressa também gera uma sociedade egocêntrica. Mesmo que eu seja empático, daqui a pouco eu não me vejo possibilitado para ajudar devido ao meu tempo. Então o stress social também dificulta muito os atos de solidariedade,” explica.
A solidariedade é contagiante

Para a costureira Fátima Ferreira, de 46 anos, a solidariedade foi um ato que ficou marcado na sua vida. Há aproximadamente 10 anos ela teve sua casa completamente destruída por um temporal e fazia apenas um mês que havia finalizado as obras. Na ocasião, perdeu tudo. Foi nesse momento que recebeu ajuda de diversos vizinhos e, também, de muitas pessoas desconhecidas que faziam parte de um grupo de caminhoneiros do qual o marido dela na época era integrante.
Fátima revela que ficou muito surpresa com a mobilização de pessoas de diversos estados, que ela nunca tinha visto, além da ajuda dos vizinhos. A costureira afirma que, hoje, sempre que pode e percebe que alguém precisa de ajuda, está pronta para ser solidária.
A agricultora, Angélica de Oliveira, de 29 anos, comenta que, na sua opinião, pequenas ações de solidariedade são muito importantes e deveriam ser um hábito de todas as pessoas. à reportagem, contou que já ajudou diversas pessoas de sua família, principalmente em casos de doença, e que sempre que vê alguém precisando de ajuda, mesmo sendo estranho, está pronta para praticar este gesto tão nobre.
