Polícia Civil de Venâncio Aires instaurou inquérito para apurar supostas irregularidades cometidas por um casal que angariou dinheiro através de campanhas, para o tratamento de uma doença grave: o câncer. O caso foi registrado pelo delegado Vinícius Lourenço de Assunção e o inquérito, instaurado pelo delegado Felipe Staub Cano.

O delegado Vinícius fez a ocorrência policial, após informações que recebeu de três moradores de Venâncio Aires. Eles intermediaram algumas ações e campanhas para arrecadar dinheiro para auxiliar no tratamento médico da suposta portadora da enfermidade e se sentem lesados com a possibilidade de se tratar de um golpe.

A ocorrência policial, sob o título de ‘Estelionato’, refere como suspeitos Grazieli Regina Kretschmer, 28 anos, e o seu companheiro, Alfane Rosa de Oliveira, 32 anos.

A jovem, que é de Venâncio mas mora em Joinville, cidade de Santa Catarina, está sendo alvo de especulações sobre a veracidade do câncer que mobilizou venâncio-airenses no segundo semestre do ano passado, quando uma ação entre amigos e uma pastelada foram realizadas em benefício dela.

Além disso, Grazi recebeu doações em dinheiro para custear cirurgias. Segundo apurado pela reportagem, somente com a rifa foram arrecadados quase R$ 18 mil, sem contar o valor angariado a partir de uma pastelada e com doações espontâneas, como as depositadas a partir da divulgação do número de conta do companheiro dela.

NãO VEMO advogado de Grazieli, Artur Caminha, de Joiville (SC), ficou sabendo do inquérito através da reportagem, na tarde de ontem. Ele manteve o discurso da entrevista anterior, confirmando a doença de Grazieli e disse que vai aguardar uma intimação oficial. “Se for judicializado daí a gente vai se manifestar. Esse é um procedimento para verificar se há ou não provas. O Ministério Público que terá que decidir se vai ou não judicializar.”

O advogado reconheceu que o processo deve demorar anos, devido a morosidade da Justiça. Questionado sobre a possibilidade dela dar depoimento em Venâncio, ele descartou, devido as condições físicas da sua cliente. Tranquilo sobre a situação, citou ainda o princípio do contraditório na fase policial, que não obriga a apresentação de provas, apenas é um momento para colhê-las.

A reportagem também perguntou se não seria mais oportuno para Grazieli, apresentar uma comprovação para acabar com os boatos, e ele disse que prefere não falar sobre isso. Frisou que trabalha para que o assunto “não vire uma bola de neve novamente” e comentou a repercussão nas redes sociais. “A gente tem declarações rigorosas nas redes sociais, inclusive tem um advogado do escritório que está fazendo monitorando das declarações e qualquer dano causado a ela iremos buscar reparação judicial”, assegura.

Também aproveitou o espaço no jornal para observar que nunca foi contatado pelo delegado de Polícia de Venâncio Aires, como informado em reportagem no dia 3 de março.