Foto: Edison Vara / DivulgaçãoTabajara Ruas estará na Feira do Livro neste sábado, a partir das 16h
Tabajara Ruas estará na Feira do Livro neste sábado, a partir das 16h

A 17ª Feira do Livro de Venâncio Aires recebe uma visita especial neste sábado. O patrono do evento, Tabajara Ruas, estará no palco principal do Pavilhão de Eventos São Sebastião Mártir, a partir das 16h. No espaço, deve compartilhar um pouco da sua experiência como escritor e, também, falar sobre sua nova obra ‘Você sabe de onde eu venho’, que trata da participação do Brasil na II Guerra Mundial.

Em entrevista à Folha do Mate, falou sobre a honra de ser nomeado patrono: “A honra é imensa. é concedida sem que o escritor a solicite. é concedida independente da vontade do escritor. Ser patrono de uma Feira, através de um convite espontâneo, é a maior prova dos méritos do autor.”Ele não é cheio de rimas, mas escreve com o coração, como Tabajara Ruas mesmo admitiu, porém, não sabe bem como falar sobre si: “Ninguém se conhece com tanta certeza que pode escrever sem relutância num jornal e espalhar aos quatro ventos quem é. Mas vamos dizer que eu eu sou um boa praça. E escritor”, ressalta.

Natural de Uruguaiana, cursou arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Kongeligkun Academi em Copenhege. Entre 1971 e 1981 ficou exilado no Uruguai, no Chile, na Argentina, na Dinamarca, em São Tomé e Príncipe e em Portugal devido à ditadura militar. Em 1999 produziu uma das suas grandes obras juntamente com Beto Souza no curta-metragem ‘Netto Perde Sua Alma’. A produção mais recente do patrono deve ser lançado no dia 15, em mais de dez cidades do Brasil. Entre as obras estão: ‘O fascínio’, ‘O amor de Pedro por João’, ‘A região submersa’ e tantas outras.

Folha do Mate – Qual a ligação da arquitetura, cinema e literatura? O que significam pra ti e qual a interligação de cada uma delas?Tabajara Ruas – As três artes apareceram na minha vida por acaso, mas com certeza têm uma ligação secreta entre elas. Cinema e literatura são artes narrativas e ao mesmo tempo plásticas, e a arquitetura é uma arte plástica que interage com o ser humano, assim como um livro e uma imagem.

Quando começou a escrever e por quê?Comecei a escrever muito cedo, ainda adolescente. O porque é o mistério. Nenhum escritor sabe. Escritor escreve porque sofre de uma impulsão secreta, a qual, se ele soubesse como desligar, acredito que muitos o fariam.

Seu ‘coração bate mais alto’ por escrita de romances?Bate. O romance é uma arte nobre. Exige dedicação, esforço, exige competência não apenas num dia, ou numa frase bem feita, mas semanas, meses, uma longa temporada de mergulho num mundo que sai das entranha do escritor e o revela e o confronta consigo mesmo. é um trabalho difícil, mas é compensador.

Cada uma de suas obras, traz um pouco de você?Sem dúvida. Qualquer trabalho, de qualquer espécie, feito com o apoio do coração, revela o autor.

O que lhe motivou a escrever ensaios? Escrever ensaios é mais sensato. Só entra a razão. A literatura é uma forma mansa de loucura.

Por que esse apreço que sente pelas histórias e mitos do Rio Grande do Sul?Acho que pelo simples fato de ter nascido aqui. Qualquer lugar, próximo ou longínquo, tem seus mitos e histórias. Olhar para os nossos mitos é imensamente rico.

Qual a dificuldade encontrada, nos dias atuais rodeados pela tecnologia, de conquistar um jovem para a leitura, para o cinema?Cada época tem seus desafios, mas é bem verdade que antigamente não havia toda essa parafernália moderna que dispersa a atenção do provável leitor. O livro ainda é o instrumento mais eficaz de educação e entretenimento. é o mais humano, o mais adequado à nossa condição. Não devemos desesperar e entender que a educação é a batalha deste século que o Brasil vai travar para sair das amarras que instem em puxá-lo para o abismo. Leitores, professores e escritores não podemos desistir.