Pela primeira vez, o vereador Telmo Kist se pronunciou, oficialmente, sobre a troca do PDT pelo PSD, aproveitando a janela partidária – sem ameaça de perda de mandato – que foi
encerrada na última sexta-feira, 2. Ele ocupou parte do seu período de comunicações, na tribuna da Câmara, durante a sessão de segunda-feira, para dizer que sentiu que este era o momento para ir em busca de novos ares.
Com expressão notadamente tranquila, Telmo Kist declarou que o PDT está rejuvenescido e que, atualmente, ele “mais incomodava do que ajudava dentro do partido”. Garantiu que não há mágoas em relação à sigla ou seus integrantes, e também desejou boa sorte ao colega Jarbas da Rosa, que foi escolhido pelos pedetistas como pré-candidato à Prefeitura. “A vida é feita de ciclos, e o meu no PDT está encerrado”, falou.
Kist revelou que, assim que a informação de que ele estava disposto a mudar de legenda ganhou a cidade, foi contatado, além do PSD, por PMDB, PPS, PCdoB, PP e PSDB, aos quais agradeceu pela lembrança de seu nome. No entanto, a decisão, de acordo com ele, foi por “um partido menor, onde com humildade quero contribuir, com o tempo que disponho, para o seu crescimento e consolidação em Venâncio Aires”.
FORA DA ELEIçãOA troca de partido não mudou uma convicção de Telmo Kist, segundo informou na tribuna: ele não vai concorrer a cargos eletivos em outubro. Assim que sua ida para o PSD foi confirmada, passou a ser ventilado, até mesmo, como eventual vice na chapa de Jarbas da Rosa, já que sua sigla faz parte da base do governo de Airton Artus. Mas Telmo Kist descarta: “Não quero concorrer, quero ajudar a construir. Nossa comunidade espera muito de seus políticos e, neste momento, vou participar do processo, apenas”.
Troca-troca rende manifestações veladas e recados diretos
Assim que Telmo Kist justificou na tribuna os motivos pelos quais decidiu deixar o PDT e filiar-se ao PSD, os colegas parlamentares foram, um a um, manifestando seus pensamentos não apenas em relação a ele, mas também a outros políticos que mudaram de legenda na janela partidária. No caso de Telmo, nenhum ataque. Sobrou mesmo foi para o vice-prefeito Giovane Wickert, que trocou o PT pelo PSB, onde também foi anunciado pré-candidato à Prefeitura Municipal nas eleições de 2 de outubro deste ano.
O presidente da Câmara, José Ademar Melchior, o Zecão (PMDB), foi o parlamentar mais direto. Citando o nome de Wickert, disse que o vice-prefeito “arrumou um partido que recebesse ele e, para buscar o poder, abandonou seus companheiros”. Declarou ainda que admira os vereadores José Cândido Faleiro Neto e Vilson Gauer, ambos do PT, que segundo ele, “defendem o Partido dos Trabalhadores, apesar das crise, e aguentam ‘no osso do peito’ as críticas da situação em relação ao Governo Federal”.
José Cândido Faleiro Neto (PT), sem citar nomes, disse esperar que as mudanças de legenda tenham sido “por opção, e não por oportunismo”. Pediu desculpas à imprensa por ter mantido o silêncio nos últimos dias – ele que, com a saída de Giovane Wickert da sigla, é o nome mais ventilado do PT para concorrer à Prefeitura – e garantiu que o partido vai seguir dialogando com a sociedade e buscando os caminhos da boa política. “é um momento difícil, mas o PT tem outras importantes lideranças e clareza nos seus objetivos”, afirmou. Na opinião do petista, “os eleitores têm inúmeras dúvidas no momento, não sabem em quem acreditar, mas saberão evidenciar conchavos de ocasião e interesses particulares”.
Vilson Gauer (PT) afirmou que “ninguém saiu pela porta dos fundos no PT” e defendeu que, neste momento, é oportuno que todos reflitam sobre tudo o que está acontecendo no país para que, depois da turbulência, possa haver crescimento. O parlamentar, que também chegou a ventilar sua saída do Partido dos Trabalhadores, entende que o debate deve ser franco e aberto, “sempre respeitando, em primeiro lugar, as pessoas, que são livres para fazer as escolhas que acharem melhores para as suas vidas”.
GIOVANE REBATEEm contato com a reportagem da Folha do Mate logo depois do término da sessão da Câmara, o vice-prefeito Giovane Wickert classificou o posicionamento de Vilson Gauer como “muito moderado”, e as palavras de José Cândido Faleiro neto como “moderadas”. Ele se disse até mesmo surpreso com o tom menos intenso das declarações de Cândido, já que o vereador o havia atacado na semana anterior com veemência. No entanto, não poupou críticas a Zecão, a quem chamou de “oportunista por estar dando pitaco em partido que não é o seu”. Reforçou que não está arrependido da decisão, que precisava buscar um espaço onde pudesse ser mais propositivo e que vai deixar para a população fazer a comparação entre o seu trabalho e o do presidente da Câmara. “Veremos quem é que faz política por convicção e quem faz por conveniência. Não vou entrar nessa de ataques”, disse o vice-prefeito.