Foto: Sergio Klafke / Folha do Matec

“Chegou a hora de eu ser candidato a prefeito.” A afirmação é do vereador Telmo Kist, que ontem à tarde, em entrevista à Folha do Mate, anunciou que pretende concorrer a prefeito pelo PDT, partido que ele preside em Venâncio Aires e coordena na região.

Durante a entrevista, que antecedeu seu discurso sobre o assunto na Câmara de Vereadores, na noite de ontem, Kist garantiu que, após três mandatos, não voltará a concorrer a uma cadeira no Legislativo e aposta na sua trajetória política para ganhar o aval e a unidade do partido para disputar a majoritária no ano que vem. Mas o caminho não está tão livre. O PDT – partido do atual prefeito – tem, pelo menos, mais dois nomes cotados para a ‘vaga’: o secretário de Desenvolvimento Econômico e Agricultura, Hélio Lawall e o vereador Jarbas da Rosa. Para sua organização pessoal, profissional e política, Kist pressiona o partido para que até o fim do ano o nome do PDT seja definido.

Folha do Mate – Você anuncia que não vai mais concorrer a vereador e declara, pela primeira vez, que quer ser candidato a prefeito pelo PDT. Como se deu esta decisão?Telmo Kist – Esta questão de não me candidatar mais a vereador é uma decisão que já amadureci há bastante tempo porque entendo que se deve dar espaço para novos valores. O partido tem muitos bons nomes e se os mais velhos não saem e dão este espaço, fica difícil porque são poucos os eleitos. Pensei que três mandatos são suficientes para a gente desenvolver um bom trabalho como vereador. Fico muito feliz com o trabalho que realizei, que foi reconhecido pela comunidade, […]e, em razão do meu trabalho no partido, é natural que eu coloque o meu nome para ser um dos pré-candidatos a prefeito. Sei que o partido vai ter outros nomes, mas quero que o meu nome esteja incluído nas pesquisas que forem realizadas, que o meu nome se faça constar com uma possibilidade de ser prefeito. Me sinto à vontade, conheço a máquina pública, estive três vezes como secretário e não tenho nenhum receio de fazer este trabalho.

O PDT tem mais de um nome. Como está sendo trabalhada esta questão, considerando-se que o atual prefeito é do PDT, e que o objetivo é colocar o partido novamente à frente da Prefeitura?O partido vai ter candidato a prefeito, pois precisamos alguém que continue e defenda este projeto. Numa reunião do PDT houve o lançamento do secretário municipal de Agricultura Hélio Lawall, como candidato a prefeito. Ele se colocou à disposição e vai lutar pelo seu espaço. Até agora, apenas ele fez esta manifestação e eu estou fazendo agora, pois queria tê-lo feito na quarta-feira, 22, quando tivemos reunião do partido. Mas em razão da enxurrada ocorrida naquela noite não foi possível reunir o pessoal […] Quero ser um pré-candidato e quero que o meu nome seja incluído nesta disputa interna. Mas, com uma condição: que ela seja decidida este ano. Como não vou a vereador, quero que o destino da minha vida e o que vou fazer a partir do próximo ano esteja bem claro no início do ano. Assim, se o partido optar por outro nome, eu estarei liberado para buscar minhas coisas profissionais e me dedicar mais a minha profissão e deixar a política para quem realmente vai representar o partido.

Como achas que será esta aceitação interna, que será o segundo passo, pois o primeiro é se apresentar como pré-candidato? A gente sabe que vai ser uma caminhada difícil e também sabemos que não foi fácil para para o Airton. Se lembrarmos 2008, quando ele se lançou, se fosse dar atenção para as pesquisas, ele nunca teria sido candidato. Pesquisa é para depois da campanha, quando as coisas realmente se decidem, quando o programa de governo é debatido, quando os debates ocorrem. […]Agora, o partido conhece os seus candidatos, conhece os companheiros e sabe em quem pode confiar para representar este governo, para que este projeto tenha continuidade. Vamos fazer a escolha – e tenho convicção para este ano ainda – para que o escolhido possa trabalhar com tranquilidade.

Hoje, o partido não abre mão de liderar uma chapa majoritária ou poderia vir com um candidato a vice?Não vejo como, pois o nosso partido cresceu muito. Se fizermos uma pesquisa, em número de lideranças, somos o maior partido. Uma coisa é ter um grande número de filiados, outra, é nas reuniões, na participação. Criamos uma classe política muito competente e muitos nomes que estão sendo sugeridos também poderiam participar. Tenho a convicção de que o partido não vai abrir mão de ter um candidato a prefeito.

Qual a relação com o PMDB ? é uma tendência ter um candidato do PMDB a vice-prefeito?Não, em absoluto, não. Buscamos o PMDB como parceiro na Câmara para dar governabilidade ao nosso projeto político, mas sem nenhum compromisso. Mas é evidente que caso saísse candidato, gostaria muito de contar com um partido do tamanho do PMDB, se quisesse integrar uma frente de partido, porque já temos outros partidos que estão integrados com a Administração Municipal.

Em entrevista à Folha, o vereador Jarbas da Rosa afirmou que a próxima eleição será um divisor de águas e que vai deixar muitos nomes de políticos e de famílias políticas para o passado. Como vês esta renovação nas eleições de 2016?O prefeito Airton já foi uma renovação pois tinha duas candidaturas consagradas, que foram os ex-prefeitos Almedo Dettenborn e Glauco Scherer. E, esta terceira via surgiu dentro do PDT, ganhou espaço baseada num programa de governo, num jeito novo que a gente levou até o eleitorado e foi aceito. Questão de nomes para mim não conta muito, e sim, são as ideias, os projetos, a sua história política, a sua ética, um trabalho comunitário já prestado, avaliado, conhecido. Isto é fundamental, porque não se quer fazer aventura, e sim, se quer segurança de que o próximo prefeito continue o mesmo caminho.

Não te preocupa o fato de não ter uma unanimidade dentro do partido?Entendo que o partido terá maturidade de escolher o candidato e ir com ele para a eleição. A partir disso, ter estratégias como fizemos em 2008 e em 2012. Foi com os frutos destas estratégias, de pensar de forma correta o Município, é que chegamos ao poder […]. Teremos um outro candidato, que desta vez não é o Airton, mas será outro com a mesma história do PDT, os mesmos compromissos com a comunidade.

Como será conduzido o processo interno da escolha do candidato?Vamos formar uma comissão eleitoral que vai comandar esta escolha. Vamos definir isto até dezembro, pois é fundamental que isto seja definido logo, pois as pessoas na rua perguntam: quem afinal é o candidato do PDT? O partido cresceu muito, ele está hoje não apenas na cidade, mas também no interior, tem boas lideranças e com uma perspectiva de eleição muito boa pela frente.

O que diferencia o teu nome do Hélio e do Jarbas. Carreira política, respaldo da comunidade?Tenho uma história dentro do partido, fruto das eleições que fizemos, da união do partido, passamos de dois para seis vereadores, fui e coordenei este processo. […]Este trabalho associado ao conhecimento que tenho fora de Venâncio Aires onde represento o meu partido, seja na região do Vale do Rio Pardo, seja em Porto Alegre, um completo entrosamento com a direção estadual do PDT. Estou identificado com o partido e por isso, o meu nome seria natural e seria quase estranho se agora não fosse colocado à disposição para concorrer a prefeito. Fui candidato a deputado estadual, fiz 25 mil votos, não é pouca coisa um vereador de Venâncio representando um partido que ainda era pequeno em 2010 e, que cresceu muito a partir de 2012.

Ter o aval do atual prefeito é importante para um futuro candidato?O apoio é fundamental porque o candidato vai representar o projeto que o prefeito Airton trouxe até aqui.

Tens uma boa proximidade com o prefeito?Começamos juntos em 2001, quando ele me convidou para ingressar no partido. Fui assessor de bancada quando ele foi vereador. Quando ele saiu como candidato a vice-prefeito do PMDB em 2004, tivemos a nossa convenção que mais tarde culminou com a saída do vereador Nestor de Azeredo do partido e a nossa posição foi de fidelidade ao colega Airton, pois entendíamos desde o início que a proposta dele era buscar a experiência para ser candidato a prefeito.

Ao longo da tua carreira política já tiveste a oportunidade de colocar teu nome à disposição para uma chapa majoritária?Não, mesmo sendo o vereador mais votado em 2008 e, em 2012, o prefeito foi à reeleição. Jamais me passou pela cabeça de contestar a liderança do prefeito Airton, que sempre foi o nosso líder maior. No momento em que ele não é o candidato, é que surge o espaço e é por isso que coloco meu nome à disposição. A candidatura tem o seu tempo de maturação, sabendo sempre que a liderança maior é do prefeito Airton.

Recado à comunidade:Quero dizer aos meus amigos que coloco meu nome à disposição e vou buscar meu espaço, vou disputar dentro do meu partido, que é a forma democrática de escolher um candidato. Os convencionais do partido vão analisar, escolher o que é melhor para o partido e definir o candidato que tem condições de representar o projeto, que tenha uma história política e que tenha o conhecimento técnico para fazer um bom governo.