é no bairro Bela Vista onde a família Villada encontrou terra fértil para cultivar um alimento popular e comum no seu país de origem. O plátanos e o píldoro, são

Foto: Vanessa Behling / Folha do MatePrimeira colheita dos plátanos, em Venâncio, foi realizada por Fanny e Marisabel na semana passada
Primeira colheita dos plátanos, em Venâncio, foi realizada por Fanny e Marisabel na semana passada

frutas típicas da Colômbia, semelhantes a bana brasileira, mas usadas como base de muitas refeições.

Enquanto nós brasileiros somos acostumados a comer, diariamente, arroz e feijão, a base das refeições dos colombianos é os plátanos, arepas e aipim. De acordo com Fanny Villada, devido as guerrilhas existentes no país, muitas cidades ficam desabastecidas de alimentos. Mas segundo ela, isso nunca foi motivo para que seus filhos passassem fome.

“Morávamos no interior, mas sempre tínhamos plátanos. Se não havia óleo para fritá-las, as cozinhávamos, igual a aipim. Mas nunca meus filhos se deitaram com fome.”

Marisabel Hernandez Villada, 28 anos, chegou em Venâncio em outubro de 2013. Além de trazer a saudade de duas filhas que permaneceram na Colômbia (mas hoje vivem com ela em Venâncio) e algumas peças de roupas, na mala trazia a planta-mãe (pé da planta com raízes) daquela que muitas vezes foi sua única refeição. As duas mudas de plátanos e uma de píldoro vieram ‘camufladas’ em meio as roupas. Ao chegar em Venâncio, sua mãe Fanny não exitou e tão logo as plantou em sacolas plásticas, as quais encheu de terra. Depois de cerca de 40 dias, já bem desenvolvidas, foram transplantadas para o terreno onde está a sede do projeto Minuano, da ONG Planeta Vivo, no bairro Bela Vista. Mas a expectativa de que as plantas ‘vingassem’ não era das melhores, já que o local escolhido era um gramado, com um solo muito firme e pouca luz solar. Mas as plantas começaram a se desenvolver, no entanto para a tristeza da família, uma delas foi alvo de uma vaca, que acabou comendo parte dela. E depois disso, quando tinha se recuperado e o primeiro cacho estava abrindo, um temporal derrubou-a. Mas, depois de dois anos, finalmente os primeiros plátanos puderam ser colhidos na semana passada. Agora a expectativa é pela colheita do cacho de píldoros, que deve ser colhido dentro de três meses.

Foto: Arquivo pessoalMudas de plátanos e píldoros foram plantados por Jorge, pai de Marisabel, e cultivados no terreno da sede do Projeto Minuano, no bairro Bela Vista
Mudas de plátanos e píldoros foram plantados por Jorge, pai de Marisabel, e cultivados no terreno da sede do Projeto Minuano, no bairro Bela Vista

O consumo

A colheita da Plátanos é feita quando a fruta ainda está verde. Quando ela está apta a ser colhida, é preciso que seja feito o corte da árvore, para que em até oito meses uma nova planta com a fruta tenha se desenvolvido. Ela é consumida frita, assada ou cozida e integra o prato típico da Colômbia: a sancocho de galina (sopa de galinha com milho verde, aipim, moranga, batatas brancas e os Plátanos faz com que a sopa engrosse, virando um caldo). Já a Píldoro pode ser comida mais madura e crua. “Preferimos ela mais verde, pois dá para fazer mais coisas”, explica Marisabel. Depois de se mudar para Venâncio, ela havia comido a fruta apenas uma vez, quando a mãe comprou em Porto Alegre, mas, segundo ela, além de ser muito cara, já estava muito madura, devido a importação da mesma.

Depois de Fanny e Marisabel fazerem a primeira colheita na semana passada, reuniram a família e amigos de Venâncio para saborearem pratos típicos do seu país. Além de consumirem os Plátanos, prepararam Arepas, que são semelhantes a uma panqueca feita de canjica de milho cozida e amassada, assadas numa grelha.

Agora, a família irá replantar mudas numa parte do terreno, onde o solo é mais favorável e tem mais sol, a fim de que o alimento volte a fazer parte de seu cardápio. “A terra aqui é muito boa, o clima é muito bom, então pode ajudar para que o desenvolvimento seja mais rápido. Na verdade, essa é a comida de preguiçoso, pois ele dá no mato, na sombra, não precisa de muito cuidado”, brinca Marisabel.