A alta velocidade dos veículos e a falta de medidas de controle têm resultado em acidentes e aumentado o temor de quem vive às margens da via ou transita pelo local (Foto: Alan Faleiro)
A alta velocidade dos veículos e a falta de medidas de controle têm resultado em acidentes e aumentado o temor de quem vive às margens da via ou transita pelo local (Foto: Alan Faleiro)

Venâncio Aires - O asfaltamento da rua Augusto Silveira de Moraes, via também conhecida como Corredor dos Gauer, que liga os bairros Santa Tecla e Bela Vista, inaugurado no fim de 2020, foi comemorado pela comunidade, que antes reclamava da poeira e do barro nos dias de chuva. A pavimentação, reconhecem os moradores, resolveu esses problemas históricos.

Por outro lado, trouxe novos desafios. A alta velocidade dos veículos e a falta de medidas de controle têm resultado em acidentes e aumentado o temor de quem vive às margens da via ou transita pelo local. Moradores relatam que os episódios são recorrentes, incluindo veículos que saíram da pista e chegaram a invadir pátios de residências.

A dona de casa Vanessa Caroline dos Reis, 39 anos, moradora do trecho próximo ao bairro Bela Vista, conta que o movimento aumentou muito após o asfaltamento e que a velocidade excessiva se tornou rotina. “Carro, moto, ônibus, caminhão… todos passam numa velocidade terrível. As motos fazem até racha”, relata.

CURVA DOS ACIDENTES’

Vanessa, com a filha Victória, mora a poucos metros da chamada ‘Curva dos Acidentes’ e teme pela segurança (Foto: Alan Faleiro)

A poucos metros de sua casa, no cruzamento com a rua Ricardo Lopes Coutinho, está o ponto apelidado como ‘Curva dos Acidentes’. A Administração Municipal instalou tachões no local para reduzir a velocidade, mas Vanessa afirma que a medida foi insuficiente. “Os tachões não resolveram. A gente precisa de quebra-molas ou lombada eletrônica, igual estão colocando em outros lugares.”

Vanessa também cita a falta de estrutura para pedestres e ciclistas, já que muitos utilizam a via para caminhar ou pedalar. Além disso, reclama do desgaste da pintura das faixas de pedestre e da pouca indicação clara de velocidade. Com a alta velocidade dos veículos e as ocorrências frequentes de acidentes, admite sentir medo dentro do próprio pátio, onde costuma ficar com a filha, Victória, de 4 anos.

No ponto oposto do trecho, nas imediações do bairro Santa Tecla, a preocupação também é compartilhada pelo comerciante Vander Franco, 56 anos. Ele mora na Augusto Silveira de Moraes e afirma que a falta de controle de velocidade transformou a via em um risco constante.

DOIS QUILÔMETROS DE RETA”

Vander destaca que característica retilínea da rua favorece a alta velocidade, mas medidas precisam ser tomadas (Foto: Alan Faleiro)

Segundo Franco, a característica retilínea da rua — “praticamente dois quilômetros de reta”, descreve — facilita o excesso de velocidade. “Os motoristas ‘metem o pé’. E ainda tem a questão dos rachas de moto. No fim da tarde, principalmente aos sábados, isso é muito comum. Na madrugada de sexta para sábado também acontece bastante”, relata.

O comerciante afirma que são frequentes as saídas de pista e colisões causadas pelo excesso de velocidade e acredita que o poder público deve estudar uma solução para o local. “Quando a população não se conscientiza do perigo e da sua responsabilidade, eu acho que o poder público deve entrar na discussão e buscar uma solução para ‘frear’ o problema”, defende.

Alguns moradores, inclusive, têm compartilhado a demanda com vereadores e com a Administração Municipal em busca de uma solução. A seguir, confira o que eles dizem sobre a situação do local.

O que diz a Administração Municipal

O secretário de Segurança Pública e Defesa Civil – também responsável pelo Departamento Municipal de Trânsito -, Luciano Teixeira, afirma que está em curso um levantamento dos pontos mais críticos do Corredor dos Gauer. Ainda não estão definidas as intervenções que serão feitas, mas, de acordo com ele, é certo que a Administração tomará medidas para garantir a segurança no trecho.

O que dizem os vereadores

* Diego Wolschick (PP): “A situação do Corredor dos Gauer é preocupante. Moro no bairro Santa Tecla, que é bem perto, e escuto quase que diariamente, geralmente à tardinha, motoqueiros fazendo ‘racha’ ali, além de veículos em alta velocidade. Dias atrás, numa sexta-feira, deu um acidente muito feio no Corredor dos Gauer, nas imediações do Piquete Cavaleiros da Estrada. É um local com muitos moradores e intenso movimento de pedestres ao longo da via, que também é muito utilizada para a prática de atividades físicas como caminhada e corrida. Só que o excesso de velocidade nos preocupa bastante, tanto como legislador, quanto como morador do bairro Santa Tecla e circula pela via com frequência. A verdade é que a gente teme que o pior possa acontecer e, logicamente, não queremos isso. Já foi feita a instalação de alguns tachões em uma curva bem perigosa da via, mas é um trecho muito delicado, que precisa de atenção”.

* Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB): “Um sonho acalentado por gerações, hoje se tornou um pesadelo. Após o asfaltamento do Corredor dos Gauer, aquilo virou palco de corrida, de motocicletas sendo empinadas, alta velocidade, uma terra sem lei, um perigo constante, inclusive cenário de muitos acidentes. Graças a Deus, até o presente momento só foram registrados danos materiais e ferimentos leves. Mas, do jeito que estamos indo, com a morosidade do Poder no que se refere a uma solução, o pior pode estar por vir. Que seja uma faixa elevada, um quebra-molas ou uma lombada eletrônica, mas alguma medida precisa ser tomada, para amenizar a preocupação e levar segurança àquela comunidade. Estão esperando acontecer uma tragédia para finalmente tomar alguma providência. É um absurdo o tamanho da irresponsabilidade, é assustador. Os veículos, em alta velocidade, se perdem, batem em grades, muros e casas”.

* Ezequiel Stahl (PL): “A gente sabe que toda obra de asfaltamento e melhoria de pavimento vai refletir na velocidade dos veículos, e o Corredor dos Gauer é um exemplo disso. Por mais que a sinalização exista, se não tivermos uma barreira, como um quebra-molas ou os tachões na pista, a população acaba exagerando um pouquinho no pé, com a gente costuma dizer. O trecho vem sendo palco de muitos acidentes e os vereadores têm recebido muitas reclamações dos moradores. O que a gente pode fazer é levar a demanda ao Poder Executivo, solicitando a implementação de algum mecanismo que, de fato, faça os condutores diminuírem a velocidade. Os moradores estão bem preocupados, pois há ocorrências de carros invadindo terrenos. É uma situação que precisa de atenção, assim como outros casos que vão surgir à medida que a pavimentação avança. A Avenida Ruperti Filho é o exemplo mais recente disso”.

* Jeferson Schwingel, o GP (PP): “Todos sabem que esse trecho, que começa no Santa Tecla, perto da Sercsate, e vai até o Bela Vista, foi asfaltado há um bom tempo. Agora é uma rota também de saída de muitos veículos do interior, pela ERS-422, em direção à RSC-287, com o asfaltamento da Estrada Velha para Santa Cruz do Sul, que vai dar lá no trevo de Linha Hansel. O movimento aumentou, a região vem crescendo muito e a segurança de quem mora ou transita ali é a preocupação. Tanto que há bastante tempo os moradores pedem iniciativas como lombadas eletrônicas, por exemplo. Houve a intervenção na entrada para o Canto do Cedro, com a colocação de alguns tachões, mas isso não é o suficiente. Acidentes graves já aconteceram e temos relatos de que o trecho vira pista de corrida, tanto para motocicletas quanto para veículos. Está mais do que na hora de a Administração tomar uma providência e dar atenção a esse trecho”.

Alan Faleiro

Com foco na produção de notícias sobre negócios, contribui para divulgar o que é relevante no mundo corporativo e tudo o que mais impacta a comunidade local.

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