Há cerca de um ano as ruas de grandes cidades brasileiras foram agitadas por movimentos sociais numa escala que ainda não havia sido vista no século XXI, movimentando cerca de 1,2 milhão de pessoas em pelo menos 100 cidades do país. Para o sociólogo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Caco Baptista, o momento histórico conhecido como ‘jornadas de junho’ sofreu devido aos interesses de partidos políticos e acabou sendo generalizado pela grande mídia.

No dia 13 de junho de 2013 o Movimento Passe Livre (MPL) organizou uma passeata em São Paulo, capital, em reprovação ao aumento das tarifas de transporte público na cidade. O grupo foi reprimido por forças de segurança e muitos foram presos.

Depois disso veio a Copa das Confederações e as manifestações por todo o país tomaram força e chamaram atenção internacional, e o resultado foi a redução das tarifas de ônibus em várias capitais do país. Mas de acordo com o sociólogo Caco Baptista o Brasil nunca esteve “adormecido”, como foi dito tão frequentemente durante a época. “A resistência de índios, quilombolas, sem-terra, moradores de favelas e periferias urbanas é cotidiana e envolve milhões de brasileiros. Mas são ações de pequena visibilidade midiática, não são do agrado das empresas de mídia”, destaca.

Em meio aos barulhos a presidente Dilma Rousseff entrou em rede nacional para anunciar os Cinco Pactos Nacionais, em reação aos movimentos de rua. Estes tratavam da responsabilidade fiscal, reforma política, aportes para a saúde, o transporte público e a educação do país.

Mas para Caco a visibilidade que os movimentos receberam foi em grande parte devido à grande mídia brasileira. Ele frisa que quem realmente acordou não foram os brasileiros, que nunca deixaram de protestar, mas sim a mídia e a opinião pública por ela moldada. “Para a mídia corporativa brasileira protesto bom tem de ser feito por jovens brancos e bonitos, seja em junho de 2013, seja nos caras-pintadas.”

Confira a reportagem completa no flip ou edição impressa de 28/06/2014.