Médico, 55 anos, casado, pai de três filhas. Airton Artus (PDT) vai governar Venâncio Aires pelos próximos quatro anos. Na próxima terça-feira, 1° de janeiro de 2013, ele será empossado, pela segunda vez, prefeito da Capital do Chimarrão.
é o primeiro, desde que se é possível concorrer à reeleição, a ganhar a confiança duas vezes do eleitorado venâncio-airense. Ele, ao lado do seu vice Giovane Wickert (PT), quebraram um tabu. Em 2008, quando se lançaram candidatos, anunciaram o que chamaram de ‘um novo tempo’ para o município. Quatro anos depois, Artus avalia o que fez, o que não pode ou não deu para fazer e fala do compromisso que recebeu de, até 2016, fazer mais. Em entrevista exclusiva para a Folha do Mate, o chefe do Executivo fala de um segundo mandato de reformas administrativas e de grandes desafios para fazer de Venâncio Aires uma cidade do futuro.
ENTREVISTA
Folha do Mate – Fale do compromisso de ser reeleito prefeito de Venâncio Aires.
Airton Artus – Ser reeleito é um compromisso muito grande, especialmente por dois fatores. Primeiro porque a população tomando essa atitude (nos reelegendo), ela espera mais da gente. Afinal, estamos mais experientes, mais preparados e mais conhecedores dos problemas do município. Por outro lado, nós não temos mais desculpas, nem que a Câmara é maioria, nem que não se tem liberdade para tomar medidas necessárias.
FM- O que você quis concluir no seu primeiro mandato e não foi possível.
ARTUS – Muitas coisas. Na cidade eu gostaria de ter remodelado um pouco mais na parte estética e de conforto. Por exemplo, ter solucionado as ruas esburacadas e calçadas com problemas. Isso facilitaria a vida de quem anda de carro e a pé. E no interior, apesar de termos avançado muito, nem todo serviço pode ser feito. Queríamos ter feito um atendimento mais abrangente e alcançar ainda mais agricultores.
FM – E porque não foi possível?
ARTUS – Obras com recursos próprios se tem mais dificuldades para executar. Faltam recursos próprios e são obras que não se enquadram em programas de governo estadual ou federal. Para aumentar os recursos próprios temos que qualificar e equipar mais a prefeitura com veículos, máquinas e recursos humanos e claro, aumentar a eficiência tributária.
FM – Qual foi o maior feito do seu mandato?
ARTUS – Inicialmente eu diria que a obra mais importante seria o primeiro trecho da ERS-422. Mas vejo que ela concorre com outras obras, como a pavimentação pelo PAC. Mas a maior obra entra no campo da abstração: foi a intervenção do hospital.
FM- Falando do HSSM, pretende-se dar sequência a intervenção? Quais são os planos para o hospital?
ARTUS – A intervenção segue até o primeiro semestre de 2013. A ideia é que o hospital se reorganize. E que as pessoas compromissadas com ele, tenha austeridade para proporcionar economia e diminuição de custos. Por outro lado, a coragem de investir numa maior complexidade dos serviços como na UITI, na UTI Pediátrica e em outas áreas que se pretende avançar.
FM – Se fosse elencar as principais obras no seu primeiro mandato, quais seriam?
ARTUS – A 422, os acessos Grão Pará e Leopoldina, as obras do PAC e claro, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Tem ainda a questão do tabaco que não é uma obra palpável, mas não deixa de ser uma obra no sentido do envolvimento que tivemos. Extrapolou as obrigações de um prefeito. Fomos além porque entendíamos a importância socioeconômica para o município e região.
FM – Qual a obra que você não pode deixar de tirar do papel no próximo mandato?
ARTUS – Venâncio carece de uma perimetral. Temos que começar a trabalhar a ideia de que tenhamos uma rua ou complexo de Avenidas e que a comunidade não precise cortar o centro toda vez. Isso vai começar a ser estudado no segundo mandato.
FM – No seu discurso, na diplomação da Justiça Eleitoral, você falou de reforma. O que seria?
ARTUS – é uma reforma administrativa no organograma das secretarias, para possibilitar agilidade nos processos e um melhor intercâmbio. Isso será feito pontualmente. A primeira medida será trocar o nome da secretaria Geral de Governo para secretaria de Governança. Esta pasta vai acompanhar a execução dos projetos de todas as secretarias. E ela será ocupada somente quando completarmos o quadro de secretários em sua plenitude.
FM – Uma das bandeiras defendidas pelo PDT é o turno integral. Qual é o projeto para ampliar esta oferta?
ARTUS – Primeiro faremos um estudo econômico para implantação das obras físicas. O PDT já tem formado um núcleo de estudo para trabalhar bem essa questão.
FM – Como pretendem trabalhar a questão do tabaco e diversificação?
ARTUS – Já estamos trabalhando bastante na diversificação, incentivando o plantio de outras culturas e uma atenção para a erva-mate. Podemos citar ainda a bacia leiteira, a suinocultura, a criação de aves, piscicultura, que ganharam atenção especial neste governo. Queremos incrementar isso, mas também cobrar ação do governo federal e estadual.
FM – Como pretendem solucionar o problema das filas nos postos de saúde, tema que foi amplamente debatido na campanha eleitoral?
ARTUS – Dentro desta reforma que citei, estão os planos de carreira dos médicos. Queremos fazer contratações em horários diferenciados, 40 horas semanais, para ocuparem os postos. Temos que abrir mais postos e ter mais profissionais. Uma vez suprido isso, podemos pensar em um agendamento por telefone ou internet. Sobre os postos, está em conclusão um no Tabalar, o posto Gressler 2 e na Travessa. Começou em novembro o funcionamento do Santa Tecla 2 e já recebemos a primeira remessa para abrir licitação do novo posto do bairro Cruzeiro, o novo da Battisti e o segundo posto de Mariante. Todos para serem concluídos em um ou dois anos. Além disso, tem mais dois projetados para o interior, um em Vila Arlindo e outro em Linha Brasil. Também queremos formar um convênio com Boqueirão do Leão para atender a população na extremidade serrana do município.
FM – E a falta de vagas nas creches?
ARTUS – Em fevereiro abre a creche no bairro Santa Tecla e já está pela metade a creche do Brígida e em processo de licitação a creche da Brands. Fazendo uma projeção, vai ficar um número bem pequeno para alcançar. Além disso, já estamos fazendo o controle de natalidade. E hoje já se percebe que a população está tendo menos filhos e mais tarde.
FM – As pesquisas mostram que a maior preocupação da população é com a saúde. Como avalia a situação atual da saúde do município?
ARTUS – Há seis anos a prioridade era o emprego e o Brasil enfrentou bem. A saúde aqui ainda carrega problemas universais. Mas ao mesmo tempo, muitas soluções foram impostas pelo nosso governo. Há uma necessidade de qualificação e ampliação dos serviços privados. O público e o privado são muito entrelaçados. Acredito que a nossa decisão de não ter medo de avançar fez a diferença. Em períodos anteriores, se fazia uma manobra. Centralizava-se o comando e praticamente travava o processo. Houve uma estagnação e conseguimos reverter.
FM – E o rotativo, como pretendem solucionar?
ARTUS – O estacionamento pago visa uma rotatividade. Claro, se fosse possível sem cobrar, se faria. Mas como não dá, tem que se cobrar um valor. Como o processo hoje é manual e exige, as vezes, um preparo maior das pessoas, sempre se criam zonas de conflito. Nem sempre as pessoas ficam satisfeitas. Mas vamos preparar o ‘terreno’ para a implantação do parquímetro. Daí o motorista vai até a máquina, tira um ticket e poderá ficar estacionado até duas horas.
FM – Plano diretor, planta de valores, decreto de loteamentos são temas polêmicos e urgentes. Como serão tratados agora?
ARTUS – O plano diretor está sempre em estudo e sujeito a atualizações. A Planta de Valores deve ser atualizada como em qualquer cidade que queira crescer. Já o decreto dos loteamentos foi apenas uma ação para parar e se pensar em conjunto com Legislativo, Executivo e sociedade e assim, definir algumas mudanças, exigências. Neste momento aconselho quem quiser comprar um imóvel a procurar antes a prefeitura para saber se o loteamento é legal. Temos que pensar a cidade para o futuro.
FM – Há mudanças previstas para o ano novo que se aproxima?
ARTUS – Conhecedores da realidade do município, vamos aproveitar o início do segundo mandato e evitar erros que se cometeu há quatro anos, principalmente no que diz respeito a peça orçamentária, gastando de forma desorganizada, no sentido de querer ajudar as pessoas, mas desestruturando o orçamento. Vamos ter um controle rígido nos gastos. Com o novo softaware da prefeitura teremos um acompanhamento em rede secretaria por secretaria. Também uma maior gerência da contabilidade e da Fazenda.
Vamos instalar uma central de acompanhamento de projetos, onde possamos saber exatamente em que estágio se encontra uma obra. E eu vou acompanhar tudo online, de forma instantânea, em casa, nos fins de semana ou nas viagens e poder interferir desde uma compra, uma licitação, até acompanhar a evolução do desempenho da saúde, por exemplo.
FM – Como tu vê o fato de ter maioria na Câmara de Vereadores? Uma facilidade na aprovação de projetos?
ARTUS – Não é apenas o fato de facilidade na aprovação de projetos ou uma relação mais confortável com o Legislativo. Mas pelo fato de nós termos um novo fórum de debates, com pessoas que tem outra intenção. Que não busquem a crítica ou a desconstrução de ações do Executivo. Mas sim, que trabalhem junto. Sinto que isso vai acontecer. Por parte da bancada situacionista, isso já vem acontecendo.
Tínhamos vereadores que eram traídos pelos seus discursos quando diziam que vinham para procurar falhas ao invés de buscarem soluções, ideias, inovação. Acredito que essa nova Câmara vai levar otimismo e esperança de uma cidade planejada e vai estender isso para todo o Legislativo.
FM – O que você acha que mais precisa evoluir no município?
ARTUS – Temos que melhorar nosso grau de exigência, a qualidade. Não só de serviços públicos, mas qualidade de infraestrutura, nos projetos e na área de serviços. Comparando com outros municípios, Venâncio neste sentido precisa atentar mais. Isso começa pelos banheiros na praça. Não queremos melindrar ninguém, mas quantas pessoas deixam de fazer suas calçadas, deixam terrenos no centro imundos. Nós podemos melhorar neste sentido. é um árduo q trabalho.
FM – O quê, na sua opinião, Venâncio tem de melhor?
ARTUS – O povo. Temos uma população que se caracteriza pelo espírito competitivo, que tem naturalmente um empreendedorismo e uma visão progressista. Sem perder a ternura e o espírito de solidariedade, sem perder a espontaneidade de se relacionar. é graças a uma miscigenação de pessoas de origem alemã que trazem como herança a organização, o trabalho e ainda uma adaptação junto com a outras fontes migratórias. Nosso povo tem uma química, é um povo trabalhador e festeiro. é um povo que tem valores.
FM – Quais são os teus votos de Ano Novo para a população venâncio-airense?
ARTUS – Ninguém evolui sozinho e não se consegue felicidade isolado. Para esse ano novo, desejo que todos prosperem, cresçam, tenham uma vida espiritual mais rica, e material mais confortável. Que a cidade progrida, gere riqueza que possa ser distribuída entre os venâncio-airenses, de acordo com o seu trabalho e merecimento. Um desejo de um ano iluminado, repleto de solidariedade, harmonia e paz. E que a classe política se inspire no povo.