Alessandra mora praticamente nos fundos do Parque Municipal do Chimarrão e convive, quase todos os finais de semana, com o volume “perturbador” dos carros de som automotivo, que se deslocam, em sua maioria, para lá. Para ela, deve haver um limite para se preservar o sossego dos moradores. Guilherme Nunes é um dos frequentadores do local e tem essa prática como uma forma de lazer e entretenimento. Para ele, deve haver um espaço adequado, para não incomodar a vida alheia.

 

é justamente a solução para estas duas posições, que a audiência pública que será realizada hoje pela Comissão de Educação, Indústria, Comércio e Turismo da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires, vai buscar. A reunião ocorre no Plenarinho João Jorge Hinterolz, a partir das 18h30min.

 

Conforme Alessandra Kappes, 25 anos, quase todos os finais de semana ela é perturbada com o som “no último volume.” “Sexta à noite estava altíssimo. Parecia que o som estava dentro do meu quarto. Dava para ouvir nitidamente”, conta. Ela que mora há dois anos no bairro Cidade Alta, ainda não tem filhos, mas conforme ela, os vizinhos com filhos pequenos, sofrem ainda mais. “Também sou jovem, gosto de festa. Não sou contra, mas deve haver um limite”, defende.

 

Guilherme Nunes, 21 anos, desde criança foi admirador de carros com som. Quando completou 18 anos, com a habilitação e o carro, adquiriu os primeiros equipamentos. Atualmente o jovem tem quatro auto-falantes de 12 polegas e um módulo de 16 RMS no porta-malas do carro. Segundo ele, o “som é forte”, mas utilizado com moderação e respeito. “Eu sei que o meu som incomoda bastante gente. Mas evito passar no centro da cidade, com volume alto, nem vou ligar ele na frente de casa né”, observa.

 

Conforme a vereadora proponente da audiência, Cleiva Heck (PDT), a reunião contará com a presença de representantes do Legislativo, Executivo, Promotoria, Brigada Miliar, Delegacia de Polícia, Conselho Tutelar, Judiciário, clubes de serviços, imprensa e a comunidade em geral. Segundo ela, a expectativa é em torno da presença dos praticantes e moradores. Para Cleiva, que conduzirá a reunião, há muitos pontos favoráveis e contrários a serem debatidos, mas entende que o principal será “buscar uma solução que não perturbe o sossego dos outros, nem proíba a prática.”

 

REGRAS NO PAPEL

 

Paralelamente a discussão sobre o uso do som automotivo, está sendo criada a Associação de Som Automotivo de Venâncio Aires (Asava). Conforme a jovem Marla de Oliveira, que vem liderando a organização, será aguardada a realização da audiência para formar a diretoria da entidade e criar o estatuto, disciplinando o uso e regras de conduta.

 

Para a audiência de hoje, o grupo vai sugerir ao poder público, a cedência de um local, limitado, localizado na parte baixa do Parque do Chimarrão. A área ao lado da pista de rodeio e outra no estacionamento do Moto Clube de Venâncio Aires (Mocva), serão algumas alternativas que serão levadas às autoridades.

 

Segundo Marla, será cobrada uma mensalidade dos associados, para a manutenção, limpeza e segurança. Conforme a porta-voz do grupo, com a entidade instituída, haverá controle do volume, de manobras perigosas e até do uso de drogas. “Se alguém que tiver lá, no local cedido para uso da associação e não respeitar estas regras, poderemos chamar a Brigada. Queremos contar com a ajuda deles.”

 

A jovem lamenta haver rótulos de badernentos e disse que, “infelizmente os bons pagam pelos maus”. “Queremos o bom senso, uma flexibilidade para curtir esse que é nosso lazer. Deve haver uma política de boa vizinhança”, afirma. Segundo ela, o grupo ainda não tem um levantamento de quantos adeptos ao som automotivo têm em Venâncio, mas garante: “não são poucos.”

 

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