água mineral com bactéria acima do limite permitido, metais pesados como chumbo e cádmio além da medida na erva-mate, achocolatado contaminado e impróprio para consumo, pão sob suspeita e leite com adição de ureia. Acompanhamos, recentemente, todos estes episódios, pelo menos quatro deles com ocorrência confirmada no Rio Grande do Sul. E diante disso, todos se perguntam: até quando vamos conviver com as ameaças escondidas em alimentos diariamente consumidos?
Ao contrário do que muitos possam imaginar, o perigo está sempre por perto. Especialistas afirmam que as fraudes nunca deixarão de ocorrer e que os consumidores devem estar cada vez mais atentos não somente às adulterações de alimentos, mas também à forma como são armazenados e expostos nos estabelecimentos. Embora exista fiscalização, o número de profissionais destacados para estas atividades é muito aquém do necessário para uma cobertura 100% eficaz dos processos produtivo e comercial.
Informações reveladas com exclusividade para a Folha do Mate nesta sexta-feira pela coordenadora da Vigilância Sanitária de Venâncio Aires, Vera Fagundes, e pelo secretário de Saúde, Celso Artus, servem como exemplo da falta de comprometimento de comerciantes com os produtos que ofertam aos seus clientes. Na quinta-feira, um estabelecimento clandestino, onde se comercializavam trufas, foi interditado por conta da má-qualidade do produto.
O local era extremamente impróprio para a produção e as trufas tinham aparências horríveis, muitas podres ou mofadas
Já nesta sexta-feira, um caso ainda mais grave. A Vigilância Sanitária interditou um restaurante por falta de condições mínimas de higiene. Tradicional na cidade, o estabelecimento costumava atender centenas de pessoas diariamente e o estado deplorável de suas instalações só foi descoberto porque o alvará de funcionamento tinha de ser renovado. Durante a inspeção da Vigilância, veio a surpresa negativa. “Fica difícil até de comentar o que mais nos chamou atenção, pois o caso era lamentável”, afirma Vera.
Imagens
Para embasar a medida de interdição, a Vigilância Sanitária captou imagens das instalações. Foram registrados, especialmente, os problemas na cozinha do estabelecimento. E as fotos são chocantes. O ventilador utilizado, segundo o secretário de Saúde, para descongelamento de alguns itens, estava tomado de sujeira. Jarras de alumínio usadas para servir sucos, normalmente, eram acondicionadas sob a estrutura de uma escada. O fogão industrial, notadamente, havia muito não era higienizado. E ainda foi possível notar que alimentos como farinha de trigo – pacotes abertos – e ovos ficavam sem proteção.
Quando a geladeira foi aberta, mais uma situação apavorante. Os restos de alimentos empilhados ou envoltos em sacos geralmente utilizados para descarte de lixo só deixaram o cenário mais desolador. Uma quantidade considerável de salada de maionese que, sabe-se, não deve ser consumida nos dias seguintes à sua preparação, foi encontrada. “Pelas evidências, é praticamente certo que os alimentos eram reaproveitados. Sem as imagens que a Vigilância captou, seria impossível acreditar que o local estivesse naquelas condições”, disse o secretário Celso Artus, lembrando ainda que o concurso que recentemente foi lançado pela Prefeitura prevê vagas para fiscais sanitários. “Vamos estruturar este setor e fiscalizar todos os estabelecimentos que comercializam alimentos aqui em Venâncio Aires”, assegura.
Confira a reportagem completa no flip ou edição impressa de 30/08/2014.