Mais do que uma data para ser símbolo da melhoria nas condições de saúde e segurança, o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, comemorado hoje, é a oportunidade para refletir sobre a realidade de Venâncio Aires nessa área.
Segundo dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, Venâncio Aires registrou, em quatro anos, 2.340 comunicações de acidentes. Entre as atividades econômicas mais frequentemente envolvidas, estão transporte rodoviário de carga, processamento industrial do tabaco, atividades de atendimento hospitalar, fundição de ferro e aço, e abate de gado.

Estes dados, no entanto, não devem ser avaliados de forma isolada, e segundo o engenheiro de Segurança do Trabalho, Rodrigo Mello, fazem parte de um contexto que envolve a organização das empresas, o número de funcionários de cada segmento econômico, assim como outros fatores intrínsecos ao ambiente e ao comportamento pessoal do trabalhador. Na sequência, acompanhe entrevista:
FOLHA DO MATE – Como estes dados podem ser interpretados?
Rodrigo Mello – Se formos analisar o histórico de acidentes no Brasil, em nosso estado e em nossa região, podemos apontar uma diminuição no número absoluto de acidentes com emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), e um aumento do número de trabalhadores. Então, a proporção de acidentes em relação ao número de trabalhadores vem diminuindo. Exemplo, é que no estado do Rio Grande do Sul, de 2007 a 2011, tivemos 294 mil acidentes com CAT (Fonte: Revista Proteção Anuário 2014); e de 2012 a 2016, tivemos 225 mil (Fonte: Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho).
Em relação ao índice proporcional de acidentes de trabalho em relação a população, Venâncio Aires se encontra, no período de 2012 a 2016, no mesmo nível de Lajeado e acima do índice de acidentes quando comparado a Santa Cruz do Sul. A nossa região do Vale do Rio Pardo e Taquari também se encontra acima da média estadual.
Mas isso não significa que nossa região e o município de Venâncio Aires tenham mais acidentes de trabalho do que outros municípios e outras regiões do estado, pois é sabido que em nosso município e reigião, as empresas, por terem um maior nível de organização, acabam obtendo um índice maior de registro dos acidentes de trabalho por intermédio da CAT. Ou seja, em outros municípios o índice de registro dos acidentes do trabalho pode ser menor (subnotificação de acidentes , ou seja, acidentes sem efetuar o registro da CAT).

O que os dados nos dizem sobre a realidade da segurança do trabalho no município?
Não podemos nos basear somente nos números, como já explanado. De uma maneira geral, os acidentes de trabalho vêm diminuindo, mas claro que há muito a ser feito. Pela nossa experiência, por assessorar muitas empresas em nosso município, podemos afirmar que as empresas estão conscientes e investindo, na medida do possível, na prevenção dos acidentes de trabalho.
Especificamente nos setores mais envolvidos em acidentes, quais medidas podem ser tomadas?
Em relação aos acidentes no ramo de transporte de carga, o número absoluto nos surpreende, quando comparado a outros municípios. Temos que salientar, no entanto, que muitas das causas, além da manutenção dos veículos e treinamentos de direção defensiva, podem ser a má condição de nossa malha rodoviária e sinalização, entre outros fatores dos acidentes de trânsito, como álcool ou drogas em geral, que às vezes fogem das ações de prevenção que as empresas podem realizar.
Já quando falamos dos acidentes de trabalho no ramo de processamento de tabaco, essa é uma estatística esperada, pois é o ramo com maior número de trabalhadores em nosso município.
De uma maneira geral, as medidas de prevenção que os empresários estão adotando para diminuir o numero de acidentes são:- Investimento em adequação de máquinas e equipamentos à NR 12 (Norma do Ministério do Trabalho que define os parâmetros de proteção coletiva, e gestão de segurança em máquinas e equipamentos);- Investimento em proteção coletiva em trabalhos efetuados em altura, como guarda-corpos, linhas de vida, etc;- Capacitação dos trabalhadores no uso dos equipamentos de proteção, tanto proteção coletiva, quanto a individual (EPIs);- Fornecimento dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) conforme análise qualificada dos riscos de cada empresa.