As eleições para a escolha de diretores nas escolas estaduais serão no dia 15 deste mês. Em Venâncio, 11 delas estarão mobilizadas e nove não tem chapa formada. De acordo com o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) Luis Ricardo Pinho de Moura, fazem parte da 6ª coordenadoria 18 municípios e deste total, 24 escolas não têm chapa. Venâncio é o município que tem maior número de escolas sem equipe formada para a eleição.
A falta de equipe para assumir este compromisso afeta todo o Rio Grande do Sul. Um levantamento feito pela Secretaria da Educação aponta que de 2.160 escolas estaduais do estado, cerca de 500 não têm chapa inscrita, o que equivale a 23% das instituições de ensino.Conforme o coordenador da 6ª CRE, o número de escolas sem chapa nesta eleição foi surpreendente. Além disso, em todos os anos anteriores, de todas os educandários abrangidos pela 6ª CRE, nenhum deles ficou sem chapa como desta vez.
Moura acredita que a cada ano os compromissos pedagógicos, financeiros e administrativos são mais fortes, o que justifica o desinteresse. Também acrescenta que existem professores que não se identificam com a área relacionada à gestão. Outro fator que, na opinião dele, tenha interferido, é a lei de 2012 que autoriza as pessoas a atuarem como diretores apenas duas eleições consecutivas. “Antes a mesma chapa poderia ser reeleita quantas vezes precisasse”, comenta o coordenador.
Conforme ele, esse ano foi proporcionado um curso de gestão de 40 horas, porque, para ser diretor, é pré-requisito fazer um curso nessa área. “O curso era em ead e acredito que muitos fizeram esse curso, mas não quiseram se inscrever para serem diretores”, comenta.
Aumento docomprometimento
O colégio Mariante, de Venâncio, conta com 420 alunos e é uma das escolas da 6ª CRE que não tem chapa. De acordo com a diretora Maria Lúcia de Campos, é a segunda vez consecutiva em que não há inscrição. Em anos anteriores, a escola chegou a ter até duas chapas.
Na opinião dela, o educandário é um lugar muito bom de trabalhar, o grupo é solidário e ainda há professores habilitados para ocuparem cargos diretivos. Por sua vez, a falta de interesse está relacionada ao aumento das exigências da profissão, responsabilidade e dedicação com o horário. “Tem que haver uma dedicação bem maior do que trabalhar em sala de aula”, comenta. Conforme a diretora, hoje a escola não dispõe de um auxiliar administrativo financeiro e, por isso, este também é um trabalho realizado por ela, o que exige uma responsabilidade ainda maior.
Maria Lúcia ainda destaca que, além das 8h diárias de trabalho, o diretor, para realizar todas as tarefas, muitas vezes necessita ultrapassar essa carga horária. Ela conta que tentou incentivar nas reuniões a participação dos colegas na formação da equipe diretiva, mas, mesmo assim, não houve interesse por parte deles. “Para ser diretor é preciso muita responsabilidade e ainda se tem uma grande preocupação com as avaliações. Não é fácil”, comenta.
SALáRIONa Escola Estadual de Ensino Médio Frida Reckziegel, a situação não é muito diferente. Com cerca de 320 alunos, é a primeira vez em que o educandário não tem equipe formada para a eleição. De acordo com a vice diretora Angela Maria Stertz, está cada vez mais difícil assumir um cargo tão importante de dirigir uma escola. Essa falta de interesse também está relacionada ao salário: “é muito compromisso e pouco retorno financeiro.”
Angela acrescenta que um dos problemas maiores está no fato de que a lei não permite a reeleição do diretor depois de dois anos consecutivos de atuação. “Quem gostaria de ser candidata não pode ser reeleita em função da lei. Os outros não tiveram interesse”, conta.
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