A construção do presídio estadual em Venâncio Aires acirrou os debates entre os vereadores da situação e da oposição durante o período das comunicações na sessão ordinária realizada na segunda-feira à noite, 21. O primeiro a se manifestar contrário foi Celso Krämer (PTB), afirmando que teme pelas consequências que podem advir com os presos que virão para cá. “As facções criminosas vão se instalar no município e na região. A situação é grave e a comunidade está se mostrando contrária”, afirmou, questionando qual a vantagem para o município em sediar um presídio regional. “Não quero ser carimbado como responsável pelo construção do presídio em Venâncio Aires. Se fosse um presídio regional, seria uma situação bem diferente. A desvalorização e esvaziamento da região será apenas uma das consequências” disse ele.
Eduardo Kappel (PP) fez coro às manifestações de Krämer, classificando os presos que virão como ´lixo`. Questionou porque ninguém fala da construção do presídio em Santa Cruz do Sul ou Lajeado e alfinetou que estes municípios têm força política em nível de Estado e Federal e que não permitem que os prefeitos aceitem a construção de casas prisionais. “Infelizmente, os venâncio-airenses votam nos candidatos de fora e com isso, ficamos sem representação política”, lamentou. Kappel ainda ironizou o número de presos anunciado que serão 300 no início e que segundo ele, em pouco tempo chegarão a mil ou mais.
“Não queremos entrar para a história de Venâncio Aires como os vereadores que autorizaram a construção de um presídio estadual fechado no município”, se manifestou José Ademar Melchior (PMDB). Ele apresentou um documento impetrado por um cidadão e que foi assinado pelos vereadores da oposição e que será entregue no Ministério Público de Porto Alegre para tentar impedir a construção do presídio estadual. Melchior antecipou que será iniciado um movimento para saber se a população é favorável ou contrária à construção. Questionou, ainda, o que o Município ganhou como contrapartida para aceitar a casa prisional. “Será que trocaram o presídio estadual por alguns quilômetros de asfalto da ERS-422?”, questionou.
Quem também se mostrou contrário à construção foi José Arnildo Câmara (PTB), mas não com tanta veemência. Afirmou, apenas, que os R$ 22 milhões poderiam ser usados em outras prioridades e obras do Município.
A preocupação dos parlamentares do PMDB, PP e PTB aumenta ainda com a possibilidade de fechamento do Presídio Central de Porto Alegre e consequente transferência desses apenados para Venâncio Aires. “Venâncio Aires não vai abrigar os presos do nosso município e da região, mas presos de Porto Alegre e de toda região metropolitana e suas facções”, alertaram. Apelaram para que o Executivo busque reverter o anúncio do Estado, de construir aqui um presídio estadual. Os parlamentares da oposição defendem um presídio regional.
SITUAçãO
“Pelas manifestações, até parece que o presídio já foi construído. São muito levianas as acusações de que houve uma simples troca do presídio por asfalto”, rebateu a líder de Governo, Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT). “Estamos trabalhando com uma realidade que precisa ser mudada e a segurança implica em muitas outras questões”.
Quem também rebateu as acusações foi Vilson Gauer (PT). Ele afirmou que a questão da segurança do Município não passa apenas pela construção de um presídio. “é uma questão mais global. Ninguém quer a casa prisional, mas é uma necessidade e é um compromisso nosso fazer a diferença nesta situação”, pontuou. Acrescentou que é necessário diminuir a criminalidade como um todo e discordou de Kappel de que virá somente ´lixo` para cá e acentuou que fugas acontecem em qualquer presídio, tanto aberto quanto fechado.
João Stahl (DEM) lembrou que cabe ao Estado e à União legislar sobre o assunto. “Não é simplesmente uma questão ser contra ou a favor”, frisou. Já o presidente da Câmara Telmo Kist (PDT), acentuou que não se pode fugir da discussão, porém, uma discussão madura.