A morte do venâncio-airense Cadu Preuss, na trágica queda do avião da Chapecoense em Medellín, na Colômbia, foi o principal assunto da sessão da Câmara de Vereadores desta segunda-feira, 5. No mesmo plenário onde o ex-atleta do Esporte Clube Guarani foi velado, domingo, os parlamentares fizeram pronunciamentos carregados de emoção, lamentando a perda do ilustre cidadão da Capital Nacional do Chimarrão.
Primeiro a utilizar a tribuna durante o período de comunicações, Telmo Kist (PSD) declarou que “é triste que a ganância pelo lucro faça com que dezenas de vidas sejam ceifadas”, em clara referência à provável causa do acidente: falta de combustível na aeronave. O vereador lamentou também o fato de “tantos jovens, na plenitude da vida”, terem sido vitimados. Lembrou ainda que a bomba e a erva que eram de Cadu – um grande adepto do chimarrão – foram encontrados em meio aos destroços do avião. “Era um pacote de erva-mate Elacy, por isso, acho que um nome de erva em homenagem ao Cadu se impõe”, falou.
A peemedebista Helena da Rosa também manifestou seu profundo pesar pelo trágico falecimento do gerente de futebol da Chapecoense, que por muitos anos vestiu as cores do Guarani de Venâncio. “é uma tristeza que abalou o mundo e que nós, em razão da perda do Cadu, sentimos de perto”, disse a parlamentar. Ela sugeriu que o vestiário utilizado pelo índio, no Estádio Edmundo Feix, passe agora a ter o nome de Cadu Preuss, como forma de homenagear o ex-jogador. “Se não for o vestiário, que seja algum outro setor do estádio. é uma forma simples, mas estaremos marcando o nome dele para sempre”, argumentou.
RUA E MéRITO – Arnildo Camara (PTB), Eduardo Kappel (PP), Nery da Silveira (PDT), Cleiva Heck (PDT), Vilson Gauer (PT), Jarbas da Rosa (PDT), José Cândido Faleiro Neto (PT) e Celso Krämer (PTB) também destinaram boa parte de seus pronunciamentos para lembrar a morte precoce de Cadu Preuss. Eles concordaram que o Troféu Mérito Esportivo, que é uma iniciativa do Poder Legislativo, a partir de agora ganhe o nome do venâncio-airense vítima da tragédia. Além disso, houve consenso no sentido de que Cadu seja homenageado com nome de rua na Capital Nacional do Chimarrão. “Vamos olhar os mapas de Venâncio e encontrar uma via para que esta homenagem seja concretizada”, defendeu Eduardo Kappel.
PRESIDENTE – O presidente da Câmara, José Ademar Melchior, o Zecão (PMDB), foi o último a falar na sessão de segunda-feira. Recordou que era o comandante do Guarani, em 2001, quando Cadu e atletas como Bolívar e éder Lazzari surgiram com força, das categorias de base, e foram peças fundamentais na montagem do elenco que, em 2002, conquistaria o título gaúcho do interior. “Ele era o brincalhão, o contador de piadas, aquele que botava apelido em todo mundo. Ao mesmo tempo, era um líder, que mobilizava o vestiário. Ele tinha mania de me chamar de “o melhor”, era uma pessoa maravilhosa”, destacou Zecão.
Como vai assumir novamente a presidência do Guarani – a posse deve ocorrer amanhã ou na sexta-feira -, Zecão Melchior já assegurou que Cadu Preuss será homenageado. “Na verdade, ele merecia uma estátua lá no estádio. Vamos analisar a melhor maneira de deixar o nome dele registrado para a eternidade”, afirmou, aproveitando para pedir que os colegas de Câmara prestigiem o seu retorno à linha de frente do clube: “Não estarei mais aqui na Câmara, que é um lugar onde me sinto bem, mas estarei no Guarani, onde também me sinto à vontade. Peço o apoio de todos para elevarmos o nome do Guarani”.
OUTROS ASSUNTOS
• A ‘desfiguração’ do pacote anticorrupção no Congresso Nacional, bem como a tentativa de enfraquecer a Operação Lava Jato e órgãos como o Ministério Público e Judiciário, também entraram na pauta durante a sessão de segunda-feira. Telmo Kist (PSD) disparou que “o Brasil estava se recuperando no cenário mundial por ser um país que se preocupa em combater a corrupção, mas na calada da noite, sem consultar a população, aprovaram medidas de controle externo ao Judiciário”. Para ele, “esta turma que assaltou o Brasil tem que pagar, e muitos já estão indo para a cadeia, lugar onde só entravam os pobres, até pouco tempo”.
• Eduardo Kappel (PP) fez referência ao nome do juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato em primeira instância. Sustentou que Moro é “um homem de coragem” e que os políticos “se aproveitaram de um momento de tristeza, quando o povo brasileiro chorava em razão da tragédia com a Chapecoense, para atender aos seus interesses”.
• Cândido Faleiro (PT) defendeu que “está em curso um grande retrocesso no Brasil, pois achavam que era só tirar o PT do governo que as coisas iriam melhorar”. Ele entende que a Lava Jato tem que continuar, mas com isenção de quem integra a força de trabalho. “Já nem sei mais o que pensar. Isso parece um golpe dentro do golpe. A inflação não baixou, o desemprego continua e a corrupção está ainda maior. Além disso, Aécio, Alckmin e Serra, essa turma aí, está toda de fora. Talvez as investigações revelem até mesmo um Judiciário podre”, desabafou.