O fim do mês de agosto é sempre triste e comovente na mansão de Althorp, localizada no noroeste de Londres. Hoje, 31 de agosto, é uma data pungente para a família Spencer pois marca 22 anos desde o falecimento da princesa Diana aos 36 anos, em 1997. A morte trágica da princesa adorada por milhões chocou o mundo inteiro. O último fim de semana daquele verão inglês florido foi tingido por lágrimas sombrias. Lembro como se fosse hoje, acordando naquele domingo ensolarado, com a manchete estarrecedora da rede de televisão BBC sobre o acidente de trânsito em Paris e o falecimento de Diana Spencer durante aquela madrugada.
Desde o badalado casamento de Diana e Charles, em Londres, na catedral de São Paulo em 1981, cultivo grande fascínio pela vida da princesa. Durante as décadas de 80 e 90 Lady Di sacudiu o mundo da moda tornando-se a mulher mais fotografada em todo mundo. Ela rapidamente cativou o coração de milhões, e o meu também! Diana idealizou centenas de projetos filantrópicos, em prol das classes menos favorecidas, crianças, doentes, mineiros terrestres, atravessando fronteiras onde nunca antes a monarquia britânica tinha tocado. Nesta semana, de volta à terra da Rainha, fui conhecer de perto o casarão onde a Princesa do Povo, como era carinhosamente chamada, passou sua infância e juventude e onde se encontra seu túmulo.
A mansão de Althorp situa-se no condado de Northamptonshire, no vilarejo de mesmo nome, à 105km da capital. Althorp está cercada de campos, bosques, jardins formais e inúmeros pavilhões agrícolas históricos e hoje em dia restaurados. A imensa propriedade abrange 220 hectares e pertence à família Spencer desde 1508, quando fora construída.
Nada menos que dezenove gerações da família aristocrata já viveram nesta magnífica mansão rural, atualmente administrada por Charles Spencer, 9º Conde de Spencer e irmão da princesa Diana. O casarão de 90 aposentos continua a ser habitado pela nobre família e está aberto à visitação durante algumas semanas nos meses de julho e agosto e para eventos filantrópicos durante o ano.
Depois de navegar pelas estradinhas sinuosas da região central da Inglaterra, chegamos à majestosa propriedade. Neste cenário rural inconfundível desponta a histórica construção da era tudoriana. No entanto, pouco se vê do casarão típico de tijolos à vista, pois durante o século XVIII a família modificou a fachada da mansão com arquitetura clássica georgiana e janelas simétricas. De qualquer forma, a esplêndida construção impressiona já
na chegada! E ao entrar, somos transportados rapidamente a outros séculos. Impossível não viajar no tempo ao visitar os cômodos da mansão de Althorp. No hall de entrada caminhamos sobre o piso de mármore em forma de tabuleiro onde a princesa Diana
passava horas dançando sapateado quando era criança. Em cada aposento encontramos um pouquinho da história dos antepassados da família Spencer e algumas referências a Lady Di, em porta-retratos e quadros.
Durante séculos a mansão de Althorp recebeu hóspedes ilustres como reis, rainhas, príncipes e princesas. A decoração interior suntuosa de alguns dos cômodos representa este período destacando tecidos e cores fortes com muitos detalhes dourados. A mansão exala história e ao contemplar a magnífica galeria na ala oeste não temos dúvida da riqueza impregnada neste vasto acervo de obras de arte. Dezenas de quadros de artistas renomados dos séculos XVII e XVIII, como Van Dyck, John de Critz e Mary Beale, fazem parte da admirável coleção.
O passeio à mansão se completa pelo imenso jardim em torno da propriedade até chegar no lago cercado de verde. Na pequena ilha no centro do lago encontra-se o túmulo da princesa Diana (sem acesso ao público). Ao fundo, do outro lado das águas calmas, avistamos o memorial homenageando Lady Di. A construção conta com colunas em mármore, centrada pelo perfil escuro do rosto de Diana, um banco e duas placas – uma com citação da eterna princesa: “Nada me traz mais felicidade do que tentar ajudar as pessoas mais vulneráveis da sociedade. É um objetivo e uma parte essencial da minha vida – uma espécie de destino. Quem está em perigo pode me chamar. Eu irei correndo onde quer que estejam”; e a outra placa do irmão, Charles Spencer: Acima de tudo, nós agradecemos pela vida de uma mulher que tenho muito orgulho em poder chamar de minha irmã – a única, a complexa, a extraordinária, a insubstituível Diana, cuja beleza, interna e externa, jamais se extinguirá de nossas mentes. Impossível não concordar!
ENCONTRO COM CHARLES SPENCER
Durante minha visita tive o privilégio de conhecer pessoalmente o irmão da princesa Diana, Conde Spencer, durante uma sessão improvisada de autógrafo. A mansão de Althorp continua sendo a residência da família Spencer e por vezes o Conde resolve aparecer em público para conversar com visitantes ou promover alguns de seus livros. Para minha sorte, eu estava no lugar certo na hora certa (a sessão não durou mais que quinze minutos!). O simpático aristocrata contou que logo depois da morte da irmã ele mandou plantar no jardim da mansão um corredor de 36 árvores de carvalho – uma para cada ano de vida da eterna Lady Di.