Passeando pelas ruelas do centro histórico de Vilnius viajamos facilmente no tempo, saltando alguns séculos, imersos na história arquitetônica do país. A capital lituana é um baú de surpresas. Guetos e ruas tortas formam um verdadeiro labirinto emoldurado por palacetes antigos, igrejas e arcadas históricas. O horizonte é marcado por torres e cruzes reluzentes. Algumas igrejas continuam em estado de abandono no entanto a maioria dos templos já foi restaurada formando um espetáculo de encher os olhos.
A arte barroca domina a cidade de Vilnius.Esta capital compacta, com cara de cidade do interior contando com pouco mais de 500 mil habitantes, foi tombada pela Unesco nos anos 90 como patrimônio da humanidade. Em cada igreja que visitamos somos surpreendidos pelos detalhes minuciosos das paredes e tetos adornados. O centro histórico abriga dezenas de templos mas nesta semana voltamos a visitar uma das igrejas mais importantes da história do país e que está situada fora dos meandros medievais de Vilnius – o lugar sagrado que reverencia a São Pedro e São Paulo.
A igreja de São Pedro e São Paulo é uma verdadeira joia barroca, por vezes descrita como a “Pérola do Barroco. Com construção que remonta ao século XVII, a igreja está localizada no bairro de Antakalnio no alto de uma colina. Sua edificação iniciou em 1668 por ordem de Kazimierz Pac, fidalgo polaco-lituano, para comemorar a libertação da cidade de invasores russos.
Conta a história que seu túmulo – destruído por um raio – continha o epitáfio “Aqui jaz um pecador”. Muitos lituanos acreditam na lenda que diz que a Igreja de São Pedro e São Paulo teria sido construída sob um antigo templo pagão, de madeira. Ao vislumbrar de longe a fachada despretensiosa da igreja no cerro, visitantes podem até questionar sua importância.
O ditado “nunca julgue um livro pela capa” serve como uma luva! A parte exterior da igreja engana àqueles que definem lugares sagrados espelhando-se em fachadas deslumbrantes e escadarias quilométricas. Sua fachada barroca nas cores ocre e branco e relativamente austera desmente seu interior fantástico. Ao entrar pela porta imponente da igreja, somos transportados a um lugar fora do comum. A decoração interior desta igreja católica romana, marcada por tons claros e muito branco, é simplesmente divina. Um oásis silencioso de arte barroca com mais de duas mil estátuas adornando cada canto do lugar sagrado.
O escultor italiano Pietro Perti trabalhou durante 30 anos para criar tantas obras. As estátuas de santos, anjos e figuras bíblicas na tonalidade branco-neve criam uma atmosfera de pura serenidade adornando a nave e corredores da basílica. No altar da igreja
encontra-se a famosa pintura de São Pedro e São Paulo assinada pelo artista lituano Panciškus Smuglevicius. Contrastando a magnífica arte barroca em frente ao altar e sob a cúpula gigantesca, encontra-se um lustre reluzente e na forma de embarcação de pesca em homenagem a São Pedro, o “pescador de homens”.
FIM DO HORÁRIO DE VERÃO EUROPEU
Na madrugada deste domingo, 27 de outubro, os relógios europeus serão atrasados em uma hora anunciando o final do horário de verão no velho continente. O fuso horário entre a Lituânia e o Brasil será de cinco horas à frente do horário brasileiro e três horas entre a Inglaterra e o Brasil. Todos os anos no último fim de semana de março inicia o horário de verão que perdura até o último domingo de outubro.
A partir de agora os dias ficarão cada vez mais curtos até o solstício de inverno em dezembro. E assim os europeus se preparam para enfrentar o clima gelado, curtindo atividades em lugares cobertos na ampla programação cultural que precede as festas de final de ano.
Aqui em Vilnius, o final do horário de verão traz consigo uma ponta de melancolia e percebe-se pelas ruas uma mudança brusca tanto na paisagem quanto no semblante dos lituanos. O colorido contagiante dos meses de calor se transforma na paisagem de céu cinzento com os últimos respingos do outono. A partir de agora os dias carecem luz e o guarda roupa se transforma em tons sombrios espelhando nosso interior. Serão quase seis meses de inverno penoso, mas a paisagem branquinha de neve se encarregará de nos alegrar!