Desde a semana passada Vilnius vem sendo revestida de amarelo brilhante. As principais estátuas e monumentos da capital foram enfeitadas com globos de espelho, além de roupas e acessórios em tons flamejantes para apoiar a banda The Roop que irá representar a Lituânia neste ano durante o maior festival de música da Europa – Eurovision (Eurovisão em português) que acontece dia 22 de maio em Roterdã, na Holanda. O departamento de turismo da capital lituana trabalhou em parceria com a marca MK Drama Queen, responsável pela criação dos trajes amarelo-ouro que os membros da banda lituana vestirão durante as apresentações do festival, para criar um clima de discoteca pelas praças da cidade. Enquanto o prefeito de Vilnius, Remigijus Simasius, foi mais longe na empolgação e torcida, prometendo uma festa alucinante, a céu aberto, pelas ruas de Vilnius, em caso de vitória do grupo lituano no próximo sábado.
O festival Eurovision é um dos eventos musicais mais esperados no calendário europeu e acontece tradicionalmente durante o mês de maio. Depois do cancelamento do último ano, em 2021 o show se realiza de forma bem diferente dos outros anos, com várias restrições, distanciamento social e participação máxima de 3.500 espectadores em cada uma das nove apresentações de classificação, programadas a partir deste fim de semana. A final acontece no sábado, 22 de maio, com a participação de representantes de 26 países previamente classificados e transmissão ao vivo pela maioria das nações europeias.
Em sua 65ª edição, o concurso musical remonta a 1950 quando foi fundada uma união nas transmissões televisivas entre os países europeus criando assim a União Europeia de Radiofusão (UER) possibilitando inclusive a transmissão simultânea da coroação da atual rainha do Reino Unido em 1953. E assim mais tarde surgiu a ideia de transmitir ao vivo um concurso musical com representantes de cada país e que poderia ser assistido em cada lar europeu. Baseado no Festival de Sanremo, na Itália, o Eurovision foi um projeto de sucesso desde seu período inicial. Ao longo das décadas o número de participantes foi aumentando mas muitas das regras continuam ligadas à fundação do concurso. Por exemplo, o país vencedor tem direito a sediar o próximo concurso e faz parte da final do evento automaticamente.
A classificação para o festival acontece em cada país que faz parte da UER e a escolha do representante deve sempre incluir a votação popular. Durante os dias que precedem a final do Eurovision os países participantes ficam empolgados e muitos europeus inclusive fazem apostas em quem vai vencer o concurso. A pontuação é composta por 50% de votos da mesa de jurados e 50% pelo voto popular que neste ano se dará através de um aplicativo, por telefone ou mensagem do celular. A participação popular é intensa! No entanto, os espectatores estão impedidos de votar no seu próprio representante. E assim, uma das características do Eurovision é a votação geográfica, ou seja preferem a música de países vizinhos e bem vistos ou boicotam países rivais. Tradicionalmente os britânicos nunca votam nos participantes franceses (e vice-versa) enquanto os países bálticos demonstram afinição musical votando nos concorrentes da região.
Embora o tempo aqui em Vilnius não tem colaborado ultimamente para festas na rua já que tem chovido bastante (e nevado também, em pleno maio!) o clima de empolgação entre a população mais jovem é contagiante com o ritmo da música “Discoteque” bombando em todas rádios locais além de milhões de visualizações do vídeo no YouTube. Eu também estou entre os milhões de lituanos torcendo pela vitória do The Roop no próximo sábado. Confesso que nunca tinha ouvido falar no Eurovision até chegar na Inglaterra nos anos 90, mas desde então sou fã assídua do festival.