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Um passeio bem interessante, enfrentando o frio e a neve. Foi assim nossa viagem pelo interior da Bielorrússia. Pela estrada retilínea de quase 300km de extensão, emoldurada por plantações cobertas de neve, viajamos de Minsk para Grodno, no extremo oeste do país. Pelo caminho vamos contemplando a neve que não pára de cair pincelando de branco castelos intemporais no horizonte contrastando as casinhas coloridas e simples nos vilarejos escondidos entre as matas . A paisagem lá fora remete a um conto de fadas, como num cenário daquelas estórias infantis que existem apenas no mundo imaginário. Pois neste segundo inverno russo percebo que a magnífica fantasia dos livros se amalga nitidamente na paisagem rutilante lá fora. é verdadeira! é real! E assim inspirada pela magia da neve chegamos em Grodno, esta jóia nos confins da Bielorrússia entre a Polônia e Lituânia.
Logo na chegada esta cidade de pouco mais de 300 mil habitantes nos surpreende pela organização e originalidade. Embora ocupado durante a Segunda Guerra Mundial, o centro histórico de Grodno é um dos poucos que sobreviveu aos bombardeios nazistas no leste e que mantém a arquitetura original bem preservada. A cidade tem uma história riquíssima que remonta ao século XII. Devido à localização geográfica privilegiada Grodno era cobiçada por diversos impérios. Tornou-se ponto estratégico durante o Grão Ducado da Lituânia (estado europeu que abrigou territórios do leste e báltico durante os séculos XII até XVIII), mais tarde passou pelo domínio do império russo, serviu de residência para os reis poloneses e sobriviveu às invasões dos exércitos de Napoleão em 1812 e alemão em 1915 além de ser ocupada pelo nazistas durante a Segunda Guerra Mundial quando já fazia parte da União Soviética. A cidade pode ter passado de mão em mão ao longo dos séculos, em meio a invasões e combates, mas manteve seu espírito de luta mesmo perdendo mais da metade de sua população, na maioria hebreus, durante a guerra contra os nazistas.
Grodno abriga a sinagoga mais antiga da Bielorrússia em funcionamento, construída em 1578 e recentemente restaurada. Cortada pelo rio Neman a cidade transpira história com palacetes antigos de fachadas coloridas e dois castelos imponentes (novo e antigo) no alto da colina à beira do rio. Passamos o domingo caminhando pelas ruelas estreitas do centro antigo lotadas de gente séria, de semblante sóbrio estampando a ardura do inverno, sem sorrir, sem levantar o olho, apenas indo e vindo indiferentes ao borbulho da língua russa que ecoava rua afora.
E nós ali, nos sentindo mais turistas do que nunca, sem entender muito, meramente seguindo o vai e vem. Observando o olhar profundo das senhoras devotas, em seus casacos de pele exuberantes, desbravando a temperatura negativa para orar na majestosa igreja de São Francisco Xavier, bem no centro da cidade. Aliás, são tantas igrejas lindas em Grodno, católicas e ortodoxas. Pelas calçadas na rua principal uma pequena feira artesanal atrai o público local. Senhoras idosas, com o rosto marcado pelo tempo, vão tricotando mantas e meias, agricultores vendendo conservas de pepinos ou repolho, artesãos criando objetos de madeira. Tudo tão simples e sereno. E assim vamos enfrentando o frio glacial deste domingo de inverno russo absorvendo o jeito provinciano dos bielorrussos em Grodno, contemplando cada detalhe nas construções coloridas e mais tarde aprendendo sobre a história desta joia de cidade no museu nacional localizado no antigo castelo.
ONDE FICAR: HOTEL – Grodno oferece vários hoteis, desde os mais simples e baratos até os mais luxuosos. Nós ficamos hospedados num hotel boutique fantástico, O Kronon Park Hotel (www.kronon.by)localizado fora no centro histórico, mas no meio de um parque enorme, beirando o rio Neman. E como estava nevando muito a paisagem em torno do hotel era encantadora. O restaurante é um dos melhores da região oferecendo pratos típicos da Bielorrússia além da gastronomia francesa e italiana.