Enseada de Kynance, o paraíso da Cornualha

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalVilarejo de St Ives
Vilarejo de St Ives

Um pedacinho da Inglaterra ainda desconhecido do turismo de massa, distante da vida frenética urbana. A região da Cornualha revela um mundo de tranquilidade cada vez mais raro na Terra da Rainha. Um mundo recheado pelo passado místico e tanta história do povo celta que dominou aquela terra. Na última semana fomos até lá curtir nossas tradicionais férias de verão com a família.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalDá até para se confundir com o mar do Caribe!
Dá até para se confundir com o mar do Caribe!

É bem lá na pontinha sudoeste da Inglaterra, onde a terra da Rainha termina, curvando-se para a imensidão do oceano Atlântico, que a Cornualha reina imponente como uma das regiões mais encantadoras do país. Recortada por centenas de quilômetros de litoral, a Cornualha (em inglês Cornwall) se destaca por suas paisagens deslumbrantes. Panoramas constrastantes emolduram com perfeição a natureza abundante, povoados esparsos e a vastidão do mar cristalino, como num quadro de cartão postal. Em cada canto da península vilarejos de pescador debruçados para o mar formam imagens que parecem ter saído de um conto de fadas.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalEnseada de Kynance
Enseada de Kynance
Foto: S S Beglin / arquivo pessoalPor onde se olha, paisagens de tirar de fôlego
Por onde se olha, paisagens de tirar de fôlego

A Cornualha preserva com maestria seu passado celta, com vários monumentos e cruzes reverenciando tribos, espalhadas por todo território. A região forma um dos condados da Inglaterra, mas os nativos não se igualam aos ingleses. Os habitantes da Cornualha têm muito orgulho da identidade córnica, com língua própria e representação simbólica com bandeira nas cores preto e branco sempre tremulando pelas cidadezinhas. Durante os meses de junho, julho e agosto a região atrai grande número de famílias veranistas. Nesta época se desenrola também extensa programação cultural destacando o folclore córnico, com muitos vilarejos decorados com figuras místicas e folclóricas. Praticamente todo sábado e domingo acontece algum tipo de evento cultural ou de música envolvendo a comunidade local.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalVilarejos históricos bem conservados
Vilarejos históricos bem conservados
Foto: S S Beglin / arquivo pessoalAdoro as casinhas coloridas de Fowey
Adoro as casinhas coloridas de Fowey

É no verão que o povo córnico sai às ruas em pequenos desfiles alegóricos, fantasiados e seguindo tradições de outros tempos, muitas que remontam à Idade Medieval. Para quem assiste de fora, algumas das celebrações parecem ridículas, como espancar bonecos gigantes. Muitas comemorações reverenciam justamente a mitologia córnica plena de mistério, bruxaria, gigantes amaldiçoados, fadas e demônios. Ao conversar com moradores locais tentamos desvendar o enigma de algumas tradições!

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalPrainha lotada na enseada de Kynance
Prainha lotada na enseada de Kynance
Foto: S S Beglin / arquivo pessoalLongas trilhas até chegar no mar
Longas trilhas até chegar no mar, e muitas vacas!

Eu amo esta região não somente pelas belíssimas praias, mas principalmente pelo incrível contraste entre a natureza viçosa, campos cheio de ovelhinhas pastando e penhascos despencando no oceano sem fim. Por onde se anda o panorama é de tirar o fôlego com vistas sedutoras de vilarejos e pequenas baías. A enseada de Kynance é um desses lugares de beleza estonteante. Localizada na ponta sudoeste da península de Lizard, Kynance se destaca pela água verde esmeralda e prainhas de areia branca.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalMar cristalino
Mar cristalino
Foto: S S Beglin / arquivo pessoalCervejinha local e esta paisagem maravilhosa... nossas férias na Cornualha!
Cervejinha local e esta paisagem maravilhosa… nossas férias na Cornualha!

As praias por aqui têm pouco a ver com a orla brasileira pois a costa córnica é toda recortada por falésias enquanto o acesso à maioria das praias se dá através de trilhas íngremes e escadarias. Em Kynance, o espetáculo inicia logo na chegada, depois de estacionar o carro, caminhamos à beira de falésias serpenteando a trilha no meio do campo. A vista do alto do penhasco é de arrancar suspiro com o mar refletindo a luz do sol e maciços rochosos contornando a enseada lá embaixo. A impressão é de estar tocando o além, tamanha beleza deste lugar.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalBar e restaurante da praia de Kynance está aberto durante o verão
Bar e restaurante da praia de Kynance está aberto durante o verão

A água cristalina rivaliza qualquer praia do Caribe, embora (é claro) seja gelada! O contraste de cores é quase indescritível. Para chegar até a prainha são centenas de metros descendo a trilha irregular (na volta, naturalmente, é cerro acima), mas a recompensa de contemplar a magnífica paisagem vale à pena todo fôlego. Os banhistas se espalham em cada cantinho de areia, além de usar barraquinhas e quebra-ventos nas áreas rochosas. Veranear na Cornualha está bem longe do conceito de férias nos trópicos, naquela orla marítima perfeita,cheia de resorts oferecendo conforto a todos. Na costa da península de Lizard as famílias carregam tudo nas costas, pois só tem praia enquanto a maré está baixa!

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalSó dá praia na maré baixa!
Só dá praia na maré baixa!

Assim o calendário diário da maré é um dos mais consultados no site da prefeitura regional pois os cantinhos de areia mais encantadores da região ficam cobertos pelas águas claras. Na enseada de Kynance durante os meses de verão a prainha conta com um pequeno restaurante, oferecendo cervejas locais, sanduiches e grande variedade de “pasty”, famoso pastelão da Cornualha com recheio apimentado.

A Cornualha é daqueles lugares para serem visitados com calma, sem atropelo, explorando caminhos sinusos e trilhas estreitas no alto das falésias contornando o oceano.Para conhecer a Cornualha é preciso voltar no tempo, caminhando devagarinho absorvendo a beleza selvagem de cada cantinho dessa região que influenciou tantos escritores e artistas, e cujos cenários são parte essencial de suas obras. Viajar pela Cornualha é justamente uma espécie de retomada das histórias que criaram impressões marcantes sobre a região. As paisagens descritas nas obras literárias continuam praticamente intactas, pouco mudou desde quando Arthur Conan Doyle (1859-1930), Agatha Christie (1890-1976), Daphne du Maurier (1907-89), Virginia Woolf (1882-1941), D.H. Lawrence (1885-1930), Marion Z. Bradley (1930-99), Rosamunde Pilcher (1924) e tantos outros escritores ambientaram suas histórias retratando a região.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalAlém do litoral, visitamos também alguns vilarejos
Além do litoral, visitamos também alguns vilarejos
Foto: S S Beglin / arquivo pessoalRetrato da família!
Retrato da família!

Para conhecer esta região plena de mistério e superstição basta apenas estar de bem com a vida, apreciando a simplicidade de cada momento, deixando-se embalar pelas águas transparentes num passeio de barquinho, descobrindo estórias e lendas em grutas milenares. Eu amo esta região por sua simplicidade. A Cornualha me completa. A Cornualha me dá paz espiritual. Continuo no próximo post.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalA Cornualha me completa!
A Cornualha me completa!
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