O sistema de educação no Reino Unido é sem dúvidas um dos melhores do mundo. O estudo é integral e totalmente gratuito nas escolas públicas. As crianças praticamente passam o dia todo na escola, das nove da manhã até as 15h30min, com direito (opcional) a café da manhã, almoço e em alguns estabelecimentos são oferecidas atividades extra curriculares depois do horário normal de aula. O sistema de ensino daqui, é bem diferente do brasileiro. A começar pelo ano letivo que inicia na primeira semana de setembro e termina em meados de julho. O calendário de férias escolares é praticamente incompreensível aos professores e alunos brasileiros! O ano é dividido em três trimestres (terms, em inglês) coincidindo com datas importantes, como Natal e Páscoa. A cada final de trimestre (end of term) as crianças têm férias de duas ou três semanas e no verão são pelo menos sete semanas! E se não bastasse tanta folga, no meio de cada trimestre (ou seja, a cada seis/sete semanas de aula) as escolas fecham para recesso de uma semana (half-term) e a criançada aproveita o tempo livre. Logo que meus filhos iniciaram na escola me questionava sobre a continuidade de aprendizado das crianças mas com o tempo fui me adaptando a este sistema. A verdade é que ao passarem o dia na escola intensifica a formação e conhecimento e assim as férias demasiadas compensam o trabalho árduo nos bancos escolares. Outro fator interessante é que aqui todo material didático, como livros, cadernos e apostilas é oferecido pelas instituições de ensino, sem custo algum aos pais. Enquanto no Brasil no início do ano letivo pais se deparam com a conta salgada da longa lista de material escolar por aqui os pais não têm este ônus e preocupação. Nas séries iniciais lápis, borracha, apontador, caneta e lápis de pintar são fornecidos pela escola e compartilhados entre os alunos da classe. Outra diferença entre as escolas brasileiras e da Inglaterra é a exigência do uso de uniforme completo (o que inclui sapato preto, camisa, gravata, calça social e paletó para os alunos acima de 11 anos na rede pública). Nas séries iniciais é permitido o uso de moleton com slogan da escola com calça social para os meninos e saia para as meninas no inverno e vestido listrado no verão.
O ensino é obrigatório a partir do dia 1º de setembro depois do quarto aniversário da criança até os 18. A grande maioria das crianças entre dois e quatro anos frequenta escolinhas parcialmente subsidiadas pelo governo. Com o aumento populacional, principalmente em Londres e sudeste da Inglaterra, as vagas para séries iniciais em escolas públicas estão cada vez mais concorridas. A matrícula varia segundo cada região e condado mas geralmente não é feita na escola mas juntamente à autoridade local e as vagas distribuídas de acordo com o endereço da família, proximidade da escola e preferência dos pais.
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Colégio interno
Uma característica peculiar do sistema daqui são os colégios internos (boarding school, em inglês), na rede particular, que recebem alunos a partir dos 11-13 anos continuando os estudos até os 18 anos em regime de internato. A qualidade de ensino, com classes pequenas ( máximo 16 alunos), juntamente com a variedade de esportes oferecida, é um dos fatores principais e que diferencia as instituições particulares das escolas do governo. Apenas uma minoria de alunos tem o privilégio de estudar na rede particular do Reino Unido (7% do total de alunos até 15 anos e 18% no ensino médio) enquanto que o restante dos estudantes frequenta escolas do governo ou estabelecimentos patrocinados por organizações não governamentais (academy) que também proporcionam boa educação.
O principal obstáculo para os alunos frequentarem escola particular é sem dúvidas financeiro já que este tipo de educação não custa barato. Mas não deixa de ser uma escolha dos pais. Muitos aqui na Inglaterra apontam os colégios internos como propagadores do elitismo tão presente na sociedade britânica. Na verdade, os internatos fazem parte integral do sistema de educação britânico com instituições históricas de enorme prestígio e reconhecidas globalmente. As escolas particulares (independent schools em inglês) estão associadas à cultura britânica e recebem alunos de todo mundo, muitos oriundos de famílias nobres da Europa e herdeiros da realeza. A educação nos internatos além de ser abrangente no campo acadêmico e esportivo, promove o desenvolvimento do aluno como um todo, exigindo maior responsabilidade dos estudantes. A maioria dos grandes líderes da história britânica frequentou colégio interno. Um dos mais famosos é o Eton, colégio para meninos de 13 a 18 anos. No próximo post vou contar um pouco mais sobre a história dos internatos britânicos e a experiência dos meus dois filhos mais velhos no colégio Stowe, aqui na Inglaterra.
