Esplendor barroco no Palácio de Jelgava

Lá na pontinha nordeste do mapa europeu encontra-se a região dos países bálticos formada por três repúblicas, Estônia, Letônia e Lituânia. São nações culturalmente similares, que foram influenciadas pela Ordem Teutônica na idade medieval, dominadas pelo Império Russo durante mais de um século e durante cinco décadas faziam parte da União Soviética. Em cada país banhado pelo mar Báltico encontramos um pouco do passado teutônico e russo que marca a região, retratando opressão cultural ao mesmo tempo que grandeza arquitetônica. Na Letônia, onde moramos atualmente, podemos rapidamente viajar no tempo ao caminhar pelo belíssimo centro histórico da capital Riga, recheado de palacetes charmosos e tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade. A Letônia é um país pequeno, com cerca de um milhão e novecentos habitantes. Em torno de 30% da população está concentrada na capital e assim as cidades no interior do país são lugares pequenos. A maioria das cidades se desenvolveu em torno de algum castelo medieval ou palácio histórico que antigamente pertencia às famílias poderosas da região.

Nesta semana retornamos a Jelgava, um desses lugares pequenos em extensão mas com passado riquíssimo. Com cerca de 56 mil habitantes, Jelgava é a quarta maior cidade da Letônia! E rica culturamente, inclusive com eventos internacionais como o festival de esculturas de gelo no inverno e de areia no verão. Fundada em 1265 pela Ordem da Livônia com o nome Mitau, Jelgava está situada na região fértil de Zemgale, à 45km sudoeste de Riga. Durante o século XVI Jelgava era o centro do Ducado da Curlândia com muitas mansões, palacetes e igrejas. Nesta época a beleza da cidade se comparava à de Riga.

Muitos corredores no maior palácio barroco dos países bálticos.

Em 1925 foi construída na cidade a primeira fábrica de açúcar da Letônia trazendo prosperidade ao munícipio. Tudo mudou, no entanto, em 1944, quando Jelgava foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e caiu no esquecimento. Nos anos seguintes, durante a União Soviética Jelgava se transformou numa cidade modelo do regime com dezenas de blocos residenciais que podem ser avistados ainda hoje e monumentos de concreto celebrando líderes do regime, destruídos desde a independência do país em 1991.

Entrelaçado pelos rios Driksa e Lielupe encontra-se o palácio de Jelgava, uma construção exuberante e cartão postal da cidade. Originalmente era um castelo de madeira construído pela Ordem da Livônia em 1265. Os séculos seguintes viram o castelo ser destruído e reconstruído até 1771 quando o atual estilo foi construído. Projetado pelo arquiteto da corte da Rússia Imperial, Bartolomeo Rastrelli, o palácio é considerado o maior palácio barroco da região do mar Báltico. No final do século XVIII, o ducado foi anexado pelo Império Russo e o palácio em Jelgava passou a pertencer aos czares russos.

Fugindo do terror durante a Revolução Francesa, o futuro Luís XVIII, recebeu refúgio no palácio de Jelgava onde montou sua corte em exílio. O palácio de Jelgava foi palco da união entre Maria Teresa, a única descendente sobrevivente de Luís XVI e da sua consorte, Maria Antonieta.

Com 669 quartos, 674 janelas, 615 portas e 25 chaminés, o palácio serviu como residência da nobreza da Curlândia. Hoje em dia o palácio é a sede da Universidade de Ciências e Tecnologia da Letônia, contando com cerca de 7 mil estudantes. O palácio abriga ainda um museu bem interessante sobre a história dos castelos de Jelgava e criptas dos duques da Curlândia.

Palácio é o cartão postal da cidade.

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