Aproveitando as férias escolares de Páscoa das crianças nesta semana, aqui estamos nós, de volta à Paris. De volta à capital que nos acolheu durante quase quatro anos entre 2005 e 2009. E nesta visita de uma semana estamos curtindo o início da primavera na capital francesa. Depois de tanto tempo sem sol, no inverno que se prolonga a cada ano, a chegada da primavera no continente europeu significa muito mais que uma simples mudança de estação. A primavera por aqui traz renovação inimaginável a quem está acostumado ao calor dos trópicos. Enquanto o inverno rigoroso deixa marcas tangíveis e impregnadas no nosso comportamento, a magia primaveril trata de ofuscá-las, salpicando o ar de fragâncias suaves.
A penumbra do inverno europeu se dissipa rapidamente nos dias mais longos de céu azul reluzente. Nos últimos dias o sol deu o ar da graça na capital francesa trazendo renovação. é como se uma agradável sensação de renascimento recuperasse o esplendor da vida. A estação das flores toca lá no fundo, na alma das pessoas transformando o horizonte em paisagem sublime, estampando alegria e irradiando vibrações positivas . E Paris, neste início de abril, se reveste de um colorido especial! Ainda que os termômetros não passem dos 15 graus a sensação é de calor pois a alma se preenche com o ressurgimento da natureza. é hora de renovar o guarda-roupa, de rever hábitos, de sorrir sentindo o ar fresco e perfumado tocando levemente na pele. A primavera anuncia a chegada de um novo ciclo de bons ares, criando um espetáculo de vitalidade de encher os olhos, até então dormentes, acostumados ao céu cinzento de inverno. Ela anuncia o despertar, um apelo a todos os sentidos. A floração colorida e contagiante devolve esplendor aos parques e jardins convidando a todos a caminhar, ou simplesmente se sentar em torno dos laguinhos e chafarizes nos jardins, bem à moda parisiense, para curtir e se entregar às maravilhas da nova estação!
Segurança reforçada na capital francesa
Viajar é um grande prazer para mim. Tenho verdadeira paixão pelo novo e desconhecido. No entanto adoro retornar a lugares que deixaram aquele gostinho de quero mais ou que marcaram, por uma ou outra razão, nossas vidas. E por isso, sempre que podemos viajamos para recordar e reviver momentos importante do passado. Nesta semana visitando o centro e arredores de Paris estamos de volta em busca da joie de vivre francesa.
Com o sol forte brilhando nos últimos dias passear pelas boulevards e jardins parisienses parece ser o programa preferido de todos. Para nós a sensação é de estar voltando para casa, embora nem tudo seja igual.
A cada esquina uma recordação: da padaria onde fazíamos fila à espera do baguete quentinho à feira repleta de flores, frutas verduras e muitos queijos frescos. Lembranças gostosas das longas caminhadas à beira do rio Sena, dos piqueniques no parque de Versalhes, das horas de diversão das crianças na pracinha verde dos jardins de Luxemburgo. Bom demais retornar e perceber que a majestia da cidade luz continua absoluta. No entanto, muita coisa mudou e encontramos na verdade uma nova face da capital francesa, diferente daquela com a qual convivemos diariamente durante quase quatro anos.
Paris com outra cara … mais inquieta e insegura …
Os monumentos e atrações turísticas continuam deslumbrantes em Paris mas ao entrar em museus, estações de metrô e lugares públicos percebe-se logo o clima pesado de uma população amedrontada. Por onde se anda a segurança é redobrada com muitos soldados armados patrulhando pelas ruas e até mesmo dentro dos trens. Pelas avenidas e grandes monumentos, como por exemplo a imponente torre Eifel, a presença de policiais é marcante. E para nós europeus acostumados a capitais seguras e praticamente isentas de violência, tal presença militar é inquietante ao mesmo tempo que reconfortante.
Em certas estações de metrô usuários são abordados para abrirem suas bolsas ou pacotes ao embarcar nos trens. No museu do Louvre algumas entradas laterais foram fechadas e ao ingressar pela porta principal visitantes são acolhidos por inúmeros guardas uniformizados que vistoriam pertences pessoais, antes mesmo de se passar pelo raio-x que dá acesso aos salões de exposição do museu. Esta é uma Paris ainda chocada pelos recentes ataques terroristas, e com uma cara e jeito que infelizmente não reconhecemos. Aliás, acho que nem mesmo os parisienses se reconhecem neste cenário de segurança máxima. Logo eles, os franceses – revolucionários – instigadores da Revolução Francesa entre 1789-1799, lutando intensamente sob o lema “igualdade, fraternidade e liberdade”. é claro que a vida continua, que as pessoas vivem a correria do dia-a-dia típica de qualquer metrópole, mas comparando com alguns anos atrás, para mim Paris perdeu um pouco de seu charme e essência irreverente.
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