Localizada às margens do rio Tâmisa, no leste da capital, a Torre de Londres é um retrato histórico da pujança do império britânico num conjunto arquitetônico magnífico de fortificações medievais. Um monumento que conta em detalhe a história turbulenta da Inglaterra. Há quase mil anos, em 1066 quando William, o Conquistador, invadiu a Inglaterra, foi construída a primeira fortificação, de madeira, e mais tarde reconstruída de pedra e denominada Torre Branca. Em 1097 a Torre Branca era a construção mais alta de Londres e continua muito bem preservada até hoje, no centro da fortaleza.
Ao longo dos séculos e a cada reinado, a construção foi sendo expandida com a edificação de várias torres entre sólidas muralhas separadas por um fosso profundo, formando assim a citadela mais antiga e indomável da Europa. Ela servia de refúgio aos reis e rainhas perseguidos por súditos rebeldes e imprevisíveis. A Torre de Londres era símbolo de poder absoluto e durante muito tempo foi residência oficial da monarquia britânica e palco de suntuosos banquetes. Dali partiam as pomposas carruagens de coroação. As paredes deste impecável monumento são impregnadas de história. História de destemor, de glória e opulência; história mórbida, de tortura, encarceramento e decapitações.
Durante séculos a Torre foi usada para encarcerar milhares de prisioneiros entre eles monarcas depostos, traidores da Corte, dissidentes e criminosos comuns; a maioria sob sentença de morte. Caminhando ao longo da muralha durante minha visita à Torre de Londres nesta semana senti na pele o mistério que contagia este lugar de arquitetura fascinante ainda que sombria. Visto do alto de uma das torres o conjunto arquitetônico parece um vilarejo, com as casinhas antigas que eram residência dos criados misturadas às fortificações. Ao entrar pelo portão principal a impressão é de estar voltando no tempo, pois as fortificações são muito preservadas e cada aposento e construção retratam um pedacinho da história da Inglaterra.
E com a ajuda do tour guiado de um dos guardas oficiais (Beefeater) durante duas horas viajei no tempo, imersa na lição de história, ao vivo e a cores. E eu não era a única! Nesta manhã de finalzinho de outono, a criançada também estava lá aprendendo ao vivo a história do país. Avistei diversos grupos de alunos do primeiro e segundo ano, peregrinando de torre em torre, com os olhinhos maravilhados, vendo ao vivo um pouco da história que haviam estudado nos bancos escolares algumas semanas antes..
Assim como eu, eles aprenderam que ao longo dos séculos a Torre teve muitas finalidades: até o início do século XIX abrigou a casa da moeda, um zoológico, um cartório de registros oficiais, um arsenal e quartel para as tropas. Hoje em dia a Torre Branca foi transformada em museu de armaria. Em alguns dos aposentos funcionários vestidos com trajes de época encenam fatos pitorescos, como no quarto do jovem príncipe Eduardo e próximo na linha do trono mas que misteriosamente desapareceu antes de ser coroado.
O destaque maior hoje em dia fica por conta do tesouro real exposto no museu onde se encontram as joias da coroa. Numa exposição muito bem montada usando tecnologia moderna para destacar o antigo vamos nos inserindo no mundo dos monarcas mais famosos do mundo. Encontram-se ali objetos de grande importância histórica, como a colher de ouro do século XII (usada para ungir o soberano com óleo sagrado), a prataria reluzente usada somente durante cerimônias de coroação, espadas, diamantes e toda simbologia que a monarquia britânica representa. Estão expostas as coroas de todos monarcas além do traje de coroação da atual rainha Elizabeth. Um sonho para os amantes da história inglesa, como eu! Infelizmente não é possível fazer fotos dentro do museu.
Corvos
Diz a lenda que a monarquia e a Torre seriam destruídas se os corvos ali existentes deixassem a fortaleza e assim desde o século XVII pelo menos seis corvos são mantidos dentro da citadela. Eles viraram atração da Torre de Londres, sendo muito bem protegidos e contam inclusive com uma equipe de guardas dedicada a cuidá-los. Eles têm uma das asas aparadas para evitar que voem para fora do território, mas de acordo com um dos mestres, os corvos são adestrados e nunca fogem do local. Todos os dias ao anoitecer um dos guardas chama os pássaros negros com um apito especial para comer e repousar em suas gaiolas. Hoje em dia são sete corvosque vivem em torno da Torre, cada um com nome próprio. A dieta dos corvos inclui 170g de carne crua por dia além de biscoitos para pássaros mergulhados em sangue.
COMO CHEGAR – metrô linha amarela (Circle Line) ou verde (District Line) estação Tower Hill
INGRESSO – Pode ser comprado online mas a diferença de preço é mínima. Entrada na hora pode ser adquirida nos quiosques fora da Torre. Ingresso inclui tour (a cada meia hora,em inglês, super recomendo!) e mapa. Preço – Adulto £25, crianças (5 a15 anos) £12, estudante e jovens acima de 16 anos £19,50. Aberto diariamente. Nesta època (Novembro-Março) aberto terça à sábado das 9h às 16h30min e domingo e segunda-feira das 10h às 16h30min. Durante a primavera e verão fica aberto até as 17h.
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