Britânicos às urnas!Depois de 43 anos fazendo parte da União Europeia (UE), hoje, quinta-feira 23 de junho, o Reino Unido decidirá em referendo se permance ou não no bloco europeu. Em 1957 seis países – Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Alemanha Ocidental – se juntaram para formar a então chamada Comunidade Econômica Europeia (CEE). Com o passar dos anos o grupo de países foi se alargando, e dos seis Estados membros iniciais passou aos atuais 28 países que integram a União Europeia. O ultimo país a aderir ao bloco foi a Croácia em 2013. Na fila de espera, ávidos pela entrada iminente, encontram-se alguns países dos balcãs, como Albania, Sérbia, Montenegro, Macedonia, Bósnia e até mesmo, Kosovo. E assim, de seis países integrantes meio século atrás, a UE futuramente formará um bloco de 34 Estados membros vivendo sob as mesmas leis e regulamentações, com direito a livre movimentação entre um país e outro, mas com economias locais marcadas por discrepâncias. Por exemplo, enquanto os trabalhadores na Alemanha se beneficiam de um salário mínimo de 1.473 euros (R$5.740) na Bulgária a realidade é bem diferente, com piso mínimo estipulado em 215 euros (R$838). A tentação aos trabalhadores de países menos desenvolvidos é óbvia! Nações europeias com economias fortes e grande oferta de empregos, como Alemanha e Reino Unido, se transformam em oportunidades de ouro a trabalhadores romenos, búlgaros, poloneses e tantos outros provenientes de países da União Europeia e que vêm em busca de uma vida melhor. E justamente o tema imigração é um dos mais debatidos na campanha do referendo aqui no Reino Unido, principalmente pelos líderes que buscam a saída da União Europeia (em inglês, Brexit). Cerca de três milhões de imigrantes europeus vivem no Reino Unido, equivalente a 5% da população do país, e com o número aumentando a cada ano, os britânicos estão sentindo as consequências negativas que tal número acarreta nos serviços de base, como saúde, educação e moradia.
Lideranças na campanha de permanência na União Europeia, por outro lado, apontam para uma possível catástrofe econômica no Reino Unido com a saída da UE. Dados econômicos demonstram uma possível desaceleração da economia queafetaria todas camadas da população,deixando marcas profundas na vida dos britânicosEconomistas do país prevêem um período de recesão econômica com a perda de acesso ao mercado comum europeu. Eles acreditam que a curto prazo os trabalhadores britânicos seriam penalizados, com custo de vida mais alto e salários mais baixos. A verdade é que nem políticos nem economistas decidirão o futuro do Reino Unido! O poder está nas mãos dos eleitores britânicos.
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O atual primeiro-ministro do partido conservador, David Cameron, liderou a campanha para a permanência na UE enquanto partidos da extrema direita e vários parlamentares do partido conservador estão à frente da campanha pela saída. Para aqueles que moram aqui na Inglaterra há mais tempo, como eu, este referendo parece totalmente fabricado. Pois na verdade não responde ao anseio da população. Ninguém foi às ruas protestar, demandando mudanças ou plebiscito. Existe sim um crescente descontentamento da população principalmente quanto à imigração europeia mas a nação, até alguns anos atrás, não contemplava a saída do bloco europeu. é verdade que os britânicos não têm afinidade com o sistema burocrático do resto do continente. O Reino Unido optou por não fazer parte da zona Euro e está fora da zona de vistos “Schengen” que automaticamente dá entrada aos cidadãos do resto do mundo aos países da União Europeia que assinaram o acordo de Schengen. Mas nem por isso o Reino Unido perde peso no contexto europeu. Sendo a segunda maior economia da UE o Reino Unido é um dos Estados membros mais importante do bloco. Então, por que votar pela saída ou permanência? Na minha opinião, a inclusão do referendo na campanha de reeleição do atual primeiro-ministro ano passado foi uma manobra política muito bem planejada pelo partido conservador que assim conseguiu contentar boa parte de sua própria bancada partidária que não simpatiza com a União Europeia ao mesmo tempo que abafou o crescimento acelerado de partidos nacionalistas, como UKip, e que se apresentam totalmente contra a permanência na UE. Em caso de vitória da campanha Brexitno referendo de hoje, cidadãos europeus perderiam o direito automático de emigrar para o Reino Unido.
E assim, o referendo de hoje se torna num momento histórico do país e de toda Europa. O resultado das urnas poderá mudar o percurso político e econômico do país. Hoje pela manhã eu fui na mesa eleitoral aqui perto onde moro e garanti meu voto. Vale lembrar que aqui o voto não é obrigatório, mas acredita-se que a grande maioria do eleitorado comparecerá hojeàs urnas. à propósito, dia de eleição aqui não é feriado e as urnas ficam abertas das 7 da manhã até as 10 horas da noite. Os eleitores podem também escolher votar pelo correio desde que previamente inscritos a este sistema. Minha vizinha,por exemplo, sabia que não estaria disponível para votar hoje e se inscreveu junto ao conselho eleitoral para votar pelo correio. Na semana passada ela já tinha enviado seu voto. Outro detalhe das eleições na terra da rainha, aqui não existem urnas eletrônicas.O resultado do referendo será anunciado amanhã. Esperar para ver!
