Londres é uma capital imponente e um dos centros artísticos mais importantes do mundo. A capital britânica abriga nada menos que 192 museus, onze destes considerados tesouros nacionais, como o famoso Museu Britânico. É impossível visitar um bairro londrino sem avistar uma galeria de arte ou algum museu. Tem museu para todos os gostos desde os tradicionais retratando a rica história do país até aqueles menores destacando objetos e temas curiosos, como o museu de leques, de máquinas de costuras ou o museu dos Correios britânico que inclui uma coleção incrível de selos, carrinhos de entrega e toda história das caixas postais vermelhas do Reino Unido. No último fim de semana visitamos um destes locais menos conhecidos da capital e fomos surpreendidos com o museu Leighton House, localizado no bairro Kensigton, bem próximo ao parque Holland. A fachada vitoriana passa desapercebida no meio dos palácios regencianos do bairro mas o interior é deslumbrante, provavelmente uma das residências mais interessantes de Londres e hoje em dia transformada em museu.
Esta residência histórica construída entre 1866 e 1895, pertencia ao famoso artista da época, Lord Frederic Leighton e dai o nome Leighton House (casa de Leighton). Além de residência, o local serviu também como estúdio de arte do pintor. Durante décadas Leighton criava suas obras de arte e construia um suntuoso palácio com decoração interior retratando suas viagens mundo afora, em busca de inspiração. Sua obsessão com a cultura árabe está retratada no salão árabe revestido por azulejos do norte da Africa, adornado por objetos orientais destacados por uma fonte natural e simplesmente deslumbrante. Por alguns segundos esquecemos que estamos em Londres.
Depois da morte do artista a residência foi transformada em museu, em 1929 entretanto a falta de manutenção provocou o fechamento do local mais tarde. Graças a um investimento de 8 milhões de libras, nos últimos anos o palácio vitoriano foi restaurado, retornando ao seu estado majestoso com decoração interior magnífica. E hoje em dia pode ser visitado novamente. O museu abriga uma coleção maravilhosa de pinturas, desenhos e esculturas vitorianas, incluindo 81 obras de Leighton e tantas outras de vários membros da Irmandade Pré-Rafaelita, como Burne-Jones, Millais, Stevens, Alma-Tadema e Cecil French Bequest. A visita inicia pelo belíssimo hall de entrada com assoalho de ladrillhos e vista para a escadaria decorada e que leva para o andar superior. Do outro lado contemplamos o recinto mais incrível da residência – o salão árabe. Decorado com uma cúpula dourada, mosaicos, janelas de treliça de madeira e paredes revestidas por azulejos orientais cobertos por citações árabes, o salão surpreende a todos visitantes pela riqueza de detalhes e acabamento sublime. Aqui somos presenteados com um conjunto inteiro de móveis sob medida, feitos à mão por artistas sírios baseados em Amã, Jordânia.
Os recintos no andar superior são decorados em estilo de época, com paredes coloridas, mobília antiga, tapeçaria vistosa e muitas obras de arte espalhadas em cada canto da casa. Pouco antes de sua morte Leighton criou o Silk Room (sala da seda) com as paredes forradas de seda verde, a fim de expor sua coleção particular de obras de arte. A sala principal da casa no primeiro andar e com vista para o jardim da residência, era o estúdio do artista. Muitos artistas e personagens ilustres da era vitoriana passaram por esta sala, incluindo a própria rainha Victoria, que visitou Leighton em 1859. Mais adiante encontra-se o único quarto da residência, ocupado por Leighton pois morava sozinho e nunca se casou. Nossa visita maravilhosa terminou com um chazinho bem inglês e fatia de bolo Victoria na cafeteria do museu, com vista para o jardim.