Levitando na sauna russa

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalDecoração rústica cria um ambiente aconchegante
Decoração rústica cria um ambiente aconchegante

Uma brasileira imersa na cultura russa. Aqui estou eu novamente pronta para levitar! Sim, agora eu já conheço os efeitos da sauna russa mas a empolgação para voltar a experimentar esta sensação única é tão intensa quanto antes! No inverno passado experimentei pela primeira vez a sauna russa e simplesmente amei. Pois depois de ter lido e tanto ouvido falar da tal bania (sauna russa), resolvi embarcar na aventura para descobrir e sentir na própria pele a tradição siberiana! E fiquei tão surpreendida que voltei na última sexta-feira. Voltei e novamente com a ajuda e conhecimento imprescindível da minha amiga da gema, Marina Klimkovich, a quem sou muito grata. Vou tentar descrever aqui a minha experiência. A bania é uma tradição milenar e que envolve uma série de rituais que vão desde a sauna a vapor com chicoteadas no corpo com ramos de carvalho e bétula, massagem corporal, imersão do corpo fervendo em água gelada até a exfoliação da pele e relaxamento. As salas de banho são de madeira e o calor emanado através de fornos de pedras, que vão sendo constantemente molhadas a fim de aumentar a temperatura da sauna e controlar a umidade. Fazer sauna, em especial nos meses de inverno ( que por aqui perdura por mais de meio ano!) é um dos costumes mais antigos da Rússia, com tratamentos revigorantes e de certa forma intrigantes para estrangeiros e turistas.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalRamos de bétula são usados para açoitar a pele
Ramos de bétula são usados para açoitar a pele

Marcamos horário no mesmo complexo de sauna que já tínhamos visitado da outra vez o Expedition-rest, sauna e restaurante, localizado a alguns quilômetros fora do centro de Minsk, escondido no meio de uma floresta boreal de coníferas e pinheiros. Quando chegamos às cinco da tarde já era noite mas a paisagem das árvores cobertas de neve brilhava parecendo ter saído de um conto de fadas. Ali estávamos nós duas em meio a esta floresta encantada e lagos congelados, iluminados apenas pela luz resplendente da lua cheia e do céu estrelado. Ao entrar a simpática recepcionista nos acampanhou até o andar da bania siberiana. Tínhamos reservado um pacote exclusivo e completo com três horas e meia de bania. Os ambientes apresentam decoração rústica, móveis feitos de troncos de árvores, peles de animais adornando as paredes e maços de ervas medicinais secas pendurados no teto, uma espécie de réplica das pequenas casas de madeira na taiga siberiana. Os rituais seguem tradições milenares e com o auxílio dos simpáticos jovens, Alexander e Igor,responsáveis pelos tratamentos na sauna, iniciamos a primeira sessão sob temperatura de 80o C.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalSucos e chá entre uma sessão e outra
Sucos e chá entre uma sessão e outra

Deitada numa bancada forrada com galhos de coníferas siberianas e com a cabeça coberta pelos mesmos ramos imersos em água mineral gelada, o contraste de temperatura entre a cabeça e o corpo cria uma sensação de levitação, principalmente com a umidade e com os jovens chicoteando os ramos nas minhas pernas e costas. Por alguns minutos a impressão é de estar transcendendo para um outro mundo, respirando o ar fresco dos pinheiros, enquanto o resto do corpo parece levitar, escapando para o além. Uma sensação única. Surreal. Com a pele ainda em plena ebulição entro em uma piscina de água mineral com gás e novamente a sensação é extraordinária, como se a pele estivesse se renovando e o corpo borbulhando. Na sequência, em outra sala, deitada numa mesa forrada de maços de bétula, Alexander e Igor jogam água gelada em todo meu corpo e em seguida água quente. Um contraste arrepiante.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalHora da massagem com Alexander (Sasha)
Hora da massagem com Alexander (Sasha)

O relaxamento continua com os jovens massageando suavemente minha cabeça, ombros e braços enquanto o corpo permanece submerso na água quente. Assim termina a primeira etapa da bania com repouso de 10 minutos em outro ambiente, com uma cama coberta de ervas medicinais e com direito a chás e sucos de frutas silvestres típicos da Bielorrússia. O ritual seguinte foi de volta à sauna, com temperatura ainda mais alta e com os jovens açoitando minha pele com vigor. A sensação de estar levitando era ainda mais intensa com o calor acelerado. O contraste quente e frio foi repetido e na sequência uma massagem e exfoliação do corpo feita com café, mel e sal antes de voltar novamente ao ambiente quente e úmido da sauna.

O último ritual foi a limpeza, a purificação do corpo com um banho perfumado de espuma e massagem com esponjas naturais. A experiência vivida durante a sauna russa foi novamente divina. Uma experiência sensorial indescritível, repleta de contrastes: letargia-revigoramento; quente-frio; força-suavidade; tensão-relaxamento. Foram três horas e meia de pura energia.

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalEu e minha amiga Marina, no descanso!
Eu e minha amiga Marina, no descanso!

Com o corpo e a mente bem relaxados depois da sauna aproveitamos para conhecer o restaurante siberiano que faz parte do complexo. No cardápio constavam alguns pratos típicos com carne de rena mas nenhuma de nós se apeteceu e ficamos na ovelha mesmo. E no final para fechar a noite à moda russa experimentamos duas doses de vodca aromatizada!

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalCom os simpáticos jovens Igor e Alexander
Com os simpáticos jovens Igor e Alexander

Foto: S S Beglin / arquivo pessoalIgor fazendo pose!!!
Igor fazendo pose!!!

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