Mansão está localizada em Greenwich
Mansão está localizada em Greenwich

A capital britânica é um daqueles destinos marcantes que invariavelmente nos faz querer voltar tantas vezes quanto for possível a fim de explorar cada pedacinho de história escondida pelos seus charmosos parques e bairros. E ao retornar, a cidade é implacável em nos acolher de braços abertos, sempre com alguma atração inédita a ser descoberta.

Londres é majestosa ao mesmo tempo que intrigante. Londres é recheada de contrastes, da arquitetura moderna de arranha- céus envidraçados aos palácios e castelos medievais; dos bairros boêmios e alternativos de Camdem Town e Brick Lane aos elegantes distritos de Mayfair e Kensington. Tradições culturais entrelaçam séculos enquanto a metrópole não para de evoluir. Eu vejo Londres como a capital do mundo e acho que não sou a única! Ao considerar minhas mudanças, morando em diferentes países desde que deixei Venâncio Aires, a Inglaterra continua sendo – para mim- o melhor lugar para viver!

Aqueles que me acompanham há mais tempo aqui na coluna já conhecem meu fascínio pela história da Inglaterra e da Europa em geral. Nesta semana, de volta à terra da Rainha, fui em busca de oxigênio para continuar acesa minha paixão pelos palácios da coroa britânica ao visitar a Mansão da Rainha no distrito de Greenwich, sudoeste londrino.

Transporte fluvial para chegar até o palácio

Projetada pelo arquiteto Inigo Jones, no início do século XVII, a mansão é um marco na história da arquitetura britânica sendo a primeira obra em estilo clássico paladiano do país e cuja façada inspirou dezenas de construções regenciais como a capela da mansão de Somerset e o Palácio de Banqueting no distrito de Whitehall.

A construção da Mansão da Rainha iniciou em 1616, sendo concebida como um presente para Anne da Dinamarca, esposa do rei James. O rei teria atirado acidentalmente em um dos cães de sua esposa, enquanto eles caçavam em 1614. A majestosa mansão em Greenwich, com vista para o rio Tâmisa, foi um pedido de desculpas do rei! Anne, no entanto, nunca chegou a morar na residência pois faleceu antes do término da construção em 1635. Subsequentemente a mansão foi herdada pela esposa do Rei Charles I, Henrietta Maria e se transformou em palco de muitas recepções e encontros entre as famílias reais da Europa.

Situada no meio do verde de Greenwich, um dos parques mais antigos de Londres, a Mansão da Rainha hoje em dia é muito bem conservada mantendo os traços arquitetônicos
originais. O interior do casarão abriga uma vasta coleção de obras de arte e quadros históricos de artistas renomados, Transporte fluvial para chegar até o palácio entre eles a famosa batalha de Trafalgar de J.M.W. Turner, bem como as obras de Hogarth, Gainsborough, Lowry.

O saguão de entrada é impressionante. Marca registrada do arquiteto Jones, o gigantesco hall foi projetado como um cubo geométrico com piso de mármore branco e preto formando tabuleiros e mandalas. O interior do palácio é pontilhado pelos símbolos da arquitetura renascentistas mesclando harmonia e simetria. Percorremos vários cômodos do palácio que antigamente serviam a realeza e atualmente foram transformados em pequenas galerias. Uma das maiores atrações da mansão é a escadaria de tulipas, a primeira na Grã-Bretanha construída em espiral e sem suporte.

Saguão de entrada

Para chegar até a Mansão da Rainha pode-se usar metrô e ônibus ou então pelo rio Tâmisa. Eu resolvi justamente me deslocar usando o transporte público fluvial de Londres. São linhas de catamarã que percorrem o rio Tâmisa desde Westminster até o parque de Greenwich. Com 340 km de extensão o Tâmisa é o principal rio da Inglaterra desde a época dos romanos antigos e durante séculos foi a principal rota de comércio da região. Se antigamente o rio Tâmisa era poluído e usado como esgoto a céu aberto, hoje em dia as águas de correnteza forte abrigam muitos peixes graças ao sistema de tratamento cloacal implantado pelos engenheiros da era vitoriana em meados de 1800.

Entre uma parada e outra o transporte de barco se transforma num passeio inusitado contemplando os ícones londrinos por outro ângulo. Depois da visita ao palácio continuamos uma longa caminhada pelo parque, cerro acima até chegar no meridiano de Greenwich que corta o globo terrestre de norte a sul e divide o planeta em dois hemisférios: ocidental e oriental.

Escadaria de tulipas é uma das
atrações
Cômodos foram transformados em galerias
Vista do alto do parque
Fachada frontal da Mansão da Rainha
Construção remonta ao século XVII