Jardins ingleses: Beleza sem pretensão!
De volta à terra da Rainha Elizabeth por algumas semanas cá estou, imersa no esplendor deste recanto inglês. Mesmo se a primavera já tenha passado por aqui, o colorido das flores continua iluminando parques, mansões e castelos. Nosso passeio do último fim de semana nos levou à singeleza e despretensão de um dos mais belos jardins do condado de Buckinghamshire, no parque de Ascott House, noroeste de Londres. Ao visitar a mansão de Ascott voltamos ao século XVII quando a construção era nada mais que uma propriedade rural durante o reinado de James I. No final dos anos 1800 a casa foi arrematada pelos Rothschild, renomada família britânica de banqueiros , e transformada em mansão rural, praticamente triplicando seu tamanho original e mantendo as características arquitetônicas da Dinastia de Tudor .
Localizada no meio de um parque gigantesco de matas nativas e jardins encantadores, esta relíquia tudoriana abriga uma coleção de arte fantástica com obras de grandes nomes da pintura como Thomas Gainsborough, George Romney, Aelbert Cuyp e Adriaen van Ostade. O interior é sofisticado, com decoração pesada em alguns salões porém longe da opulência de outras mansões aristocráticas. A mobília requintada e tipicamente inglesa é adornada por espelhos dourados, papel de parede sombrios contrastados por tapetes persas coloridos e cortinas estampadas. A exemplo de outros palácios rurais, a mansão de Ascott era usada como retiro de campo e local para comemorações durante a temporada de caça. Herdeiros da família Rothschild continuam a usufruir da mansão até hoje embora a propriedade receba incentivos da National Trust, instituição não governamental que mantém o patrimônio histórico do país.E assim durante o verão a mansão abre suas portas ao público.
O que mais impressiona nesta casa de campo da aristocracia inglesa são os jardins que praticamente formam um envelope em torno da mansão. Eu adoro a simplicidade paisagística deste jardim repleto de linhas graciosas e coloridas despontando na imensão dos gramados aparados milimetricamente. Na verdade são três ou quatro jardins separados por caminhos sinuosos e cercas de ciprestes. Ao caminhar neste emaranhado de pérolas perfumadas, a sensação é de estar vivendo um sonho, embalada pelas formas suaves das bordas e brilho de cada pétala.
Saboreando um bom chimarrão acompanhada da minha família, neste sábado iluminado, vou absorvendo a beleza despretensiosa em torno da mansão, guiada apenas pela profusão de fragrâncias e cores. Entre um jardim e outro chafarizes e estátuas vão acrescentando charme aos maciços floridos. Morando aqui do outro lado do oceano há mais de duas décadas, eu sei que sou suspeita para falar, mas acredito que os jardins ingleses são os mais lindose maravilhosos do mundo!
Eles são perfeitos pois aproximam a imperfeição natural de terrenos acidentados à grandiosidade de renques de pétalas mimosas. Os jardins ingleses incorporam exuberância sem ostentar, seja nos canteiros floridos ou elementos ruprestes. Eles traduzem tranquilidade e homogeneidade, enaltecendo a beleza natural da paisagem. E que paisagem!
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