Neve, muita neve!
De volta à Minsk nesta semana, a paisagem invernal na capital bielorrussa não poderia ser mais típica: tudo branquinho, coberto de neve. Nos últimos dias a temperatura não tem baixado muito, oscilando entre 1oC e -4oC, favorecendo assim a precipitação dos flocos gelados. Tem nevado constantemente, à vezes intensa outras, nem tanto apenas pincelando de leve uma camada fina no horizonte. E claro, sob os olhos de uma brasileira a paisagem é simplesmente encantadora. Assim que a neve começa a cair ela vai encombrindo imperfeições pelo caminho. Parques e arbustos vão desaparecendo dando lugar a um manto uniforme, monocromo e resplandecente.
Os flocos de neve vão dançando, intrépidos, saltitando no ar fresco, embalados pelo vento gelado como num espetáculo supremo reverenciando a imensidão celestial. E quando o sol desponta no horizonte reluzindo em cada partícula cintilante debruçada neste tapete ofuscante, a alma se cristaliza, transpirando serenidade. Magia pura, que deixa o coração pulsante. Não importa quantas vezes já vivenciei a neve. A sensação é sempre única, quase palpável embora indescritível.
Imediatamente a lembrança daquela primeira experiência, há vinte anos no norte da Itália, povoa meus pensamentos como se fosse hoje e lá estou eu novamente, intempestiva e afoita, pulando e me jogando na neve fofa. Delícia! Inverno com neve é diferente. Inverno com neve é mágico e toca lá no fundo da alma fazendo renascer aquela criança que todos carregamos dentro de nós mas nem sempre temos a chance de revelar.
Escrevo esta coluna deslumbrada nesta tarde de inverno russo, contemplando pela janela o magnífico tapete branco que se forma lá fora. Daqui a pouco volto lá para rabiscar no gelo… para brincar, assistindo bem de perto às borboletas de inverno orquestrando este espetáculo silencioso… e formidável!
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