“Quando um homem está cansado de Londres,ele está cansado da vida,porque há em Londrestudo que a vida pode proporcionar”
(Samuel Johnson, 1709-1784)
A citação do ilustre escritor, poeta e lexicógrafo inglês que passou boa parte de sua vida em Londres, remonta ao século XVIII mas continua tão atual e verdadeira como nos anos 1700. A capital britânicaé majestosa, sempre de braços abertos acolhendo a todos que se dispõem a desvendá-la. Londres agrega raças, credos e culturas de cada canto do mundo. Além do inglês, mais de 300 línguas são faladas entre a população londrina! Paradoxalmente esta pluridade cultural acrescenta charme e individualidade pelos bairros da cidade de quase nove milhões de habitantes.
E assim, andando pelas ruas londrinas pode-se viver e sentir um pedacinho do planeto! Pode-se degustar pratos típicos de todo mundo, seja num dos restaurantes chiques de Mayfair ou nas barraquinhas de comida de rua de Brick Lane. Pode-se participar dos mais variados festivais de música e folclore, celebrando eventos culturais de outros continentes. Por exemplo durante o período que antecede a virada de ano chinês, a capital se veste de vermelho com extensa PROGRAMAÇÃO cultural destacando a tradição asiática. O mesmo destaque é dado a festividades de outros povos, como o carnaval de Notting Hill que acontece no final de agosto em homenagem aos imigrantes da ilhas caribenhas. Festivais religiosos , como Diwali, festa religiosa hindu, transformam bairros londrinos.
Em todas minhas andanças mundo afora, Londres continua sendo a melhor capital da Europa. Aliás, arrisco em dizer que a cidade, batizada pelos romanos de Londinium há dois mil anos atrás, é o melhor lugar do mundo para se viver e conhecer. Logo na primeira visita, na década de 90, Londres superou todas minhas expectativas de estudante que mal falava inglês. O estereotipo aprendido nos livros de romances e seriados de televisão sobre os ingleses reservados, céu cinzento e chuvisqueiro constante não condizia com a paisagem deslumbrante que encontrei pelos parques londrinos . Durante aquele primeiro verão em solo europeu em meados de julho , fiquei maravilhada pela metrópole. Foi sim, amor à primeira vista! E com o passar dos anos, minha paixão foi aumentando. Em qualquer dia ou mês do ano Londres é fascinante, reconhecendo as diferenças, respeitando a individualidade e sempre exibindo o novo e o velho com grande maestria. O charme clássico de Londres é imbatível mas nem por isso a cidade deixa de evoluir.
No sistema de metrô mais antigo do mundo, trens modernos e eficientes carregam cerca de três milhões de pessoas diariamente percorrendo um emaranhado de trilhos e túneis que recortam o subsolo da cidade. A capital britânica pode não ser eterna como Roma, ou romântica como Paris, mas Londres esbanja tradição e maturidade. Londres é acolhedora e tolerante, permitindo o autoconhecimento daqueles que a visitam.Ao caminhar por Londres (os melhores roteiros são sempre à pé, na minha opinião!) é impossível não render-se à atmosfera vaporosa da metrópole. A sensação é de leveza, naturalmente a alma vai se despindo das preocupações para receber as boas vibrações que só esta capital consegue me repassar. O coração fica pulsante, eufórico, jorrando felicidade e estampando no rosto um sorriso permanente.
Não importa quantas vezes já passei pela mesma rua de Londres, a sensação é sempre de júbilo. A cada esquina um novo detalhe, uma nova atração, seja ela histórica ou contemporânea. Londres possui a maior concentração de museus do mundo (muitos com entrada gratuita) e uma das capitais europeias com maior número de parques e áreas verdes. Para absorver a energia contagiante de Londres e desvendar seus segredos é preciso caminhar, descobrindo a diversidade cultural e arquitetônica de cada bairro, de cada ruela escondida entre os casarios antigos, monumentos e construções envidraçadas.
é preciso passear sem pressa à beira do rio Tâmisa apreciando a renovação arquitetônica do antigo cais até atravessar a famosa ponte móvel Tower Bridge. Ou percorrer o canal de Regent, absorvendo a tranquilidade do verde, sob o embalo dos barquinhos estreitos entre a Pequena Veneza e Camden Town. Para viver o clima londrino é também necessário sentar, observar e escutar. Repousar num dos tantos banquinhos espalhados pelas praças e parques para simplesmente sintonizar a mente com o canto descontraído dos passarinhos, ou observar a agilidade dos esquilos escondendo nozes no parque St James, enquanto o resto da capital borbulha como um caldeirão em ebulição.
Sentar numa das centenas de galerias de arte e deixar-se levar pelo mundo artístico e conceitual. Degustar um café ou chazinho inglês a 155m de altura, no Sky Gardens curtindo a magnífica vista da capital. Ou experimentando uma cervejinha artesanal num dos tantos pubs londrinos, observando com desapego o movimento frenético lá fora, do povo indo e vindo, dos ônibus vermelhos competindo cada metro de rua com os taxis pretos. Londres tem atrações para tudo e todos! Eu adoro curtir esta atmosfera efervescente e mutante da capital britânica.
Eu adoro me perder pelas ruas londrinas, descobrindo praças ajardinadas e elegantes, sendo surpreendida ao longo do caminho por guetos e passagens secretas entre um pátio e outro, escondendo portas coloridas e janelas enfeitadas. Entre belas residências, pequenas galerias ou lojinhas de antiquariado a magnífica arquitetura da capital britânica esparrama charme e classe nos bairros mais antigos. Londres é pura inspiração, um poço de riqueza cultural sempre em evolução, tão bem representada em suas regiões distintas e que desde aquela primeira visita, há duas décadas, conquistou meu coração!
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